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Arroz com feijão: de onde surgiu?

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O almoço brasileiro mais tradicional possível é o famoso arroz com feijão. Sem entrar nos debates sobre a forma correta de preparar cada um e nem a ordem certa de servir o prato, é inegável que a cultura brasileira está nesse prato. Tão simples, mas tão rico em nutrientes e história, o arroz com feijão possui muitas origens.

Por mais que exista arroz e feijão ao redor do mundo, esse prato culinário é tipicamente brasileiro. Assim, único lugar que possui algo semelhante é Cuba, com moros y cristianos. Contudo, o hábito de combinar os grãos brancos com os grãos marrons, ou outra cor de sua preferência, não é tão antigo quanto muitos acreditam ser.

Dessa forma, especula-se que o prato tenha se popularizado somente no final do século 19. Isso porque, nessa época, o arroz ganhou espaço no prato do brasileiro, substituindo as farinhas de milho e de mandioca.

“No Norte e Nordeste, a farinha ainda é uma base alimentar muito forte e compete com o arroz”, diz Ricardo Maranhão, coordenador do Centro de Pesquisas em Gastronomia Brasileira da Universidade Anhembi Morumbi.

Arroz com feijão

Considerando que é de fácil preparo e produção, o feijão já está presente na alimentação dos indígenas há tempos, com pouco caldo e misturado com farinha na maior parte dos casos, assim como pimenta e carne. Já o arroz que conhecemos, que é do tipo Oryza-sativa, não é brasileiro.

O arroz veio da Ásia junto com os portugueses. Antes disso, outro tipo era predominante no Brasil, chamado milho-d’água, mas ele não era comum nas refeições. Assim sendo, como não era permitido beneficiar o arroz oriental, com um processo que envolve lavagem e desascamento, até o século 18, o arroz era “papado”.

“Só em 1766 foi estabelecida uma beneficiadora no Rio de Janeiro, com a permissão do governo português, o que fez com que o arroz ficasse mais soltinho”, afirma Ricardo Antonio Barbosa, professor de História da Gastronomia do Senac-SP.

Então, quem teve a brilhante ideia de misturar os dois? A história não é capaz de dizer. Uma das hipóteses que o pesquisador brasileiro Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) levanta em seu livro História da Alimentação no Brasil é a de que o arroz com feijão começou a ser consumido só em 1808.

Dessa forma, o responsável teria sido dom João VI, que teria introduzido o arroz no rancho dos soldados.

O prato moderno

Reprodução

Nos dias atuais, o prato se tornou tão marcante que já faz parte das obras literárias também. “Que prazer mais um corpo pede após comido um tal feijão? Evidentemente uma rede e um gato para passar a mão”, canta Vinicius de Moraes em sua Feijoada à minha moda, escrita em 1962.

Assim, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou a preferência por esse prato. Na ocasião, entre os anos de 1974 e 1975, o IGBE analisou as despesas familiares e os hábitos alimentares do país, apontando que o brasileiro ama arroz com feijão.

Contudo, pesquisas recentes mostram que o consumo do prato está em queda. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017 e 2018, o brasileiro está comendo cada vez menos arroz e mais feijão se comparar com a década anterior.

Por outro lado, cresce o consumo de sanduíches, macarrão e salada. Porém, o eco da pandemia do novo coronavírus e seus efeitos sobre o mercado mundial afetou o prato brasileiro, visto que os preços dos dois alimentos subiram consideravelmente em 2020.

Assim sendo, só no ano de 2020, o feijão carioca subiu 43%. Já o arroz, com alta que chega a 80% em alguns supermercados, é um dos protagonistas da inflação nos valores dos alimentos no Brasil.

Dessa forma, o cenário chama atenção pelo prato ser tradicionalmente popular. Logo, com qualidade necessária para uma boa alimentação, deveria estar ao alcance das parcelas mais pobres da população.

Fonte: Aventuras na História

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