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Receita antiestresse, caixa de sabonete, carta a professor e fotos, veja o que uma escola guardou em cápsula do tempo de 100 anos

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O que você colocaria em uma cápsula do tempo? A Escola Sud Mennucci, em Piracicaba, com mais de 600 alunos, escolheu alguns itens interessantes para serem revelados 100 anos depois, que seria no ano de 2022.

Lacrada no interior de São Paulo, a cápsula do tempo de cobre foi fechada em 1922 com fotos, documentos e mensagens. Assim, o diretor da época deixou até uma receita médica antiestresse. Isso porque ele imaginou que a vida em 100 anos seria muito agitada – e ele acertou.

Além disso, incluíram livros, cadernos de música e desenhos. Uma caixa de sabonete da época e até notas e moedas foram guardadas também. Carlos e Luiz foram alunos do colégio do interior de São Paulo na década de 1950, sendo seu avô um dos formando de 1922, que deixou uma carta na cápsula do tempo.

A cápsula do tempo foi lacrada dentro de uma parede especial, sinalizada que ali estava um pedaço na história. Quando a escola foi fundada, o Brasil havia se tornado uma república a menos de uma década. Então, 25 anos depois, surgiu a ideia de fazer a cápsula do tempo para ser aberta no dia 7 de setembro de 2022.

Naquela época, o mercado de café passava por uma crise, a Semana da Arte Moderna ocorria a todo vapor e, por falar em vapor, as linhas de trem eram apostas do desenvolvimento. Dessa forma, Piracicaba era conhecida como uma cidade de escolas e a Escola Sud Mennucci formava professores para lecionar em escolas de todo o estado de São Paulo.

Abertura da cápsula

cápsula do tempo piracicaba

Reprodução

Hoje, o colégio tem mais de 600 alunos, no Ensino Fundamental e Ensino Médio. Para acessar a cápsula do tempo, uma equipe do museu da cidade foi até a escola e começou os trabalhos, que levaram mais de 3 horas. Assim, no dia 7 de setembro, todos descobriram o que os alunos e professores de 100 anos atrás guardaram.

Presentes no evento, além dos alunos e professores da escola, estavam os descendentes dos alunos que estudaram no local em 1922 e participaram do projeto.

Transcrição do documento

“Comemoração Cívica da data em que se proclamou a República dos Estados Unidos do Brasil – 15 de Novembro de 1889.”

“Aos quinze dias do mês de Novembro de mil novecentos e vinte e dois (15 de Novembro de 1922) reunidos no Salão Nobre do Edifício da Escola Normal de Piracicaba, o corpo docente e o discente deste estabelecimento de ensino, bem como da Escola Complementar, Grupo Modelo e Escolas Modelo isoladas, anexas, autoridades locais, representantes da imprensa, de corporações e associações, e do instrutor de educação, teve lugar nesse mesmo dia a festa comemorativa da Proclamação da República do Brasil. Executando-se nessa ocasião um programa literário-musical expressamente organizado para esse fim patriótico pelo Diretor do estabelecimento, Professor Honorato Faustino de Oliveira.”

“Constituía um dos números do programa o encerramento de uma caixa de cobre de documentos de toda a sorte, que possam dar aos criadores, nossos patrícios, que viessem d’aqui a cem anos, uma ideia mais ou menos nítida do estado atual dessa casa de Ensino Público, do trabalho mental que foi desenvolvido pelos seus professores e alunos e ainda outras particularidades referentes propriamente (ilegível) e ao município, onde essa escola tem prestado e continuará a prestar inestimáveis serviços em prol do engrandecimento da pátria.”

“Na referida caixa, em oportuno monumento, reinado no recinto o mais profundo e respeitoso silêncio, teve lugar o ato memoriante (sic) da colocação dos documentos históricos, a que já nos referimos, constantes de todas as indicações que possam quiçá interessar a uma época em que a face da terra estará profundamente transformada e com ela tudo quanto se relacionar com esse oficio de trabalho honesto e patriótico, e que tem tido a felicidade de orientar todo seu interesse no sentido de educar a mocidade em seus princípios, para que saiba transmiti-los, por sua vez, a infância formadora da sociedade de amanhã, do Brasil e do futuro.”

“Aqui ficam registradas essas notas, a fim de ser lidas e tomadas em consideração que merecem pelos senhores diretores e responsáveis pela administração de qualquer estabelecimento que funcione no edifício da atual Escola Normal de Piracicaba. A esses dignos funcionários pedimos encarecidamente, façam religiosamente conservar e respeitar a nossa instituição, enviando todos os esforços para que essa lembrança do passado chegue intacta a 2022, a quem se destina, no mesmo local que se encontra, de modo que só possa ser daí retirada pelos seus próprios destinatários, no dia festivo em que se passa o segundo centenário da proclamação da Independência do Brasil – 7 de setembro de 2022.”

“A caixa de cobre está encerrada em uma câmera cimentada, na parede que separa o anfiteatro do vestíbulo, quase ao rés do chão, em frente à porta principal da entrada do edifício para o lado da atual Rua de São João.”

“O local está indicado, de maneira inconfundível, pelas seguintes inscrições, perfeitamente visível e legível para quem entra, em letras salientes, num retângulo de pedra mármore. fixada na parte fronteira à parte principal da entrada do edifício da Escola, por meio de um quadro de ferro parafusado no muro em tacos de madeira.”

“Essa parede é justamente a que separa o saguão do vestíbulo de entrada, do anfiteatro ou rotunda, onde atualmente são dadas as aulas de música dos normalistas e alunos dos cursos complementar e primário.”

“A inscrição a que há pouco nos referimos é esta! ‘Documentos históricos. Para serem d’aqui retirados no dia 7 de Setembro de 2022’. ”

Cápsula do tempo

Guardar cápsulas do tempo é uma atividade que diversas pessoas já fizeram e ainda fazem nos dias atuais. Veja o que Angus Macdonald relata ter guardado.

Jornal

Com cerca de 10 anos, Angus Macdonald, agora com 50 anos, enterrou sua cápsula do tempo no quintal de seus pais em Cingapura em 1976. “Era um grande pote de geleia de vidro, enterrado apenas cerca de 30 centímetros abaixo da superfície, e continha a primeira página do jornal daquele dia e alguns outros itens pessoais.

“Imagino que provavelmente já foi encontrado e provavelmente jogado fora como lixo. Ou então quebrou e seu conteúdo se decompôs há muito tempo. Um dia, eu gostaria de voltar e ver se ainda está lá, mas acho que seria um pouco estranho perguntar aos atuais moradores da casa se eu poderia desenterrar o jardim deles!”

“Acho que as cápsulas do tempo são uma ótima ideia – mas você precisa fazê-lo corretamente, enterrá-los em um lugar onde é improvável que sejam descobertos, definir uma data para abri-los que não seja muito longe e garantir o fato de sua existência está gravado em algum lugar, especialmente com a família ou amigos.”

Fonte: G1

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