Ciência e Tecnologia

Pesquisadores explicam raro caso de canibalismo entre mãe e bebê macaco

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Em uma pesquisa recente do periódico Primates em 27 de junho, pesquisadores relataram um caso raro de canibalismo entre macacos, envolvendo uma mãe e seu filhote. O incidente ocorreu no zoológico Dvůr Králové, na República Tcheca.

A fêmea pertencente à espécie Mandrillus leucophaeus, chamada Kumasi, deu à luz o filhote em agosto de 2020.

O bebê aparentava estar saudável, mas infelizmente faleceu oito dias depois, por uma causa desconhecida.

A mãe carregou o corpo do filhote por quase dois dias e não permitiu que os tratadores o retirassem. Kumasi continuamente colocava seu rosto na frente dos olhos do filhote falecido, como se estivesse tentando atrair sua atenção.

Segundo Elisabetta Palagi, coautora do estudo e bióloga de primatas da Universidade de Pisa, na Itália, macacos e primatas frequentemente examinam o rosto de seus filhotes mortos dessa maneira, possivelmente para detectar movimentos oculares.

Ela explica ao site Live Science que as mães entendem quando algo está errado se não recebem respostas dos filhos.

Com o passar do tempo, Kumasi ficou agitada e começou a arrastar e jogar o cadáver pelo recinto do zoológico.

O que poderia ter sido inicialmente um comportamento relacionado ao luto, acabou se transformando em um ato cruel do ponto de vista humano. Ela começou a se alimentar do seu próprio filhote falecido.

O que explicaria o canibalismo entre macacos?

Via Globo

A mãe havia consumido a maior parte dos restos mortais antes que os funcionários do zoológico retirassem o que restava.

Os analistas pensaram que ela não tinha realmente certeza ou vontade de aceitar a morte do filho.

No entanto, do ponto de vista da evolução, esse ato pode ter outra explicação. Elisabetta Palagi, especialista e coautora do estudo, considera uma hipótese de reposição de energia.

Considerando o enorme investimento de energia reprodutiva das mães primatas, o canibalismo entre macacos pode ser visto como um traço evolutivo adaptativo que ajuda a mãe a recuperar energia após a gestação. Isso aumentaria as suas chances de ter uma reprodução futura de sucesso.

Nenhum outro macaco comeu o filhote morto. Os outros membros do grupo apenas se aproximavam e inspecionavam o corpo sem vida.

A especialista argumenta que o fato de a mãe não ter compartilhado a carcaça com os outros membros do grupo apoia a hipótese do benefício nutricional do canibalismo.

Outro fator que pode ter contribuído foi a pouca idade do filhote. Palagi afirma que bebês jovens geram menos laços maternais, de modo que o apego evita o canibalismo entre macacos, especialmente com o filhote morto.

Embora não haja informações sobre a frequência desse comportamento documentada, Palagi afirma que o canibalismo em filhotes é “muito raro”.

Ela menciona que na literatura científica podem ser encontrados apenas relatos anedóticos e que o incidente recente de canibalismo infantil se destaca como um dos casos mais bem estudados até o momento.

Outros casos

Via ZAP

Agora, estudiosos ficarão atentos a outras manifestações parecidas no mundo primata, especialmente considerando essa espécie em específico.

No entanto, a mãe-macaco não deu indícios de que fará esse tipo de coisa no futuro, mas cuidadores acompanham sua jornada pós-parto com os demais filhotes.

Outros animais no mesmo recinto permaneceram tranquilos, e não existiu nenhum desequilíbrio na convivência. Além disso, Kumasi não passou mal nem teve problemas de saúde com o ato.

Esse comportamento abre novas portas de estudos sobre o comportamento primata, para entender mais sobre seus hábitos e instintos.

 

Fonte: Revista Galileu

Imagens: Globo, ZAP

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