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Viagem para o espaço provoca alterações permanentes no corpo humano

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O espaço sempre atraiu a atenção e os sonhos do homem. Contudo, ainda hoje nós conseguimos explorar e desvendar poucos dos inúmeros mistérios que envolvem o espaço. Isso acontece principalmente por causa das condições espaciais que podem ser vistas no corpo humano, já que os astronautas têm bastante dificuldade de adaptação à microgravidade e isso se reflete em seus corpos.

Por exemplo, Scott Kelly ficou 340 dias a bordo da Estação Espacial Internacional. Durante esse tempo, ele foi coletando dados de si próprio. O astronauta tirou seu sangue, guardou sua urina, jogou games de computador como testes de memória e velocidade da sua reação, e também mediu o formato dos seus olhos. E em terra, Mark, irmão gêmeo de Scott e astronauta aposentado, coletou os mesmos dados.

Agora, na última quinta-feira, depois de mais de três anos da volta de Scott para Terra, a NASA publicou um artigo com os resultados dos 10 anos de estudos com a comparação dos irmãos. O estudo dá uma visão única para que se comece a entender o que acontece no corpo humano quando ele está no espaço até em níveis moleculares.

Viagem ao espaço

Google Earth

De acordo com os pesquisadores, o corpo de Scott teve um número grande de mudanças enquanto ele estava no espaço. Por exemplo, seu DNA sofreu mutação em determinadas células, o seu sistema imunológico produziu vários novos sinais e seu microbioma teve novas espécies de bactérias.

Várias dessas mudanças sumiram assim que o homem voltou para a Terra. No entanto, outras, como as mutações genéticas e a diminuição nos resultados de testes cognitivos, continuaram.

Essa descoberta traz uma dúvida com relação à segurança dos astronautas nas viagens espaciais mais longas, como por exemplo, a tão sonhada ida a Marte. Mesmo assim, ainda é preciso que mais estudos sejam feitos com um maior número de astronautas para se ter uma visão mais abrangente a respeito dos efeitos do espaço no corpo humano.

O mais curioso é que mesmo que o homem esteja indo para o espaço há mais de 60 anos, ainda se sabe pouco a respeito dos efeitos que essa viagem tem no corpo humano. No caso desses dois irmãos, a comparação dos resultados deu à NASA uma possibilidade de entender melhor essas mudanças.

“O fato de que eles são gêmeos realmente restringe as alternativas. Podemos dizer que essas mudanças se devem ao voo espacial”, disse Susan Bailey, coautora do estudo e bióloga de câncer da Universidade Estadual do Colorado.

Mudanças no corpo

Veja

Dentre as mudanças vistas no corpo, uma que surpreendeu os pesquisadores foi o aumento dos telômeros de Scott. Eles são pedaços de DNA no final do cromossomos para os proteger da deterioração. Conforme as pessoas vão envelhecendo, esses telômeros vão ficando mais curtos. Seu tamanho muda por fatores externos, como stress e poluição, que podem encurtá-lo. Mas hábitos bons, como praticar exercícios e ter uma boa alimentação, podem retardar esse encurtamento.

E o que chocou os pesquisadores foi ver que o espaço também tem esse efeito benéfico. Enquanto Scott estava no espaço, seus telômeros aumentaram ao invés de diminuírem. O efeito foi como se as células tivessem rejuvenescido. Mesmo que o astronauta praticasse exercícios e tivesse uma alimentação boa, os pesquisadores acreditam que estar no espaço teve o papel principal nessa mudança.

Além disso, a viagem de Scott também pareceu desencadear uma mudança genética nele. Milhares de genes, que antes eram silenciosos, tiveram sua atividade aumentada. Dentre eles, os genes que codificam proteínas e ajudam a fixar o DNA que está danificado. Essa mudança faz sentido porque os níveis de radiação na ISS podem ser até 48 vezes maiores do que em nosso planeta. Então, esses genes poderiam estar consertando lesões causadas por essa radiação.

Mas além deles, outros genes que foram ativados têm papéis no sistema imunológico. No entanto, os pesquisadores não sabem quais mudanças eles desencadearam. O que eles viram foi que o sistema imunológico de Scott respondeu de forma adequada no espaço. Um exemplo disso foi que a vacina contra gripe que ele tomou em órbita funcionou também na Terra.

A maior parte dos genes que foram alterados voltaram ao normal depois de seis meses na Terra. Contudo, uma porcentagem pequena não voltou. O que os pesquisadores temem é que esses genes acabem aumentando o risco de câncer.

“É difícil ter certeza [de que consequências as mutações trarão], mas acredito que estaria associado a um aumento moderado no risco de câncer”, disse Peter Campbell, biólogo especializado em câncer do Instituto Wellcome Sanger, na Grã-Bretanha.

Outra alteração vista em Scott foi no seu desempenho em testes cognitivos, que diminuiu depois que ele voltou para a Terra. “Ele ficou mais lento e menos preciso em praticamente todos os testes”, disse Mathias Basner, cientista cognitivo da Universidade da Pensilvânia. Isso pode ser resultado de alguma mudança biológica. Mas também existe a possibilidade de o homem estar cansado ou menos motivado para fazer esses testes, o que também impactaria nos resultados.

Fonte: Veja 

Imagens: Veja, Google Earth

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