A palavra ‘suicídio’ vem do latim – “sui”: si mesmo, e “caederes”: ação de matar – e é alternativa mais extrema e trágica que uma pessoa pode achar para seus problemas, quando a mesma chega ao ponto de se ver tão desesperançada que acaba tirando a própria vida. No Brasil existem até centros de apoio a pessoas deprimidas, que visam evitar o pior e valorizar a vida.
E o pior, é que lugar nenhum país está imune a essa tragédia. Até países considerados desenvolvidos e felizes enfrentam esse problema, inclusive alguns tem uma taxa de suicídio simplesmente chocante por se tratar de um país de primeiro mundo, e o Japão é um deles.
No Japão, só no ano de 2014, mais de 25 mil pessoas cometeram suicídio. Isso dá uma média de 70 por dia e a maioria delas, homens. O índice japonês de 18,5 suicídios para cada 100 mil habitantes é, por exemplo, três vezes o registrado no Reino Unido (6,2) e 50% acima da taxa dos Estados Unidos (12,1), da Áustria (11,5) e da França (12,3).
O povo japonês é conhecido no mundo por ser um povo resistente, inteligente, saudável, e que enfrenta sem balbuciar as catástrofes que os acometem, como as causadas pela natureza. Então, por que acontecem tantos suicídios no Japão? Qual o motivo da depressão de tantos e tantos cidadãos japoneses que acabam com a própria vida? Bem, a chave disso é, nem mais nem menos, o próprio estilo de vida japonês.
Para entender isso, primeiro deve-se entender o seguinte: o povo japonês dá um valor extremado ao sucesso e à honra. Para honrar sua família, por exemplo, um jovem tem por obrigação ser uma pessoa bem sucedida. Praticamente todo jovem japonês “enfia” na cabeça que sua obrigação é ser uma pessoa de muito sucesso, caso contrário ele fracassou na vida.
Para se ter uma ideia, de acordo com dados da Agência Nacional de Polícia, o suicídio é a causa número um de morte entre pessoas com idade entre 15 e 39 anos no Japão. Discriminando os casos por sexo, é a principal causa de morte de homens com idade de 15 e 44 anos, e de mulheres entre 15 e 34 anos. De todos os países do G7 (grupo dos países mais desenvolvidos), o Japão é o único onde o número de suicídios entre jovens é maior do que o número de mortes por acidentes, que é a principal causa de mortes entre jovens das nações desenvolvidas.
No caso dos jovens, por exemplo, assim que concluem os estudos (que são extremamente rígidos), eles se veem obrigados a embarcar numa acirrada corrida para conseguir emprego. O medo de perder o emprego, ou de não conseguir arrumar um, é uma das principais causas de suicídio entre os jovens. Eles temem se tornar “nittos”, que é um jovem desocupado, que não estuda ou trabalha, o que mancharia sua honra e de sua família. Enforcamento, pular na frente do trem, envenenamento e até afogamento: a forma desses jovens de tirar a própria vida são várias.
Outro fator é um fenômeno social conhecido como “hikikomori”, que é o isolamento social causado pela tecnologia. O jovem nesta situação pode se fechar completamente ao mundo, permanecendo em um quarto por meses ou mesmo anos. A maioria deles são homens. O isolamento resulta de uma profunda depressão, o que pode levar a pessoa ao suicídio.
O governo japonês já fez várias campanhas de “valorização da vida” para evitar os suicídios, o que resultou numa baixa significativa. Mas ainda sim, esse é um grande mal japonês que dará trabalho para ser extinto.
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