Curiosidades

Tartesso, a civilização que desapareceu de repente e foi confundida com Atlântida

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A antiga sociedade dos tartessos é rodeada de mitos e mistérios e chegou até a ser confundida com Atlântida.

Há 2.500 anos, o sítio arqueológico de Cancho Roano, no vale do rio Guadiana, na região da Extremadura (sudoeste da Espanha), era um centro de comércio e adoração para os tartessos. Essa sociedade se desenvolveu na Península Ibérica entre os séculos 9 e 5 a.C., até que desapareceu misteriosamente.

Atualmente, pesquisas investigam a civilização perdida e o seu papel na história ibérica.

Quem eram os tartessos?

Foto: Andrew Lofthouse/ BBC

Milênios atrás, textos gregos e romanos mencionavam Tartesso. Mas, devido à falta de evidências arqueológicas conclusivas, durante muito tempo os arqueólogos e historiadores modernos não conseguiram definir com precisão o que seria Tartesso.

Atualmente, os tartessos costumam ser considerados uma civilização que se formou a partir de uma mistura de habitantes locais, colonizadores gregos e fenícios na Península Ibérica. Eles eram ricos, por causa dos recursos minerais e da economia comercial.

Ao todo, mais de 20 sítios tartessianos já foram identificados na Espanha. Três deles foram escavados no vale do Guadiana: Cancho Roano, Casas de Turuñuelo e La Mata. Também há sítio em volta do vale do rio Guadalquivir.

O sítio de Cancho Roano

Foto: AFP/ Via BBC

Os arqueólogos descobriram o Cancho Roano em 1978. O local contém os restos de três templos tartessianos construídos em sequência, cada um sobre as ruínas do anterior. Todos eles estão orientados para o nascer do Sol.

As paredes do templo mais recente (construído no final do século 6 a.C.) delimitam 11 cômodos, cobrindo uma área de cerca de 500 m².

No entanto, por motivos ainda desconhecidos pelos arqueólogos, no final do século 5 a.C., as pessoas que moram no local conduziram um ritual em que comeram os animais e em seguida descartaram seus restos em uma fossa central, atearam fogo no templo, vedaram-no com argila e o abandonaram. Por causa disso, diversos objetos queimaram em seu interior, inclusive joias de ouro.

“A descoberta de Cancho Roano foi uma revolução na arqueologia da Península Ibérica”, disse à BBC Sebastián Celestino Pérez, que dirigiu a escavação por 23 anos e atualmente é pesquisador do Instituto de Arqueologia de Mérida, na Espanha.

No entanto, ele explica que apesar do fogo, as paredes, o altar, o fosso e os artefatos do local ficaram bem preservados.

Sacrifício de animais

Foto: Alamy / WH Pics/ Via BBC

O sítio arqueológico de Casas de Turuñuelo só foi estudado após sua descoberta em 2015. O sítio, que conta com o sacrifício de animais, está ajudando os cientistas a compreender mais sobre a cultura tartessiana.

“Turuñuelo [foi] um santuário onde os animais também foram sacrificados e atirados no fosso”, explica Celestino Perez. Ele aponta que este local também foi queimado e vedado com argila, da mesma maneira que Cancho Roano.

“Ele é da mesma época que Cancho Roano, mas as técnicas de construção utilizadas em Turuñuelo são muito mais avançadas e seus materiais são mais ricos, trazidos de vários pontos do Mediterrâneo”, informa o pesquisador.

Utilizando uma tecnologia chamada fotogrametria, arqueólogos estão tirando fotografias das ruínas de Turuñuelo e usando software para combiná-las e desenvolver imagens 3D dos edifícios.

Com este processo, sabe-se que as ruínas de Turuñuelo são tartessianas e não romanas, como se acreditava anteriormente. 

“O mais surpreendente para mim é o hábito muito peculiar [dos tartessos] de destruir suas casas, ou seja, em todos os sítios encontrados foi seguido o mesmo procedimento: esvaziar todos os vasos e ânforas, queimar a construção e enterrá-la”, aponta Ana Belén Gallardo Delgado, historiadora e guia em La Mata.

Pessoas que desejam saber mais sobre os tartessos podem observar ferramentas tartessianas, estatuetas de cavalos e marfim decorado no Museu Arqueológico de Badajoz.

O fim dos tartessos

De acordo com Eduardo Ferrer-Albelda, professor de arqueologia da Universidade de Sevilha, na Espanha, como a sociedade tartessiana era rica em metais, qualquer redução do comércio pode ter gerado tensões.

“Também existem registros de uma crise na mineração, mas é preciso que a violência tenha desempenhado um papel importante”, disse o professor à BBC.

“A cooperação entre os fenícios e as aristocracias locais pode ter terminado repentinamente, o que indica que pode ter ocorrido um movimento antifenício e antiaristocrático entre a população da região tartessiana.”

Já Celestino Perez acredita em outra teoria. De acordo com ele, “atualmente, parece que pode ter havido um terremoto em meados do século 6 a.C., seguido por um tsunami que teria atingido os principais portos tartessianos. Esta teria sido a causa da rápida queda dos tartessos”.

Apesar de ser importante entender por que a civilização é importante, o foco das pesquisas atuais é o impacto sociocultural dos tartessos.

“Foi localizado o que parece ser o porto tartessiano de Huelva. Se for confirmado, pode ser um passo gigantesco para entender a rede de comércio dos tartessos. E os chamados túmulos tartessianos do vale do Guadiana [Cancho Roana, Turuñuelo e La Mata] parecem ser a chave para conhecermos melhor esta cultura”, disse Celestino Perez.

Fonte: G1

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