A origem dos jogos de tabuleiros

Você que gosta de jogos de tabuleiro, já pensou quando e como eles surgiram? De acordo com historiadores, os primeiros jogos teriam surgido há cerca de 5.000 anos a.C., em regiões da Mesopotâmia e Egito. Os jogos mais antigos de tabuleiros, o Senet e o Jogo Real de Ur, eram chamados de “jogo de passagem da alma”.

Os jogos eram itens necessários depois da morte, porque os povos daquele período acreditavam que o ato de jogar poderia ser uma forma de diversão eterna. Por isso, conforme a tradição mesopotâmica, os jogos pertencentes aos falecidos eram enterrados juntamente com seus bens pessoais, os protegendo de um tédio infinito.

A partir de 31 a.C., por meio da rota da seda, principal fonte de troca comercial e cultural daquela época, à medida em que entraram em contato com novos povos, os jogos de tabuleiro sofreram diversas adaptações. 

De acordo com o pesquisador Theo Van Ees “(…) arte, religiões, novas ideias e conhecimentos, e também ouro, marfim, porcelana, cavalos e plantas e animais exóticos, todos viajaram por essa rota, transportados por soldados, viajantes e mercadores”. De origem romana, o XII scripta exemplifica essa afirmação: o jogo chegou a regiões como o Uzbequistão e também influenciou os tabuleiros de Gamão do Norte da China.

Foto: Reprodução / “Libro de los juegos”, 1283

Outro jogo que foi modificado ao entrar em contato com novos grupos sociais foi o Chaturanga, o possível precursor do Xadrez. A invenção indiana tinha as suas peças representando as quatro divisões do exército: infantaria (peão), cavalaria (cavalo), elefantes (bispo) e carruagens (torre).

Após o contato com a cultura persa, o jogo se espalhou pelo oeste europeu, por volta de 1000 – 1100 d.C. No entanto, as regras que conhecemos atualmente foram definidas em 1475, em que o vencedor é aquele que consegue deixar o rei adversário sem escapatória da morte (xeque-mate).

Enquanto isso, na América, o Jogo da Onça era parte da cultura de algumas tribos indígenas brasileiras. Esse jogo foi encontrado no Bororos, no Mato Grosso, onde é chamado de Adugo, assim como, entre os Manchineri, no Acre, e os Guaranis, em São Paulo. O jogo tem o objetivo de capturar as peças do jogador, deixando o adversário sem possibilidade de movimentação, parecido com o jogo de Damas.

Jogos industriais

Foto: Reprodução

Séculos depois, anos após o período da Revolução Industrial, houve uma grande difusão dos jogos de tabuleiro. Com a possibilidade de produção em massa, pequenos fabricantes começaram a desenvolver versões dos jogos clássicos e novos para atender à demanda da classe média emergente, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Assim, com o passar das décadas, os pequenos produtores criaram uma lucrativa indústria cultural.

Mesmo que os primeiros jogos industriais não possuíssem nenhuma preocupação com estratégia, o Jogo da Vida , lançado em 1860, é considerado o marco da era moderna dos jogos de tabuleiro. No ano de lançamento, foram vendidas mais de 45 mil cópias.

Foto: Thomas E. Forsyth/ NY Times

Atualmente, o jogo de tabuleiro mais popular do mundo é o Monopoly (Banco Imobiliário). Lançado em 1904, o jogo foi baseado no The Landlord’s Game, de Elizabeth J. Magie Phillips, que o desenvolveu com o objetivo de ensinar a teoria do economista Henry George sobre taxa simples.

Vale destacar que a relação europeia com os jogos de tabuleiro foi intensificada durante a Segunda Guerra Mundial. Inclusive, o serviço secreto britânico enviou mapas impressos no verso de cartas de baralho e dinheiro alemão, que eram colocados em tabuleiros de Damas e Monopoly, para ajudar os prisioneiros de guerra que estavam dentro dos campos de concentração.

Popularização

Foto: Reprodução

Depois de 1945, os jogos de estratégia, a abordagem de conflitos econômicos e a construção de civilizações ganharam mais popularidade, exceto no mercado alemão, que após a guerra censurou jogos de tabuleiro com a temática bélica.

O ato de jogar e se envolver em cenários que imitam a realidade é uma característica comum dos povos desde o começo da civilização. Ao longo da história, os homens desenvolveram inúmeros jogos de tabuleiro, que refletiam a lógica, raciocínio e os grupos sociais.

Por isso, os jogos são mais que um fazer de conta. Por meio das características apresentadas, pode-se analisar em qual ambiente o jogo estava inserido quando foi desenvolvido.

Fonte: Lounge Obvious