Ciência e Tecnologia

Tem submarinos, mas não aviões: por que não existem aeronaves nucleares?

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Apesar de submarinos e navios contarem com propulsão nuclear, atualmente não existem aeronaves que adotem esse sistema. Você sabe por que?

Em teoria, aviões equipados com esse tipo de propulsão teriam a capacidade de voar por longos períodos sem a necessidade de paradas. No entanto, a ideia de incorporar um reator nuclear a bordo não foi amplamente aceita.

Diversos programas surgiram na tentativa de criar aeronaves nucleares, com os Estados Unidos e a Rússia liderando as pesquisas e explorando vários modelos para esse fim.

Em resumo, a proposta envolveria um avião com um motor com um reator nuclear portátil.

O interesse por essa forma de propulsão nuclear aumentou após o Projeto Manhattan, que focou na pesquisa e no desenvolvimento de bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial.

NB-36H

Um dos modelos de teste mais notáveis foi, sem dúvida, o NB-36H, que teve seu desenvolvimento com base no bombardeiro Convair B-36.

A cabine tinha reforço com chumbo, visando proteger os pilotos da radiação. Ao longo de 47 voos de teste, o reator não foi utilizado para propulsão da aeronave, mas sim para avaliar a viabilidade de ter um equipamento desse tipo a bordo durante o voo.

Programa nos EUA

Em 1946, os Estados Unidos deram início ao Programa de Propulsão Nuclear, também conhecido como Programa de Aeronaves Nucleares Tripuladas.

Esse projeto estendeu-se de 1946 a 1961, com um custo estimado na época de US$ 1 bilhão. Surpreendentemente, nenhum avião do programa chegou a voar movido por energia nuclear.

Durante a década de 1950, alguns motores receberam adaptação com algum sucesso, com empresas como General Electric (GE) e Pratt & Whitney liderando esses projetos.

Via UOL

O motor

Além de adaptar completamente a aeronave, o motor representava o cerne do projeto.

O desenvolvimento da tecnologia mais adequada e a definição do melhor tipo de recurso demandaram anos de trabalho por parte das empresas contratadas pelo governo.

O conceito era um pouco viável. David F. Shaw, gerente geral dos programas de propulsão nuclear na General Electric, demonstrava otimismo em relação às possibilidades.

Em fala pública, ele dizia que não era mais uma questão de saber se era possível um avião com propulsão nuclear, mas sim quando esse projeto ganharia vida.

Ainda afirmou que deseja chegar a um ponto em que, quando tivessem uma estrutura pronta, já seguissem para o ciclo de instalação com energia nuclear.

No entanto, esse plano nunca se concretizou totalmente.

Apesar de os aviões acomodarem reatores em seus interiores, a realização prática da propulsão nuclear, conforme o plano inicial, não foi possível. Isso gerou o fim dos projetos.

Satélites russos

Em 1957, a União Soviética surpreendeu o mundo ao lançar o satélite Sputnik I. O programa do avião nuclear tornou-se uma questão de honra para os Estados Unidos, buscando restaurar o prestígio que perdeu com um projeto falho.

O presidente Dwight D. Eisenhower, embora não considerasse os programas como prioridade, destinou aproximadamente US$ 150 milhões por ano para manter as operações em andamento.

Entretanto, em 1961, com a ascensão de John F. Kennedy à presidência dos EUA, houve uma revisão nos contratos militares.

Isso resultou na rescisão dos acordos com as empresas envolvidas e, consequentemente, no abandono dos projetos de propulsão nuclear para aviões.

Via UOL

Por que a propulsão nuclear nos aviões não deu certo?

A propulsão nuclear para aviões enfrentou diversos obstáculos. Um grande problema seria o risco de quedas ou acidentes, sem garantias de que não ocorreria vazamento de material radioativo em caso de um incidente.

Além disso, a necessidade de blindagem da cabine também se mostrava um desafio.

Para proteger os pilotos, precisariam de escudos de chumbo espessos, aumentando significativamente o peso da aeronave e potencialmente inviabilizando sua operação.

Ainda, os avanços nos armamentos da época tornavam os aviões mais vulneráveis.

Devido ao aumento de peso causado pelo reator e pela blindagem, essas aeronaves voariam mais lentamente, tornando-as alvos mais fáceis para os inimigos.

Além disso, o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais tornou o projeto obsoleto.

Com a capacidade desses mísseis de atingir longas distâncias sem a necessidade de reabastecimento, a utilidade dos aviões nucleares para realizar bombardeios diminuiu.

Por fim, a aceitação popular também representava um desafio. Mesmo com sigilo, havia o receio de que a percepção pública sobre os riscos pudesse questionar o projeto.

Convencer os passageiros a embarcar em aviões comerciais equipados com reatores nucleares ativos seria uma tarefa difícil, dada a preocupação com a segurança.

Assim, a ideia falhou ao longo dos anos, e, atualmente, está engavetada para quando esses obstáculos sejam superados e surja uma aeronave com melhor estrutura de recepção.

 

Fonte: UOL

Imagens: UOL, UOL

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