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Por que a violência contra a mulher aumenta em dia de jogo de futebol

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Dias comemorativos, que deveriam despertar a união e a celebração, tornam-se um pesadelo para muitas pessoas, pois a violência contra a mulher aumenta durante partidas de futebol.

Uma pesquisa mostrou a relação entre os dias de jogos e o número de denúncias de ataques domésticos e agressões físicas contra pessoas do sexo feminino.

Esse foi o alerta proposto pela Universidade de Bristol, com apoio da organização britânica Women’s Aid. A proposta reforça que o futebol, por si só, não incentiva a violência contra mulher, mas o aumento no consumo de álcool e altos níveis de emoção sim.

As duas instituições estiveram reunindo informações e promovendo campanhas de conscientização durante a Copa do Mundo. A principal ação se concentra na imagem da bandeira inglesa pendurada nas casas, com a frase “He’s Coming Home”, ou “Ele está vindo para casa”, em português.

A frase é uma referência ao hino dos torcedores ingleses, “It’s Coming Home”. Nesse caso, a intenção faz alusão à chegada do homem, que representa algo perigoso para as mulheres ali presentes.

Via Campaign

Dados se repetem

A atenção para a violência contra a mulher na Copa do Mundo não é novidade. Dados dos eventos anteriores, de 2002, 2006 e 2010, mostram que houve um aumento de 26% nas denúncias domésticas em cidades inglesas nos dias em que a Inglaterra ganhou os jogos.

Situações em que o time empatou ou perdeu elevaram o número de casos em 38%. Esse padrão se repete não apenas na Inglaterra, mas em vários países, como no Brasil.

Um levantamento feito no Fórum Brasileiro de Segurança Pública avaliou a relação dos dias de jogo do Campeonato Brasileiro e no número de casos e denúncias de violência doméstica.

O resultado foi surpreendente. No dia em que o time da cidade joga, as ameaças crescem 23,7%. Os Estados com maiores índices são Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará, Bahia e Minas Gerais.

As organizações internacionais chamam atenção para as formas com que essa violência contra a mulher se manifesta. Não se trata apenas de ataques físicos, mas humilhações, ameaças e até mesmo piadas sexistas. Os crimes violentos são a última instância, mas também ocorrem.

O primeiro passo para acabar com esse padrão seria eliminar a misoginia e o sexismo no cenário esportivo, para que o futebol não se torne um propulsor de violência contra o gênero.

Padrão se concentra em companheiros da vítima

Os levantamentos infelizmente mostraram que o comportamento agressivo contra mulheres em dias de jogo de futebol vem, principalmente, de companheiros e ex-companheiros.

Por conta disso, é difícil identificar os casos, o que dificulta nas porcentagens e apurações. Enquanto isso, os casos em que o autor e a vítima não se conheciam são pouco significativos. Assim, leva a crer que se concentra dentro das casas.

No entanto, mesmo no Brasil, as instituições reforçam que não é o futebol que incentiva o aumento nos casos de violência. São os elementos envoltos, principalmente emoções e envolvimento de substâncias como álcool.

Além disso, comportamentos de frustração e sentimento de injustiça também são combustíveis, de modo que perder um jogo é o que proporciona mais ataques, por exemplo.

O futebol se torna uma espécie de catalisador dessas emoções, e, claro, reforça características machistas que a sociedade constrói silenciosamente. Essa violência extravasa e vem à tona por conta do esporte, reforçando a agressividade como algo “natural” do meio.

O que fazer em caso de violência contra mulher?

Via Pexels

Em casos de violência contra mulher, o indicado é ligar para a polícia por meio do número 190, gratuito e disponível 24 horas. A denúncia é automática, e os policiais irão até o local no momento em que a situação estiver ocorrendo.

Enquanto isso, denúncias de suspeitas ou casos confirmados que não ocorrem no mesmo momento podem ser direcionados para a Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, no número 180. O serviço preserva o anonimato da pessoa e também envia profissionais ao local.

É fundamental incentivar a vítima a denunciar por meio de um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher. Assim, consegue se proteger no futuro e ter amparo legal.

Além disso, lembre-se de que o futebol deve ser celebrado, e não utilizado como catalisador de violência, não importa o resultado.

 

Fonte: G1

Imagens: Campaign, Pexels

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