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Ciência diz que você não deveria estar acordado depois da meia-noite

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Diversas evidências apontam que a mente humana funciona de uma forma diferente se estiver acordada durante a noite. Após a meia-noite, as emoções negativas costumam atrair mais a nossa atenção que as positivas. Também nesse período, as ideias perigosas crescem em apelo e as inibições desaparecem.

Por isso, alguns pesquisadores apontam que o ritmo circadiano humano está envolvido nessas mudanças críticas na função. Um novo artigo ainda descreve como os sistemas cerebrais funcionam de maneira diferente após o anoitecer.

A hipótese, chamada “Mente depois da meia-noite”, sugere que o corpo humano e a mente humana seguem um ciclo de 24 horas de atividade que influencia nossas emoções e comportamento.

Em resumo, em certas horas, os humanos costumam sentir e agir de certas formas. Durante o dia, por exemplo, os níveis moleculares e a atividade cerebral são sintonizados com a vigília. No entanto, à noite, nosso comportamento comum é dormir.

Evolução

Foto: iStock

Considerando a teoria evolutiva, o ciclo citado acima faz sentido. Nós humanos somos mais eficazes na caça e na coleta à luz do dia e, mesmo que a noite seja um ótimo momento de descansar, nesse período os humanos tinham mais riscos de serem caçados.

De acordo com os pesquisadores, para lidar com esse risco aumentado, nossa atenção a estímulos negativos é aumentada durante a noite.

No entanto, se antes isso poderia ter nos ajudado com ameaças invisíveis, atualmente, esse hiperfoco no negativo pode alimentar um sistema de recompensa/motivação alterado. Com isso, a pessoa pode ficar propensa a ter comportamentos de risco.

Quando consideramos a perda de sono, esse estado de consciência se torna ainda mais perigoso.

“Existem milhões de pessoas que estão acordadas no meio da noite e há evidências bastante fortes de que seu cérebro não está funcionando tão bem quanto durante o dia”, diz a neurologista Elizabeth Klerman, da Universidade de Harvard.

A pesquisadora explica que é preciso que mais pesquisas analisem isso, porque a saúde e segurança dos humanos são afetados.

Os desejo à noite

Foto: iStock

Os autores do novo estudo usam dois exemplos para ilustrar seu ponto. O primeiro exemplo é de um usuário de heroína que lida bem com seus desejos durante o dia, mas acaba cedendo aos desejos à noite.

A segunda hipótese é de um estudante universitário lutando contra a insônia, que começa a sentir solidão e desespero conforme as noites sem dormir se acumulam.

Os dois cenários podem ser fatais, inclusive ao ser considerado que suicídio e automutilação são muito comuns à noite. Vale destacar que algumas pesquisas apontam um risco três vezes maior de suicídio entre meia-noite e 6h da manhã em comparação a outros horários do dia.

Uma pesquisa de 2020 apontou que a vigília noturna é um fator de risco de suicídio, “possivelmente por desalinhamento dos ritmos circadianos”.

“O suicídio, antes inconcebível, surge como uma fuga da solidão e da dor, e antes que os custos do suicídio sejam considerados, o estudante adquiriu os meios e está preparado para agir em um momento em que ninguém está acordado para detê-los”, os autores da hipótese ‘Mente depois da meia-noite’ explicam os pesquisadores.

Substâncias ilícitas

Foto: Getty Images

Especialistas apontam que substâncias ilícitas ou perigosas também são mais consumidas pelas pessoas à noite. Em 2020, uma pesquisa em um centro de consumo supervisionado de drogas no Brasil apontou um risco 4,7 vezes maior de overdose de opioides à noite.

Alguns desses dados podem ser explicados pela dívida de sono ou pela cobertura que a escuridão oferece. No entanto, cientistas acreditam que também existem mudanças neurológicas noturnas influenciando a situação.

Para pesquisadores como Klerman e seus colegas, esses fatores precisam ser melhor investigados para garantir que estamos protegendo as pessoas mais afetadas pela privação do sono durante a noite.

De acordo com os autores, até o momento, nenhum estudo examinou como a privação do sono e o tempo circadiano afetam o processamento de recompensa de uma pessoa. Por isso, não sabemos como os trabalhadores em turnos, como pilotos ou médicos, estão lidando com sua rotina incomum de sono.

Na realidade, a ciência aponta que ainda sabemos pouco sobre como o cérebro humano funciona, dormindo ou acordado.

Fonte: Hypescience

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