Ciência e Tecnologia

“Sopa de variantes” pode causar uma nova epidemia de Covid-19

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Desde as primeiras notícias do Covid-19, o vírus vem se modificando de forma constante, sendo esse um dos principais desafios para quem luta contra a pandemia que atingiu o mundo em 2020. Alguns chamam de “sopa de variantes” o que estamos enfrentando agora e a variante Ômicron é especialmente importante, considerando sua diversidade.

Desse modo, sua complexidade faz com que seja mais difícil prever as próximas ondas de infecção. Pode até ser que a variante cause ondas duplas em alguns locais, quando uma variante afeta a população e depois outra diferente.

No entanto, diante desse caos, um padrão está se formando e essa sopa de variantes ajuda cientistas a identificar várias mutações que impulsionam uma variante. Assim, ao redor do mundo, algumas variantes do Covid-19 se tornaram protagonistas com resultados diferentes e em locais diferentes.

Por exemplo, na Europa, América do Norte e África, a linhagem BQ.1 de Omicron vem aumentando rapidamente, mesmo que os casos gerais estejam diminuindo. Já nos países asiáticos, incluindo Singapura, Bangladesh e Índia, uma linhagem chamada XBB está causando novas ondas de infecção.

Variantes crescem

BA.4.6, uma subvariante da variante Omicron Covid-19 que vem ganhando força rapidamente nos EUA, agora está se espalhando no Reino Unido.

O último documento informativo sobre as variantes do Covid-19 da Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) observou que, durante a semana que começou em 14 de agosto, BA.4.6 foi responsável por 3,3% das amostras no Reino Unido. Desde então, cresceu para representar cerca de 9% dos casos sequenciados.

Da mesma forma, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças, BA.4.6 agora responde por mais de 9% dos casos recentes nos EUA. A variante também foi identificada em vários outros países ao redor do mundo.

BA.4.6 é descendente da variante BA.4 de omicron. BA.4 foi detectado pela primeira vez em janeiro de 2022 na África do Sul e desde então se espalhou pelo mundo ao lado da variante BA.5. Assim, não está totalmente claro como BA.4.6 surgiu, mas é possível que seja uma variante recombinante. A recombinação acontece quando duas variantes diferentes do SARS-CoV-2 (o vírus que causa o Covid-19) infectam a mesma pessoa, ao mesmo tempo.

“No final, provavelmente, algumas variantes vão dominar, mas é menos decisivo do que no passado”, diz Cornelius Roemer, biólogo computacional da Universidade de Basel, na Suíça.

Nos últimos meses, rastreadores de variantes vêm combinando dados para identificar candidatos. No entanto, ao invés de uma ou duas linhagens, identificaram mais de 12 que merecem atenção. “É uma coleção ou enxame ou sopa de variantes juntas – não como vimos antes”, diz Yunlong Richard Cao, imunologista da Universidade de Pequim, em Pequim, cuja equipe estuda as capacidades de evasão imunológica das variantes.

Família de variantes do Covid-19

Fonte: Kevin Frayer

Os membros desse enxame de variantes derivam de vários braços da família Omicron. Porém, seu crescimento parece se dar por conta de algumas mutações genéticas em comum, sendo que a maior parte leva a mudanças nos aminoácidos na proteína spike chamada RBD. Essa parte da proteína é necessária para infectar células e é o alvo de anticorpos que fazem a resposta imunológica.

O trabalho da equipe de Cao neste mês sugere que as mutações RBD ajudam o vírus a evitar anticorpos “neutralizantes” que bloqueiam a infecção que foram desencadeados pelas vacinas COVID-19 e infecção com ramificações anteriores da Omicron, incluindo BA.2 e BA.5.

O que Roemer e outro pesquisadores perceberam é que quanto mais mutações RBD uma variante possui, mais ela parece crescer. Por exemplo, a variante BQ.1 possui cinco mutações-chave e parece crescer em um ritmo menos acelerado em comparação com BQ.1.1, com seis mutações.

Independentemente de qual variante, grandes ondas causam impactos sérios na sociedade e até infecções moderadas podem ter efeitos de longa duração na saúde. Portanto, pesquisadores estão analisando constantemente se as ondas que estão por vir serão responsáveis por casos graves de Covid-19.

Fonte: Nature

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