A busca por vida fora da Terra acontece há tempos. E para isso os cientistas procuram elementos que são essenciais para a vida como a conhecemos, como por exemplo, a água. Agora, pela primeira vez, cientistas descobriram a presença de água em uma galáxia bem distante e que se formou no começo do universo.
A galáxia é conhecida como J1135, está a 12 bilhões de anos-luz do nosso planeta e surgiu 1,8 bilhões de anos depois do Big Bang. Por mais que ela já tivesse sido estudada, no estudo feito pela universidade italiana SISSA foi revelado algo que pode ser crucial para que os cientistas entendam a origem da vida no universo.
“A água pode ser encontrada não apenas na Terra, mas em qualquer lugar do espaço, em diferentes estados. Por exemplo, na forma de gelo, a água pode ser encontrada nas chamadas nuvens moleculares, regiões densas de poeira e gás nas quais nascem as estrelas”, explicou Francesca Perrotta, principal autora do estudo.
“A água age como um manto, cobrindo a superfície dos grãos de poeira interestelar, que formam os blocos de construção dessas nuvens moleculares e os principais catalisadores da formação de moléculas no espaço”, continuou.
Descoberta
Os cientistas conseguiram fazer essa descoberta usando a técnica da lente gravitacional. Ela dá a eles a possibilidade de observar os corpos celestes distantes por conta dos objetos espaciais de massa grande que estão mais perto do nosso planeta. Segundo os princípios da relatividade geral, esses corpos que estão em primeiro plano acabam distorcendo a luz das fontes que estão atrás dos mesmos objetos, mas alinhados com eles de forma perfeita. Isso funciona quase que como uma lente cósmica gigante.
“Às vezes, algo quebra a quietude e a frieza dessas nuvens moleculares: o nascimento de uma estrela, que libera calor, ou um buraco negro que começa a agregar matéria, emitindo energia. A radiação das estrelas e outras fontes pode aquecer a água gelada, sublimando-a na fase gasosa. À medida que o vapor de água esfria, ele emite luz na parte infravermelha do espectro. Os astrofísicos podem então observar esta emissão de vapor de água para mapear as regiões da galáxia onde a energia é produzida, dando-nos uma visão sem precedentes sobre como as galáxias são formadas”, disse Perrotta.
Por conta da formação de galáxias ainda ser um tópico em aberto na astronomia, estudos desse tipo são essenciais para aumentar o conhecimento dos cientistas a respeito do assunto.
“Ainda não está claro como as galáxias são formadas. Existem pelo menos dois cenários possíveis, não necessariamente alternativos: um vê a agregação de pequenas galáxias para criar outras maiores e o outro vê a formação de estrelas in situ. Estudos como o nosso nos ajudam a entender o que está acontecendo, especificamente naquela galáxia, mas também podemos potencialmente deduzir informações mais genéricas disso”, concluiu ela.
Água
A existência da água pode impressionar os pesquisadores das mais variadas formas, como por exemplo, o chamado TOI-733b, que é um exoplaneta raro com cerca do dobro do nosso planeta e, ao que tudo indica, coberto por um oceano.
Esse planeta está a 245 anos-luz de distância de nós e foi detectado através do Satélite de Levantamento de Exoplanetas em Trânsito (TESS) da NASA. A orbita dele é em torno de uma estrela um pouco menor do que o sol e dura 4,9 dias. O que faz a descoberta desse planeta ser interessante são suas características únicas que podem ter informações fundamentais a respeito da formação dos planetas no universo.
O que mais chama a atenção dos pesquisadores é o tamanho desse planeta. Isso porque são poucos os que se classificam entre a categoria super-Terra, aqueles que têm até 1,5 raios terrestres, e mini-Netunos, os com mais de dois raios terrestres.
De acordo com uma hipótese levantada pela NASA, esses planetas podem ser os núcleos de outros parecidos com Netuno. Até porque, por conta da sua proximidade com suas estrelas, alguns exoplanetas perdem suas atmosferas e se transformam em núcleos menores e despolidos, ou planetas rochosos.
No estudo, liderado por Iskra Georgieva, da Universidade de Tecnologia de Chalmers, na Suécia, foram feitas medições de densidade do planeta, e elas sugeriram que ele pode ter perdido sua atmosfera ou então ser totalmente coberto por água.
De acordo com alguns dados, a atmosfera desse planeta está sendo esgotada de forma lenta, muito provavelmente por conta do calor da estrela que ele orbita. Se isso realmente for verdade, em algum momento o TOI-733b pode se transformar em um planeta rochoso.
Ainda de acordo com os pesquisadores, conseguir ver se o planeta tem uma atmosfera secundária ou é um planeta coberto por água é fundamental para que a compreensão sobre exoplanetas seja aprofundada.
Fonte: Olhar digital, Mistérios do mundo
Imagens: Euro es euro, Olhar digital