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Por que filmes sobre luto, como Pinóquio, são importantes?

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Quando pensamos em momentos da nossa infância, na frente da televisão ou dentro das salas de cinema assistindo filmes específicos para o público infantil, várias memórias alegres e divertidas vêm na nossa lembrança. Contudo, hoje em dia, mesmo os filmes feitos para crianças já estão tratando de temas importantes e até pesados, como por exemplo, o luto.

Exemplos como “Gato de Botas 2”, “Pinóquio”, “Viva – A Vida É uma Festa”, “Soul”, “Dois Irmãos” e “Pinóquio” são alguns dos que trazem esse tema em suas histórias. Claro que nem sempre o luto é colocado de uma maneira pesada e complicada para o público infantil entender, mas essas produções exploram todos os sentimentos que envolvem o processo da perda de uma pessoa querida. Por conta disso que filmes como esses podem ser ótimos para ajudar com que se fale a respeito do luto com as crianças.

Filmes sobre luto

Disney plus Brasil

Na visão de Fernanda Gomes Lopes, psicóloga pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e fundadora do Instituto Escutha, isso é um avanço social muito grande. “Falar de morte na nossa sociedade é um tabu, e com crianças isso se torna mais intenso. Evitamos a qualquer custo esse assunto. Então, considero que esses filmes são uma grande conquista, já que permitem que as crianças comecem a entrar em contato com o inevitável de maneira lúdica, a partir da linguagem que elas entendem”, disse ela.

Mesmo sabendo que não, as pessoas têm o pensamento de que não falando sobre a morte ela não chegará para elas. No entanto, todos sabem que ela é a única certeza da vida e está sempre permeando a vida das pessoas, seja por um pet morto ou a morte de familiares. Justamente por isso que tratar dela e do luto com as crianças é uma coisa necessária no desenvolvimento.

A psicóloga pontua que quando esse diálogo é aberto, também se abre a possibilidade de desconstruir ideias erradas que as pessoas têm a respeito do luto, e pode também diminuir o sentimento de solidão e aumentar o de apoio e acolhimento. Isso é válido tanto para os adultos como para as crianças.

Até porque, não falar para os pequenos que uma pessoa morreu não irá fazer com que eles não percebam que ela não está mais presente. “O desenvolvimento cognitivo e emocional delas também é influenciado pelo contexto social e familiar, e a mentira e omissão acabam quebrando um elemento fundamental: a confiança. A criança sente, percebe, e cabe aos adultos serem fortalecedores desse processo”, afirmou Fernanda.

Falando de morte

Uai

Muitas pessoas não sabem como falar com as crianças sobre morte. O fato é que desde que nascem, elas podem compreender, de alguma maneira, a morte. De acordo com Valéria Tinoco, psicóloga e especialista em luto, do Instituto de Psicologia 4 Estações, essa compreensão vai mudando conforme as pessoas vão ficando mais velhas e tendo condições maiores de compreender a conversa a respeito desse tema.

“O melhor momento para falar sobre o assunto é quando a criança pergunta, quando ela passa por alguma experiência de morte na família ou quando o tema aparece na televisão, com o amigo da escola etc”, disse ela.

Por isso que, quando um filme infantil trata sobre a morte e o luto, isso pode fazer com que um caminho se abra para que a criança comente sobre o assunto e os adultos expliquem para ela também de uma forma lúdica e que ela possa entender.

Segundo Valéria, nesses casos é necessário sempre contar o que aconteceu para ajudar a criança a entender como a morte afeta as pessoas que irão cuidar dela, como a vida mudará sem a presença de determinada pessoa, o que ela pode sentir por conta disso e, se a criança começar fazer perguntas, respondê-las.

Além disso, Maria Júlia Kovács, professora sênior do Instituto de Psicologia da USP e membro do Laboratório de Estudos sobre a Morte, pontua que o mais importante de ser tratado é a irreversibilidade da morte. “Ou seja, não tem volta. O afastamento é definitivo, haverá a quebra do vínculo presencial, mas a criança pode manter a pessoa no seu coração e nas suas lembranças”, ressaltou.

“Já o uso de metáforas deve ser evitado. Por exemplo, quando se diz ‘o vovô foi viajar’, o imaginário da criança pode levar a questionamentos como ‘foi viajar e nem se despediu de mim?’, ‘nunca mais voltou para me ver?’, ‘ele não gosta mais de mim?’. Acho importante utilizar a palavra morte, evitar substituições como ‘dormiu’, ‘viajou’, ‘partiu’, ‘foi embora’. Essas palavras podem confundir a criança que ainda interpreta tudo de forma literal”, concluiu Gisela Adissi, cofundadora do projeto “Vamos Falar sobre o Luto?”.

Fonte: VivaBem

Imagens: Disney plus Brasil, Uai

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