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YouTuber incluso em álbum da polícia se manifesta: ‘É racismo’

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Um caso de racismo contra um YouTuber ganhou a atenção das redes sociais nas últimas semanas quando o produtor de conteúdo com mais de 300 mil inscritos descobriu que sua foto estava no álbum de suspeitos da polícia.

Thiago Torres é conhecido por seus conteúdos de História inclusiva e acessível em seu canal no YouTube. Ele recebeu o apelido de Chavoso da USP, por ensinar de forma mais abrangente e com gírias da periferia, visando atingir mais públicos.

No entanto, surpreendeu-se ao ser informado que sua foto está no álbum de suspeitos de uma investigação da polícia de São Paulo que buscava informações sobre sequestro.

A identificação veio a partir de um amigo advogado, que observava, casualmente, a lista, quando identificou o YouTuber. Em seguida, notificou o jovem e acionou as medidas judiciais cabíveis para retirar a foto da relação de suspeitos.

Thiago, que protagonizou mais um caso de racismo contra youtuber, é estudante de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), e faz palestras sobre política, história e sociologia.

Via USP

Por conta disso, ficou famoso na internet e iniciou um canal para divulgar mais conhecimento e debates entre o público mais novo. O produtor de conteúdo afirma que esse método de investigação é absurdo. “É racismo e elitismo”, definiu ele em depoimento. Thiago diz que seus amigos da periferia são constantemente abordados pela polícia como suspeitos de crimes por conta da aparência, apenas.

Tratado como criminoso

Com esse caso de racismo contra YouTuber, Thiago Torres afirma que mesmo não cometendo delitos e sendo um estudante universitário, continua sendo tratado como criminoso em potencial, o que leva a abordagens violentas e coloca em risco a sua vida.

Ele afirma que, no Brasil, 40% dos encarcerados estão sob prisão preventiva. Isso significa que muitos sequer passaram por reconhecido de forma adequada, e, mesmo assim, recebem o mesmo tratamento. “Não existe democracia na periferia, o Estado Democrático de Direito nunca foi uma realidade para nós da periferia”, discursa o youtuber.

Na opinião de Thiago, a mudança de governo estadual poderá piorar, ainda mais, essa situação, especialmente pelo comando das polícias, que irá seguir uma nova política.

Dessa forma, o youtuber se preocupa não apenas com o caso de racismo e a possibilidade de prisão, mas com o aumento do encarceramento de pessoas negras e da periferia.

Polícia Civil esclarece caso de racismo contra YouTuber

Via USP

Enquanto isso, a Polícia Civil esclareceu, em comunicado à imprensa, que a Divisão Antissequestro não possui um álbum de imagens de suspeitos. No entanto, utiliza fotografias de pessoas semelhantes aos suspeitos indicados, sendo de domínio público da internet.

Ou seja, não utilizaram uma foto do acervo do youtuber, mas uma imagem pública para ilustrar possíveis suspeitos. No entanto, Thiago rebateu o argumento, dizendo que não existiu nenhuma apuração policial para verificar se a imagem é verídica.

Mesmo que a instituição afirme que a inclusão da imagem não signifique investigação, de fato, o youtuber reforça que trata-se apenas de uma desculpa.

Seu argumento indica que existiam fotos de mais cinco pessoas completamente diferentes umas das outras no mesmo álbum. Inclusive, eram quatro negros e dois brancos de aparência periférica.

Com isso, as chances de uma vítima ver a foto e associá-la a um crime aumenta, prejudicando não apenas sua liberdade, mas sua segurança. Por ser uma pessoa pública, existem mais chances de ser reconhecido por um crime que não cometeu.

Por isso, Thiago ainda busca medidas judiciais para desvincular sua imagem, além de falar sobre o racismo estrutural que acontece dentro e fora do Estado de São Paulo. Para ele, é mais um fato que comprova a importância de debater esse assunto em todos os lugares, inclusive nas universidades.

 

Fonte: UOL

Imagens: USP, USP

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