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As bombas nucleares perdidas que ninguém consegue encontrar

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Em 17 de janeiro de 1966, o pior acidente com bombas nucleares de toda a Guerra Fria ocorreu, na costa sudeste da Espanha, em Palomares. Durante uma manobra de abastecimento aéreo, um bombardeiro B-52, que transportava quatro bombas de hidrogênio, e um avião-tanque KC-135 norte-americano chocaram-se em pleno ar. Na ocasião, ambos os aviões explodiram.

Após a explosão, uma bomba caiu, intacta, em um campo de tomates perto de uma vila de Palomares, uma aldeia de pescadores na Espanha. Outra caiu no mar, em algum lugar ao largo da costa, e ali ficou. As outras duas detonaram. Nesse ínterim, fragmentos e poeira de plutônio caíram, na área onde ocorreu o impacto.

Semanas após o acidente, Palomares parecia cenário de um filme sobre o apocalipse. Na terra, homens usando roupas de proteção e máscaras manuseavam contadores Geiger para procurar indícios de radiação no solo. Os campos de cultivo foram interditados. Com isso, uma safra inteira de tomates apodreceu.

O governo dos Estados Unidos, na época, removeu dos campos onde o plantio havia sido interditado cerca de 1.400 toneladas de terra. O solo contaminado foi transportado para os Estados Unidos. A bomba que estava intacta também. Depois disso, dezenas de navios de guerra norte-americanos patrulharam a área litorânea onde uma testemunha afirmou ter visto a bomba cair. Mas não a encontraram.

Número desconhecido

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Esse incidente em Palomares não foi o único que causou a perda de bombas nucleares. Pelo menos outros 32 acidentes, que são conhecidos como flechas partidas, aconteceram desde 1950.

Em vários casos, as bombas foram lançadas por engano ou então ejetadas em situações de emergência, mas foram recuperadas depois. No entanto, três bombas americanas estão completamente perdidas. Elas existem até os dias de hoje, escondidas em pântanos, campos e oceanos pelo mundo.

“Nós sabemos principalmente sobre os casos americanos”, afirmou Jeffrey Lewis, diretor do Programa de Não Proliferação do Leste Asiático do Centro James Martin de Estudos de Não Proliferação na Califórnia, nos Estados Unidos.

Conforme ele explica, a lista completa só foi ser conhecida quando o Departamento de Defesa dos Estados Unidos fez um resumo que veio a público nos anos 1980. Vários desses casos aconteceram durante a Guerra Fria, época em que os EUA estavam tentando se equilibrar frente ao precipício da Destruição Mútua Assegurada (MAD) com a União Soviética.

Por conta disso, entre 1960 e 1968, os céus eram equipados com bombas nucleares em todos os momentos durante a chamada Operação Chrome Dome.

“Não sabemos muito sobre os outros países. Nós realmente não sabemos nada sobre o Reino Unido, a França, a Rússia ou a China. Por isso, acho que estamos longe de ter as informações completas”, pontuou Lewis.

No caso da União Soviética, seu passado com armas nucleares é bem obscuro. Em 1986, o país já tinha um estoque de 45 mil armas nucleares. E é sabido de casos que a URSS perdeu bombas nucleares que também nunca foram recuperadas. No entanto, ao contrário dos incidentes americanos, todos os da URSS aconteceram em submarinos. Além disso, suas localizações são conhecidas, mesmo que elas sejam inacessíveis.

Bombas perdidas

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As três bombas americanas perdidas não precisaram de um esforço tão grande para serem recuperadas. No entanto, acredita-se que o risco de elas causarem uma explosão nuclear seja baixo.

Para Lewis, é quase impossível que essas bombas sejam encontradas. Em parte por conta das mesmas razões que elas não foram encontradas na época em que desapareceram. Um desses motivos é porque, geralmente, elas são localizadas através de uma busca visual, o que é extremamente difícil.

Além disso, na sua visão, Lewis acredita que perdas como as que aconteceram na Guerra Fria provavelmente não irão acontecer de novo, principalmente porque a operação Chrome Dome terminou em 1968 e os aviões não voam mais carregando bombas nucleares.

Fonte: BBC

Imagens: BBC

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