História

A primeira rede social: República das Letras

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Muitos devem se perguntar qual seria a primeira rede social do mundo. O Orkut, criado em 2004? Ou talvez o LinkedIn, criado em 2002? Nada disso! Muito antes do que você possa imaginar, existia uma rede social, que se comunicava através de cartas, chamada de República das Letras.

A menção mais antiga já encontrada dessa “sociedade secreta” data de 1417. Contudo, pesquisadores acreditam que essa associação exista desde os tempos de Platão, ou seja, entre 427 e 347 antes de Cristo. Inclusive, indo contra tudo que sabemos da Antiguidade, não eram apenas os estudiosos e intelectuais que faziam parte da República. Diversos autores, inclusive alguns que já tinham partido dessa para uma melhor, tiveram suas obras apreciadas pela República.

A expressão, ou seja, o nome da associação, só foi divulgada no século 17, quando o monge francês Noël Argonne a descreveu. Em seus textos, Argonne afirma que “a República das Letras tem origem muito antiga. Ela engloba o mundo inteiro e é composta por todas as nacionalidades, todas as classes sociais, todas as idades e ambos os sexos.”

Provando mais uma vez a sua evolução intelectual, visto a situação do mundo nos séculos passados, a República das Letras defendia a igualdade. Ademais, abraçava as diferenças político-religiosas e não fazia diferenciação dos sexos. Dessa forma, apesar de poucas participantes, nomes como Anna Maria van Schurman, a princesa Isabel da Boêmia e Marie de Gournay estão presentes na história da associação.

As Letras

Diferente do que é considerado como “Letras” hoje em dia, a República nasceu e cresceu com a compartimentalização do conhecimento. Dessa forma, a associação englobava todas as áreas do saber em uma só. Portanto, estudiosos de matemática, biologia, história, e outras, eram considerados filósofos e participavam da rede social.

Além disso, na época, todos costumavam estudar latim e grego, o que facilitava na compreensão dos assuntos ali debatidos. Portanto, quando se fala em República das Letras se engloba todas as áreas de conhecimento. Matemáticos, médicos, astrônomos, naturalistas, está tudo aí.

Mas, como funcionava a rede social?

Era tudo feito através de cartas! A imprensa surgiu no Renascimento, entre o século 14 e o século 17. Contudo, os livros eram muitos caros e inacessíveis. Sendo assim, os letristas da época dedicavam seu tempo à análise de cartas. Além disso, se você fosse um erudito famoso, a correspondência era extremamente numerosa.

Nessa primeira rede social, os assuntos se assemelhavam aos de hoje em dia. Ou seja, falavam de tudo e mais um pouco. O assunto ia desde discussões mais sérias, como política, filosofia e pesquisa científica, até assuntos mais cotidianos como fofocas, brincadeiras, poemas, experiências e muito mais.

Como dito anteriormente, toda a sociedade era bem vinda na República das Letras. Sendo assim, as classes sociais e religiões não importavam. A distância também não era um obstáculo para quem desejava participar. As cartas eram entregues através dos correios. Além disso, podiam ser entregues por amigos, comerciantes ou diplomatas. O objetivo sempre foi a disseminação do conhecimento, portanto, quem recebia a carta sempre a fazia circular.

Nomes famosos que participaram da República das Letras

Muitos estudiosos da organização ainda acreditam que a República teve início na Grécia, antes mesmo do nascimento de Cristo. Sendo assim, você já pode imaginar que grandes nomes da história participaram da rede social, não é mesmo? Começando por Platão, que muitos acreditam estar lá no início de tudo.

Porém, mesmo com a crença de que tudo tenha começado há tanto tempo, as provas datam apenas de séculos depois. Os estudiosos que se tem provas da participação são: Galileu Galilei, John Locke, Erasmo de Roterdã, Voltaire e o norte-americano Benjamin Franklin. Muita gente, não é mesmo?

Fonte: G1

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