História

Por que o Brasil não tem armas nucleares?

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Você já pensou sobre as armas nucleares brasileiras? Não? Esse é um assunto pouco abordado, especialmente porque somos um país sem esse tipo de arsenal.

Uma breve análise mundial já mostra que praticamente todos os continentes possuem pelo menos uma nação com armamento pesado. Europa, Ásia, Oriente Médio e até mesmo a África possuem esse arsenal.

Mas e a América Latina? Surpreendentemente, nossa porção de países se destaca por não ter essa potência, e o motivo você descobre agora.

O que são armas nucleares?

Armas nucleares são dispositivos explosivos que derivam sua destruição massiva da liberação controlada de energia nuclear.

Antes de começar, é importante ter essa definição clara. A liberação de energia ocorre através de reações nucleares, como fissão ou fusão nuclear.

As bombas geralmente utilizam isótopos radioativos, como o urânio-235 ou o plutônio-239, para desencadear essas reações.

Existem dois principais tipos de armas nucleares: as de fissão nuclear (bombas atômicas) e as de fusão nuclear (bombas de hidrogênio).

As bombas de fissão liberam energia pela divisão de átomos, enquanto as bombas de fusão unem núcleos atômicos para liberar uma quantidade ainda maior de energia.

O alerta inicial

Via Russian Beyond

Agora vamos voltar para a segunda metade do século 20. O planeta vivia uma época de medo diante da ameaça da devastação nuclear. As tensões da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética dominavam as manchetes.

No entanto, uma nova preocupação surgiu: o receio da proliferação nuclear. Ou seja, além das superpotências, outras nações ou até mesmo grupos terroristas poderiam adquirir armas nucleares. 

Como resposta a esse cenário, o presidente Eisenhower lançou a iniciativa “Átomos para a Paz” em 1953.

O objetivo era proporcionar o acesso à energia nuclear para fins pacíficos a países, desde que se comprometessem a não desenvolver armas nucleares.

Em seguida, no ano de 1957, surge a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.

Apesar dessas medidas, vários países, da Europa à Ásia, acabaram desenvolvendo armas nucleares. Todas as regiões fizeram isso, menos a América Latina.

Decisão ousada

O que impediu a América Latina de se juntar ao clube nuclear foi a crise dos mísseis de 1962, quando a União Soviética instalou mísseis em Cuba.

Luis Rodríguez, pesquisador da Universidade de Stanford, fala sobre esse momento crucial. Ele explica que, após testemunharem a crise dos mísseis, vários países optaram por uma abordagem coletiva para evitar o mesmo.

Embora já existissem sentimentos a favor do desarmamento nuclear, a crise cubana serviu como o verdadeiro catalisador.

Apesar da iniciativa ter ficado restrita aos países latinos, ela foi bem-sucedida em toda a extensão. Finalmente, em 1967, o Tratado de Tlatelolco proibiu todas as armas nucleares na América Latina e no Caribe.

Posição contrária

A decisão não foi livre de obstáculos. Nações como o Brasil, que inicialmente apoiaram a ideia de uma zona livre de armas nucleares, mudaram de posição.

Por isso, o México assumiu a dianteira, conquistando inclusive um Prêmio Nobel da Paz em 1982 por seus esforços.

Enquanto isso, a Argentina, com seu crescente domínio da tecnologia nuclear, também vacilou. Ambas as nações exploravam o que ficou conhecido como “explosões nucleares pacíficas”. Esse é o uso da energia nuclear para atividades não militares, como a abertura de minas ou o apoio a projetos hidrelétricos.

Embora não haja evidências concretas de que algum desses países tenha buscado ativamente armas nucleares, certas facções dentro de seus governos pareciam inclinadas a tal possibilidade.

Outros rumos

Via Vatican News

Felizmente, nos primeiros anos da década de 1990, tanto o Brasil quanto a Argentina adotaram medidas drásticas. Eles entraram no Tratado de Tlatelolco e, logo em seguida, ao Tratado sobre a Não-Proliferação de Armas Nucleares.

O abandono de seus programas de desenvolvimento de mísseis simbolizou seu comprometimento com essa causa.

Diversos motivos podem explicar por que a América Latina, em especial o Brasil e a Argentina, optaram por não seguir o caminho nuclear.

Pesquisadores falam sobre a rivalidade entre vizinhos, mas mesmo as diferenças não foram suficientes para criar uma corrida armamentista.

Além disso, a transição para a democracia na década de 1980 trouxe uma mudança nas prioridades.

O aspecto financeiro também desempenhou um papel crucial. O desenvolvimento nuclear é caro, e pesquisadores apontam que o investimento foi melhor aproveitado em outras áreas.

Por isso, nem o Brasil, nem outro país vizinho, possui armas nucleares, e segue bem em sua política de paz.

 

Fonte: Mistérios do Mundo

Imagens: Vatican News, Russian Beyond

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