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China produz o maior catálogo mundial de hidrogênio neutro no espaço profundo

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A corrida espacial entre os EUA e a União Soviética aconteceu décadas atrás. Contudo, a motivação de chegar ao espaço, explorar seus recursos e entendê-lo da melhor forma possível ainda não acabou. Tanto é que a própria agência espacial dos EUA, a NASA, disse que os EUA estão em uma nova corrida espacial com a China.

Nesse mesmo pronunciamento, feito em janeiro desse ano, a agência disse que os americanos têm que ficar de olho nos chineses para que eles não tentem dominar os recursos espaciais.

Essa é uma preocupação legítima, tanto que uma equipe de astrônomos da China construiu o maior catálogo de alta qualidade de fontes de hidrogênio neutro (HI) além de nossa galáxia. Para isso eles usaram o Radiotelescópio Esférico de Abertura de Quinhentos Metros (FAST), também chamado de China Sky Eye.

Além dos astrônomos, pesquisadores da Universidade de Guizhou, dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências e da Universidade de Pequim também ajudaram no estudo.

De acordo com Lister Staveley-Smith, professor da Universidade da Austrália Ocidental e revisor do artigo, esse trabalho é um “marco impressionante”. Até porque, medir a abundância e cinemática do hidrogénio através da linha de emissão de 21 centímetros tem o potencial de abordar várias questões astrofísicas, como por exemplo, galáxias tênues desconhecidas, estrutura e evolução cósmica e as possíveis propriedades da matéria escura.

Projeto

Revista Fórum

Esse catálogo feito tinha ao todo 41.741 fontes de HI que foram descobertas entre agosto de 2020 e junho de 2023. Esse número foi maior do que as fontes parecidas no mundo todo, tanto em quantidade como em qualidade.

Esse estudo feito é parte de um projeto chamado levantamento FAST All Sky HI (FASHI). O objetivo dele é cobrir todo o céu visível. Os resultados até agora correspondem a cerca de 35% do céu e o esperado é que mais 100 mil fontes de HI sejam registradas ainda nos cinco anos seguintes.

O FAST é o maior radiotelescópio de antena única do mundo. Ele tem uma área de recepção correspondente a 30 campos de futebol. Ele começou sua operação oficialmente no dia 11 de janeiro de 2020. Quando o projeto acabar, ele irá ter dado o maior catálogo HI extragaláctico.

China

UOL

Esse feito mostra que a China realmente está se consagrando como uma potencia espacial. Na visão de Bill Nelson, administrador da NASA, ex-astronauta e senador na Flórida, o país, em determinado momento, poderia reivindicar as regiões ricas em recursos na lua.

“É um fato: estamos em uma corrida espacial. E é verdade que é melhor ficarmos atentos para que eles não cheguem a um lugar na Lua sob o disfarce de pesquisa científica. E não é impossível que eles digam: ‘Fique longe, estamos aqui, este é nosso território’”, disse Nelson.

Um argumento usado por Nelson é a agressão da China a respeito das ilhas do Mar do Sul da China. Nessa região, Pequim estabeleceu bases militares como uma prova da ambição do país. Com isso, o ex-astronauta disse que os próximos dois anos irão ser determinantes na corrida espacial.

Em 2022, o programa espacial chinês não só montou uma estação espacial como lançou várias missões para que amostras fossem coletadas da lua. Além disso, o país tem previsto para 2025 uma terceira fase do seu programa espacial. Nela está prevista a instalação de uma estação de pesquisa lunar autônoma que será localizada perto do Polo Sul da lua.

Esses planos têm tudo para se tornarem realidade. Tanto é que, em dezembro, o governo do país mostrou sua visão sobre o pouso lunar tripulado, além de também apresentar o transporte espacial, infraestrutura e governança espacial. A China também fez o anúncio sobre os planos de pousar astronautas no nosso satélite natural até o fim dessa década.

Já a NASA, recentemente, completou a primeira fase da sua missão Artemis. O objetivo dessa missão de três fases é colocar novamente o ser humano na lua. Contudo, embora as outras missões estejam sendo planejadas com o foco na lua, os norte-americanos também têm Marte como um foco.

A preocupação com a China não foi vista somente pelo administrador da NASA. O alto escalão militar dos EUA também demonstrou preocupação. A tenente-general da Força Espacial, Nina Armagno, disse durante uma visita à Austrália que é totalmente possível que a China alcance e ultrapasse os norte-americanos. Ela ainda ressaltou o que chamou de “enorme progresso em pouquíssimo tempo”.

Com todas essas alegações, Pequim rejeitou as interpretações feitas por Washington e disse que o espaço não é um campo de batalha, mostrando que os EUA tentam deturpar os esforços espaciais chineses que são legítimos e normais.

“A China sempre defende o uso pacífico do espaço sideral, se opõe ao armamento e à corrida armamentista no espaço sideral e  trabalha ativamente para construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade no domínio espacial”, disse o porta-voz da embaixada do país em Washington, Liu Pengyu.

Fonte: Revista Fórum, Veja

Imagens: Revista Fórum, UOL

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