Todos que estavam no Brasil no ano passado puderam sentir e sofreram com a passagem do El Niño. Foram vistas mudanças bruscas de temperatura, calor em pleno inverno, ou o contrário, e vários ciclones e secas atingiram o país inteiro. O fato é que, independentemente da região do país, o fenômeno provocou vários acontecimentos.
Por conta disso, muito se falou sobre ele e também sobre La Niña, fenômenos responsáveis pelo aquecimento e pelo resfriamento do Oceano Pacífico, respectivamente. E o que muitas pessoas se perguntam é o motivo do El Niño terminar mais rápido.
Essa questão é respondida em um estudo feito pela Academia Chinesa de Ciências. Os pesquisadores usaram dados de observação e modelos de reanálise para chegar a uma resposta mais concreta.
Como resultado, eles viram que o El Niño tem um final mais acelerado quando comparado ao La Niña por conta dos padrões de vento no Pacífico Oeste. Isso porque esses padrões são submetidos a uma “assimetria das anomalias de vento zonais durante as fases de decaimento do El Niño e La Niña”.
Conforme o estudo, essas assimetrias nas fases finais dos fenômenos têm um impacto na temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Centro-Leste. Consequentemente, acontece um “decaimento distinto para os episódios de Niño e Niña”.
Esses padrões no Oceano Pacífico podem afetar o clima no mudo todo. Justamente por isso que eles são importantes e chamam a atenção por conta das temperaturas altas do oceano.
El Niño
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De acordo com a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), durante esse fenômeno, os ventos são mais fracos e a água quente é empurrada para leste, em direção à costa oeste das Américas.
Como consequência, isso faz com que as águas fiquem mais quentes e a corrente de jato do Pacífico se move para o sul de sua posição neutra. E por ser um fenômeno que atinge todo o mundo, nosso país também sente seus efeitos, como por exemplo, nos padrões de circulação atmosférica, na umidade, na temperatura e nas chuvas.
La Niña
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Nesse fenômeno, os ventos alísios ficam ainda mais fortes e empurram a água quente para a Ásia. E a água mais fria vem para a superfície ao largo da costa oeste das Américas. Por conta disso que, em determinados países, La Niña pode trazer uma temporada de furacões mais severa.
No nosso país, o último fenômeno desse tipo ficou ativo entre 2020 e 2023. Por mais que La Niña tenha uma intensidade maior, seus efeitos não são instantâneos.
Consequências
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Assim como as ondas de calor, o El Niño não ficou somente no ano passado. Ele também provocará consequências esse ano. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), tudo sugere que 2024 será ainda mais quente do que 2023.
Ainda conforme a organização, isso irá acontecer como consequência das mudanças climáticas que estão acontecendo, somadas ao fenômeno El Niño que aquece as águas do Pacífico e que irá se estender até meados do ano.
Felizmente existe uma boa notícia. Entre abril e junho desse ano o fenômeno deve se dissipar. Contudo, até chegar essa época, os especialistas ressaltam que é possível que novas ondas de calor aconteçam.
Entretanto, antes de ele ir embora, uma coisa mais importante pode fazer com que ele se fortaleça. Conforme o relatório da OMM, o fator principal por trás do aumento das temperaturas é o aquecimento global. Contudo, o El Niño tem um impacto na temperatura da Terra, principalmente no ano seguinte da sua formação, no caso, nesse ano.
Assim, com esses dois fatores se juntando, o aquecimento global e o fenômeno, 2024 será um dos anos mais quentes da história. Ou seja, se no ano passado o El Niño trouxe ondas de calor e elevação das temperaturas, isso pode acontecer de novo nesse ano e ainda com uma intensidade maior, além de também ter um acréscimo na possibilidade de incêndios florestais mais frequentes, tanto no cerrado como na Amazônia.
Segundo a previsão da MetSul Meteorologia, a tendência para o Pacífico Equatorial é que aconteça um enfraquecimento do El Niño já nas próximas semanas. Contudo, esse fenômeno deve permanecer firme e seguir no Pacífico Centro-Leste durante todo o resto do verão.
Com isso, pelo menos até o trimestre de fevereiro, março e abril desse ano, as anomalias positivas de TSM que caracterizam o El Niño no Pacífico Tropical irão continuar acima da média. Depois desse tempo irá começar um enfraquecimento com maior intensidade na porção leste para oeste. Dessa forma, irá começar a transição para a fase neutra do ENOS.
De acordo com as previsões de probabilidade do NOAA, a probabilidade de fase neutra diminui nos trimestres seguintes conforme a probabilidade de La Niña aumenta, em 44%, e fica igual à probabilidade de fase neutra no trimestre de julho, agosto e setembro.
Segundo os especialistas, o La Niña deve começar a ser percebido a partir de outubro, até porque esse fenômeno começa no inverno, mas os efeitos dele começam na primavera.
Fonte: Canaltech, Olhar digital
Imagens: Toda matéria, Quora, Dot.lib