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Qual motivo de o concreto romano ser tão resistente?

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Várias civilizações antigas deixaram suas marcas e legados na história, e uma delas foi a romana. Além dos seus avanços intelectuais, as construções do Império Romano também chamam atenção até os dias de hoje. Isso porque todas foram construídas com concreto pozolânico, que é bastante durável. Contudo, esse não é o único segredo das construções romanas.

Construções como o Panteão, que tem a maior cúpula de concreto não armado do mundo, ainda está de pé e fascina a todos. A resistência dessas construções, como dito antes, é por conta do seu concreto pozolânico. Seu nome vem por conta da pozolana que está presente em sua composição. Ela é uma mistura de cinzas que é encontrada facilmente em Pozzuoli, uma cidade italiana.

Até o momento, era essa mistura que se acreditava ser o motivo pela resistência e durabilidade do concreto romano. Contudo, o verdadeiro motivo não é esse. De acordo com um estudo feito pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), existe um outro material na composição desse concreto que também é responsável por ajudar em sua durabilidade.

Concreto

Engenharia

O estudo descobriu que os fragmentos de cal na composição, que antes eram vistos como uma matéria-prima de má qualidade, na realidade, fazem com que esse concreto consiga se autorreparar.

De acordo com Admir Masic, coautor do estudo, por conta dos clastos de cal serem relacionados com um mau controle de qualidade, isso o incomodava. “Se os romanos se esforçaram tanto para fazer um excelente material de construção, seguindo todas as receitas detalhadas que haviam sido melhoradas ao longo de muitos séculos, por que eles colocariam tão pouco esforço para garantir a produção de um produto final bem misturado? Tem que haver mais nessa história”, disse ele.

Os fragmentos de cal vistos no concreto são formados através da adição de cal virgem na mistura quando ela ainda está quente. Isso foi descoberto através do mapeamento químico feito no concreto. Antes disso, pensava-se que os romanos usavam cal apagado ou hidratado na composição do seu material.

É justamente esse cal virgem que dá ao concreto a possibilidade de fazer reações químicas quando ele está aquecido em temperaturas altas. Isso não seria possível de acontecer com a cal apagada, por exemplo. Outro fator é que o aquecimento dessa mistura faz com que o concreto cure bem mais rápido. Como resultado, no momento da construção existe uma agilidade maior.

Auto reparo

Ecivil

Com relação ao auto reparo, os fragmentos de cal são os responsáveis por isso. Isso porque, normalmente, as rachaduras acontecem nos fragmentos, que quando entram em contato com a água formam uma solução que é rica em cálcio. Então, quando essa solução fica seca, ela se transforma em carbonato de cálcio. Dessa maneira, a rachadura some. Como resultado, tem-se sempre um concreto que tem uma durabilidade extremamente longa.

“É emocionante pensar em como essas formulações de concreto mais duráveis poderiam expandir não apenas a vida útil desses materiais, mas também melhorar a durabilidade das formulações de concreto impressas em 3D”, disse Masic.

Romanos

Conhecimento científico

Por mais que o concreto romano fosse resistente, seus imperadores não eram. Tanto é que foram poucos os que morreram de causas naturais. Normalmente, suas mortes eram prematuras e violentas. Então, os cientistas identificaram um novo padrão matemático, uma lei de potência que descreve o destino de tantos imperadores que morreram, deixando para trás todo um império.

“Embora pareçam ser aleatórias, as distribuições de probabilidades de lei de potência são encontradas em muitos outros fenômenos associados a sistemas complexos”, pontuou o cientista de dados Francisco Rodrigues, da Universidade de São Paulo, no Brasil.

De acordo com Rodrigues, a distribuição da lei que normalmente define a longevidade dos imperadores romanos se chama princípio de Pareto. Ele também é conhecido como regra 80/20. O que significa que as ocorrências comuns têm aproximadamente 80% de probabilidade ao mesmo tempo que eventos raros têm cerca de 20%.

No caso dos imperadores romanos, suas mortes violentas são os eventos mais comuns. E as mortes por causa naturais são bem mais raras, principalmente nos primórdios do Império Romano ocidental.

“Quando analisamos o tempo de morte de cada imperador, descobrimos que o risco era alto quando o imperador assumiu o trono. Isso pode ter algo a ver com as dificuldades e demandas do trabalho e a falta de experiência política do novo imperador”, disse Rodrigues.

Se os imperadores conseguissem passar por esse período sem serem mortos, as chances de eles sobreviverem no cargo aumentavam. Ou, pelo menos, tendiam a aumentar até determinado ponto. E depois de 13 anos reinando, o risco de morte prematura disparava de novo.

“Pode ser que, após o ciclo de 13 anos, os rivais do imperador concluíssem que dificilmente ascenderiam ao trono por meios naturais. Talvez seus velhos inimigos tenham se reagrupado, ou novos rivais possam ter surgido”, concluiu Rodrigues.

Fonte: Olhar digital, Science Alert

Imagens: Enganharia, Ecivil, Conhecimento científico

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