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A irmã de Simón Bolivar que era contra a libertação das Américas

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Relação de irmão é uma montanha-russa de entendimentos e desentendimentos. No caso de Símon Bolívar e María Antônia Bolívar, as discordâncias iam muito além do destino das férias da família. Enquanto Símon lutava pela independência da Venezuela, sua irmã queria a manutenção da monarquia.

Fonte: Domínio Público

Origens da discordância

Em tese, Símon Bolívar poderia muito bem querer a continuação do sistema monárquico. Isso porque sua família pertencia à aristocracia da Venezuela, e tinha muitos benefícios dentro da ordem colonial que a Espanha instalou nos países latino-americanos.

Ainda assim, ele preferiu reunir tropas e combater as forças espanholas, não só na Venezuela, mas também em outros países como Colômbia, Peru, Panamá, Equador e Bolívia. No meio de todo esse ímpeto revolucionário, chega a ser difícil imaginar que dentro da casa de Símon Bolívar pudesse existir alguém que desaprovasse as suas lutas.

No entanto, essa pessoa existia: María Antônia Bolívar, a irmã mais velha do “Libertador”. Nesse sentido, a descoberta das discordâncias entre os irmãos se mostrou nas cartas que eles trocavam entre si no século 19. Tal acervo foi analisado pela historiadora venezuelana Inés Quintero.

“Me surpreendeu muito sua beligerância, a carga emocional e as diferenças entre os dois. É um material epistolar muito rico pela forma de se comunicar com o irmão, é um tratamento direto, familiar, sem protocolos”, explica a estudiosa.

Fonte: Universal Images Group

Conforme aponta Quintero, a família Bolívar saiu do País Basco no fim do século 16, e se instalou na Venezuela desfrutando dos privilégios que a elite branca desfrutava. Portanto, para María Antônia, era uma contradição o seu irmão se virar contra um modelo político que fez os membros da família crescerem na sociedade.

“O que María Antonia coloca em seus documentos é que se eles haviam sido fiéis à monarquia durante toda a vida, se seus pais, tios, avós, tataravós, haviam tido uma boa relação com a monarquia e, além disso, haviam sido beneficiados por ela, de onde vinha esse distanciamento e enfrentamento”, afirma a historiadora.

Política à parte

Apesar das diferenças, Símon Bolívar não queria que sua irmã tivesse o fim mortal que muitos defensores da monarquia tiveram durante as guerras de independência.

Por isso, em 1814, obrigou que María Antônia Bolívar se exilasse em Curaçao, ilha caribenha de domínio holandês. Afinal, alguns colegas de fronte de Símon viam a irmã dele como uma traidora, podendo assim levar perigo a ela e aos sobrinhos do “Libertador”.

Sendo assim, ela aproveitou sua estadia no novo local para escrever cartas direcionadas à Coroa Espanhola. Em suas palavras, ela buscava destacar que a luta pela independência era um propósito de seu irmão, e não dela. A razão dessa ênfase está no fato da monarquia ter confiscado os bens de María Antônia Bolívar como punição pelos movimentos anticoloniais.

Fonte: BBC

Nesse sentido, ela até conseguiu uma pequena reparação nos danos. Isso porque a Coroa Espanhola pediu que ela se mudasse para Havana, em Cuba, onde ela receberia uma pensão pela lealdade aos espanhóis. Todavia, logo a independência se deu como certa em terras venezuelanas, e ela perdeu esse benefício também.

Dessa forma, em 1822, só restou a María Antônia Bolívar retornar a uma Venezuela que agora vigorava no modelo republicano. “Era a única maneira que tinha de retomar o controle de sua patrimônio e, ao mesmo tempo, recuperar o controle sobre os bens da família”, relata Quintero.

A propósito, enquanto Símon ia para outros países lutar pelas independências deles, coube a María Antônia gerenciar o patrimônio de toda a família Bolívar. Essa situação representa um pouco da mudança de papéis que muitas mulheres vivenciaram durante os confrontos contra a Coroa. Uma vez que os homens estavam nos frontes de batalha, coube a elas fazer a gestão dos bens familiares.

Fonte: BBC.

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