Natureza

Pítons híbridas estão surgindo no Everglades, na Flórida

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A região sul da Flórida está lidando com um problema sério relacionado às pítons híbridas que estão simplesmente invadindo a região.

Agora, estudos revelaram que muitas dessas serpentes gigantes são, na verdade, o resultado do cruzamento entre duas espécies distintas: a píton birmanesa (Python bivittatus) e a píton indiana (Python molurus).

Esse processo de cruzamento está representando uma ameaça considerável à vida selvagem local.

Isso porque as cobras híbridas demonstram uma adaptação mais eficaz ao ambiente em comparação com suas espécies progenitoras.

Ou seja, isso torna o cenário ideal para uma reprodução em massa, com código genético combinado e ainda mais difícil de prever. Os hábitos dessas pítons híbridas pode causar um grave desequilíbrio florestal.

Via Só Científica

Novo lar

Apesar de seus nomes sugerirem uma origem nas florestas tropicais asiáticas, as pítons birmanesas e indianas encontraram um novo lar nos pântanos da Flórida.

Acredita-se que essas espécies entraram em cena na década de 1970, provavelmente através do comércio de animais de estimação exóticos.

Após a destruição de uma instalação de criação de serpentes pelo furacão Andrew em 1992, um número desconhecido de pítons entrou na natureza local, impulsionando significativamente sua população.

Posteriormente, essa espécie se adaptou com velocidade ao ambiente pantanoso, estabelecendo uma população reprodutiva.

Além disso, com seu tamanho avantajado, apetite voraz e habilidades predatórias, essas serpentes começaram a superar as espécies nativas.

A propensão a superar os predadores naturais e a habilidade de se adaptar com facilidade aumentou esse cenário preocupante.

Dessa forma, a explosão populacional de pítons ao longo das últimas décadas aumentou. Consequentemente, resultou em uma redução drástica das populações de pequenos mamíferos.

Por exemplo, espécies como coelhos e raposas quase desapareceram dos Everglades.

Enquanto isso, em 2012, um estudo revelou quedas expressivas nas populações de guaxinins (99,3%), gambás (98,9%) e linces (87,5%) nos Everglades desde 1997.

Esses números mostraram, há mais de uma década, o impacto que a espécie de cobras apresentava no cenário, mas isso apenas iria piorar com as pítons híbridas.

Descoberta das pítons híbridas

Foi em 2018 que os pesquisadores do Serviço Geológico dos EUA conduziram uma análise genética de aproximadamente 400 pítons birmanesas no sul da Flórida.

Assim, descobriram que pelo menos 13 dessas serpentes eram resultado de hibridização entre pítons birmanesas e indianas.

Margaret Hunter, geneticista pesquisadora do USGS e principal autora do estudo, afirmou em um comunicado: “As cobras do sul da Flórida são fisicamente identificáveis como pítons birmanesas, mas, geneticamente, parece haver uma história diferente e mais complicada”.

Embora a hibridização geralmente coloque a prole em desvantagem devido a possíveis problemas de fertilidade ou desafios ambientais, em alguns casos, pode resultar em “vigor híbrido”.

Hunter explicou que esse cruzamento pode transmitir as melhores características de duas espécies para os descendentes, potencialmente melhorando a capacidade de adaptação a estressores e mudanças ambientais.

Em uma população invasora como a das pítons birmanesas no sul da Flórida, isso poderia resultar em uma distribuição mais ampla ou mais rápida.

Ou seja, em vez do código se alterar de maneira a equilibrar o animal, e até mesmo seguir o curso natural de piora nas habilidades, ele uniu os pontos mais vantajosos de ambas as espécies. Dessa forma, as pítons híbridas se tornaram ainda mais resistentes.

Luta para retomar o controle

Via Só Científica

A luta contra as pítons híbridas que invadem o cenário é constante, mas se mostra menos efetivo do que imaginava-se.

A dificuldade no controle se justifica, principalmente, na eficácia de sua camuflagem e no comportamento discreto que apresentam.

Dessa forma, além dos predadores não conseguirem identificá-las com facilidade, os caçadores também falham na interferência humana para controlar o ambiente.

Por outro lado, graças aos avanços na amostragem genética, os cientistas estão adquirindo uma compreensão mais aprofundada da capacidade de adaptação desses predadores invasivos.

Desse modo, acredita-se que terá uma facilidade maior nos próximos meses para controlar as pítons híbridas invasoras.

Kristen Hart, ecologista pesquisadora do USGS e coautora do estudo, explica que a habilidade humana de detectar pítons birmanesas nos Everglades tem sido limitada, especialmente pelos elementos mencionados no comportamento natural.

Contudo, as informações recentes provenientes deste estudo inovador serão fundamentais para que os cientistas e os gestores de vida selvagem compreendam melhor a habilidade desses predadores invasivos.

Sabendo como eles se ajustam a novos ambientes, será mais simples encontrar estratégias efetivas para acabar com esse descontrole reprodutivo na Flórida.

 

Fonte: Só Científica

Imagens: Só Científica, Só Científica

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