Um estudo recentemente publicado na revista científica Neuron buscou entender a relação entre cérebro e riso, mostrando que os ratos também se divertem.
Para isso, os pesquisadores conduziram experimentos com roedores e observaram que mesmo com o córtex cerebral desativado, os ratos continuaram brincando e rindo entre si.
Essa é a parte do cérebro relacionada à consciência e aos comportamentos de alto nível. Isso sugere que a emoção por trás do riso é instintiva, assim como o medo.
Uma das teorias é que a substância cinzenta periaquedutal, que se envolve nas respostas de luta, fuga e outros comportamentos, pode estar associada ao riso.
Quando os ratos brincavam de lutar, exibiam comportamentos similares ao medo e à agressão, levando os pesquisadores a acreditarem que essa região cerebral (ou alguma semelhante) pode ser a responsável pelo riso.
Para aprofundar a investigação sobre o papel dessa região cerebral no riso, os membros da equipe realizaram interações lúdicas com os roedores, fazendo cócegas nas costas e barrigas dos animais.
Em resposta, os ratos vibraram de alegria e emitiram guinchos semelhantes ao riso. Durante essas sessões, a atividade cerebral dos roedores foi monitorada usando eletrodos cerebrais.
Relação entre cérebro e riso
Durante os experimentos com os roedores, os pesquisadores notaram que uma região específica da substância cinzenta periaquedutal mostrou atividade quando os ratos estavam brincando e emitindo guinchos de riso.
No entanto, quando colocaram os roedores em um local alto com luz forte, eles ficam ansiosos e pararam de guinchar. Assim, os neurônios nessa região ficam menos ativos.
Para confirmar o papel crucial da substância cinzenta nas brincadeiras e nas cócegas, os pesquisadores inibiram o funcionamento dos neurônios nessa região por meio da injeção de uma substância química nos roedores.
Como resultado, os animais pararam de guinchar quando receberam cócegas e perderam o interesse pelo comportamento lúdico.
Esses resultados sugerem que a substância cinzenta periaquedutal desempenha um papel importante nas brincadeiras e cócegas dos roedores.
Futuros estudos procurarão investigar mais a relação entre essa região do cérebro e o riso, além das reações dos animais.
Por que não fazemos cócegas em nós mesmos?
Um estudo alemão buscou entender os efeitos das cócegas no corpo humano e concluiu que, quando tentamos fazer cócegas em nós mesmos, as risadas começam a ser emitidas mais tarde e as classificamos como menos intensas e divertidas.
Segundo os autores do estudo, a explicação para esse efeito controlado das cócegas está no cérebro.
Ele envia sinais, inibindo e reduzindo a sensação de prazer associada às cócegas quando nos tocamos.
Em outras palavras, o cérebro parece estar ciente do toque que estamos aplicando em nós mesmos e modula a resposta sensorial para evitar a superestimulação e o desconforto causados por essa autorregulação.
Da mesma forma, existem explicações científicas para rirmos sem ninguém nos tocando. Muitas pessoas sentem cócegas “mentais”, apenas com a menção do toque.
Essa é uma resposta complexa que acontece por várias razões, principalmente pela ativação cerebral associando o toque à reação. Nesse caso, a relação entre cérebro e riso se torna ainda maior.
Além disso, essa é uma forma de comunicação não verbal que desempenha um papel crucial nas interações sociais, e a condição contribui com o riso, mesmo sem toque.
Forma de compreensão
Nos ratos e nos humanos, os pesquisadores avaliam o riso como forma de comunicação e socialização. Mesmo se relacionando ao humor e prazer, também é um meio de entender o que está acontecendo com a outra pessoa.
Também pode ser uma forma de aliviar o estresse e a tensão. Ainda que em situações em que você esteja sozinho, o riso pode ser uma resposta natural para lidar com o estresse ou desconforto emocional.
Além disso, também rimos em resposta a algo surpreendente ou inusitado. Pode ser uma reação natural quando nos confrontamos com algo inesperado, mesmo que não haja contato físico envolvido.
Seja como for, o cérebro atua de formas inesperadas, e entender mais sobre ele permitirá que conheçamos sobre nosso próprio corpo e suas reações.
Fonte: Terra
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