Vivemos a pandemia do coronavírus e presenciamos toda a corrida pela criação de vacinas eficazes contra o vírus. Felizmente elas vieram e o mundo pôde voltar ao normal. No nosso país, em quase três anos, foram aplicadas mais de 540 milhões de doses. Agora, o país vive um período de transição na vacinação contra o covid-19.
De acordo com Eder Gatti, diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), na Jornada Nacional de Imunizações, realizada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em Florianópolis, nessa quarta-feira, os municípios estão trabalhando praticamente há três anos na campanha de vacinação contra o covid. No entanto, conforme a condição epidemiológica do vírus mudou, as vacinas contra a doença devem fazer parte do calendário do programa.
Vacinas
Esse ano, a vacinação com doses de reforço bivalentes para toda a população acima de 12 anos foi estendida pelo Ministério da Saúde. Contudo, a adesão da população foi baixa até mesmo entre os grupos prioritários e que são considerados de maior risco. Para se ter uma noção, foram aplicadas 516 milhões de doses de vacinas monovalentes, enquanto que da bivalente foram somente 28 milhões.
Então, o objetivo é que em 2024 seja adotado um calendário de vacinação contra o covid-19 na rotina das crianças menores de cinco anos, além de doses de reforço periódicas pelo menos uma vez por ano para os grupos de risco, no caso, idosos, imunocomprometidos e gestantes.
“Vacinar toda a população, como a gente vem fazendo, precisa ser revisado nesse momento de transição em que nos encontramos. Fizemos reuniões técnicas e tiramos diretrizes básicas que o Ministério da Saúde vai seguir em discussões internas. Agora, o anúncio disso ainda depende de uma discussão com a gestão tripartite [governo federal, estados e municípios]. Hoje, avançamos tanto na avaliação da recomendação internacional, da OMS, quanto na discussão com os especialistas, mas precisamos avançar nessa pactuação”, disse Gatti.
Estratégia
O plano do diretor do PNI é começar essa estratégia de vacinação de rotina já no começo do ano que vem para que o “caráter de excepcionalidade” seja substituído, já que ele ainda dita o ritmo da aplicação das vacinas.
“A covid-19 precisa deixar de ser uma estratégia de campanha e passe a ser uma recomendação permanente. Esperamos fazer anúncios oficiais com a estratégia mais completa antes do fim do ano”, pontuou.
Além disso, Gatti também pontuou que deve ser constante a vigilância nas variantes do vírus. Até porque, foram elas que determinaram as ondas de casos novos no começo da pandemia. E mesmo que seja importante ter vacinas atualizadas para essas possíveis novas variantes, ele diz que o mais importante é que a vacinação aconteça.
“O SAGE [grupo consultivo de vacinação da OMS] não fala tanto de qual é a vacina que deve ser feita. A OMS pauta como deve ser a composição da vacina, agora sobre qual vacina usar existe uma certa liberdade”, pondera o diretor do PNI, que adianta que o posicionamento do programa será disponibilizar as vacinas disponíveis preferencialmente na última versão licenciada e atualizada contra variantes. “As próximas aquisições do Ministério da Saúde vão seguir essa lógica. Provavelmente serão vacinas de RNA mensageiro com as composições colocadas conforme licenciamento”, concluiu.
Tomando
Tomar vacina é uma coisa que faz parte da vida das pessoas. Mas alguém sabe o motivo de ela ser dada no braço? Na realidade, existe uma ciência por trás desse motivo. É importante notar que a maioria, mas não todas as vacinas, são aplicadas no músculo. Isso é conhecido como injeção intramuscular.
Alguns imunizantes, como por exemplo o contra o rotavírus, são dados via oral. Já outros são administrados logo abaixo da pele ou por via subcutânea, como por exemplo a vacina contra o sarampo, caxumba e rubéola.
O músculo é um excelente local para a aplicação da vacina porque o tecido muscular tem células imunológicas importantes. E essas células imunes reconhecem o antígeno, que é um pedaço minúsculo de um vírus ou bactéria introduzido pela vacina, que estimula uma resposta imune.
No caso do medicamento contra o novo coronavírus, ele não introduz um antígeno, mas sim um esquema para a produção de antígenos. As células do tecido muscular captam esses antígenos e os apresentam aos gânglios linfáticos.
E injetar o imunizante no tecido muscular mantém a vacina localizada. Isso permite que as células imunológicas consigam soar o alarme para outras células imunológicas e então começam a agir.
Depois que a vacina é reconhecida pelas células imunes no músculo, elas carregam o antígeno para os vasos linfáticos. Então, esses vasos transportam as células imunes que carregam o antígeno para os nódulos linfáticos.
Esses gânglios linfáticos são componentes essenciais do sistema imunológico. Eles têm mais células imunológicas que reconhecem os antígenos nas vacinas e começam o processo imunológico da criação de anticorpos.
Além disso, o tecido muscular tende a manter as reações da vacina localizadas, já que a injeção de uma vacina no músculo deltoide pode resultar em uma inflamação local ou uma dor localizada. Por isso elas são dadas, normalmente, no braço.
Fonte: Agência Brasil
Imagens: Microsoft, Fiocruz, Unimed Fortaleza
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