Curiosidades

Ciência tenta explicar como uma cidade gaúcha tem tantos gêmeos

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Gêmeos sempre geram uma curiosidade por si só nas pessoas. Eles podem ser univitelinos ou bivitelinos. Os univitelinos se desenvolvem a partir de um mesmo óvulo, que foi fecundado por um único espermatozoide. Portanto, eles serão gêmeos idênticos. Se forem bivitelinos, quer dizer que dois óvulos diferentes foram fecundados por dois espermatozoides diferentes. Ou seja, eles vão ser parecidos como outros irmãos que se parecem, mas que não são gêmeos, só que não serão idênticos.

Mesmo que uma pessoa queira muito ter filhos gêmeos, as chances podem não ser muito altas. A não ser que essa pessoa seja de Cândido Godói, uma pequena cidade gaúcha conhecida por seu grande número de gêmeos.

Isso chamou a atenção de todos e fez com que médicas geneticistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) fossem pesquisar a cidade para encontrar uma resposta para essa incidência tão grande.

Motivo

Instituto Villamil

Por anos foram elaboradas lendas e teorias da conspiração que se espalharam pela cidade. Todas essas histórias mirabolantes tentavam explicar o motivo de tantos gêmeos nascerem na cidade. Em algumas delas, a culpada de tudo era a água, já outras diziam que tudo poderia estar envolvido em experimentos nazistas.

No entanto, nenhuma dessas explicações fazia muito sentido. Então, depois de mais de uma década de pesquisas e exames, essas hipóteses absurdas foram descartadas pelos médicos e pesquisadores.

“O que acho que a gente conseguiu demonstrar de maneira cabal com nosso estudo, que foi feito a partir de 2008 e coordenado pela professora Lavínia, é que o fenômeno dos gêmeos em Cândido Godoi ocorre muito antes do Josef Mengele poder estar no Brasil, quando ele ainda estava certamente na Alemanha, e segue ocorrendo muito depois”, explicou a geneticista Úrsula Matte.

“Quando a gente considerou a proporção, ou seja, o número de nascimentos gêmeos sobre o número total de nascimentos, isso não se modifica desde início do século 20, que é quando aquela comunidade se estabeleceu”, disse a geneticista Lavínia Schuler-Faccini.

Segundo Úrsula, uma das coisas que podem estar acontecendo em Cândido Godói “é que exista algum fator genético que facilite levar a termo uma gestação gemelar. Porque isso seria um fator em comum com os dois tipos de gêmeos que têm origem distinta. Então a gente tem alguma evidência nesse sentido, mas a gente não pode bater o martelo de que é isso que tá acontecendo”.

Nascimento de gêmeos

Fetalmed

De acordo com Anencir Flores da Silva, principal obstetra da cidade, o nascimento de gêmeos na cidade já não é mais o mesmo que era na década de 1990. “Agora nós estamos normal, então isso aí que chama atenção. Se aquelas mulheres tivessem, o gene T52, elas provavelmente deixariam essa herança para as futuras filhas, e o fenômeno iria continuar existindo”, pontuou.

“Mas como não é assim, o fenômeno já passou daquela década, então pensa-se que possa haver ou um engano, ou temos que fazer melhores estudos, com maior apuramento dos fatos”, avaliou.

Em Cândido Godói, o nascimento de gêmeos pode ter dado uma diminuída, mas no país como um todo os números têm aumentado. Segundo o Sinasc, que é o sistema de informações sobre nascidos vivos, entre 2018 e 2019, o Brasil registrou mais de 60 mil nascimentos de gêmeos.

Esse crescimento também foi objeto de estudo da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com ela, em São Paulo, entre 2003 e 2014 aconteceu um aumento de 10 para 13 a cada mil nascimentos. O IBGE pontuou que esse aumento foi de mais de 28% nos últimos dez anos.

O fato é explicado pela ciência tendo como principal fator o aumento de casos de reprodução assistida. “No nosso mundo ocidental, como se diz, o principal fator que levou ao aumento de nascimentos gemelares é a fertilização assistida”, explicou a geneticista Lavínia Schuler-Faccini.

Fonte: Jornal da Band

Imagens: Instituto Villamil, Fetalmed

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