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Cientistas encontram em Pernambuco espécie de árvore desaparecida há quase 200 anos

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Grandes e robustas, as árvores nunca são pensadas de maneira diferente do senso comum, ou seja, um bom lugar para fazer sombra e, às vezes, render alguns frutos para o consumo. Mas elas, que muitas vezes são vistas só como parte de uma paisagem maior, têm suas peculiaridades. E são muitas.

Somos ensinados, desde sempre, que as árvores são extremamente importantes para o nosso planeta. São imprescindíveis para a vida na Terra, ainda mais agora que estamos passando por mudanças climáticas profundas por conta do descaso com a natureza.

Por isso que a descoberta de algumas espécies são celebradas, como por exemplo, essa feita por uma equipe de cientistas brasileiros, com o apoio da ONG Re:wild. Eles conseguiram identificar quatro árvores de azevinho, espécie que teve sua última observação há 185 anos.

Descoberta

CNN

Os arbustos dessa espécie foram achados no município de Igarassu, na região metropolitana do Recife, em Pernambuco. Antigamente, esse lugar era uma floresta tropical atlântica bem densa, contudo, hoje em dia ele é cheio de áreas urbanas e plantações de cana-de-açúcar.

A equipe de cientistas foi liderada pelo ecologista Gustavo Martinelli, da Navia Biodiversity Ltd. e ficou seis dias fazendo pesquisas em lugares diferentes do Recife. E a descoberta dessas árvores foi feita no dia 22 de março, mas só foi divulgada recentemente.

“O azevinho pernambucano está em situação de emergência agora. Pode estar à beira da extinção porque, até onde sabemos, existem apenas quatro indivíduos da espécie. E esses indivíduos estão em uma área de mata ciliar degradada, apesar de protegidos por lei”, disse Martinelli.

Segundo os pesquisadores, identificar o arbusto é uma coisa complexa e que, até o momento, existia pouco material que servisse de ajuda para que eles conhecessem as características deles. Mesmo assim, eles conseguiram fazer essa identificação por conta das flores verdes minúsculas que são típicas dessa espécie.

“No momento em que encontramos Ilex sapiiformis, parecia que o mundo tinha parado de girar. A natureza nos surpreende. Encontrar uma espécie da qual não se ouve falar há quase dois séculos não acontece todos os dias. Foi um momento incrível, e a emoção foi sentida por toda a equipe. Quando olhei para o professor Milton Groppo, vi que ele estava com lágrimas nos olhos”, disse a pesquisadora Juliana Alencar, assistente do projeto da expedição.

Árvore

Ismael js nature

Depois dessa descoberta feita, o próximo passo dos pesquisadores é continuar a busca por mais árvores dessa espécie. Além disso, eles também esperam conseguir fazer a coleta de sementes da árvore e germiná-las para que ela não seja extinta.

Então, uma equipe do Jardim Botânico de Recife está fazendo o monitoramento dos quatro arbustos que foram descobertos e voltando ao local toda semana para ver se as árvores estão crescendo fortes.

E assim que as sementes forem coletadas, “o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) deve iniciar a etapa de germinação para tentativas de reprodução do material”, de acordo com o que foi divulgado pelo Jardim Botânico.

Importância

O Globo

Um dos motivos para as árvores serem tão importantes é que consomem e armazenam carbono da atmosfera em sua madeira. Mas e quando uma árvore morre, o que acontece?

Essa pergunta é tão complexa que até os dias de hoje não se entende bem como todo o processo acontece. A madeira morta, que é composta por árvores caídas, árvores mortas em pé e troncos e galhos caídos, atualmente tem aproximadamente 8% de todo o carbono que já está na atmosfera.

Contudo, o quadro completo que a madeira em decomposição tem no ciclo global do carbono é difícil de se estimar. Por conta disso, vários experimentos novos estão sendo feitos para colocar um número nessa parte que é tão importante no ciclo de carbono do nosso planeta. Eles sugerem que os insetos têm um papel invisível, mas muito importante.

Os estudiosos acreditam que anualmente cerca de 10,9 giga toneladas de carbono são liberadas de matéria lenhosa em decomposição ao redor do mundo. Isso é o equivalente a 115% das emissões anuais de combustíveis fósseis, e um quarto do carbono liberado dos solos todos os anos.

Entretanto, isso também é uma parte natural da renovação da floresta, já que a decomposição é uma parte crucial do ciclo de vida da floresta. Mais de 90% dessas emissões vêm da desintegração da madeira nos trópicos. E quase 30% são liberadas pelos insetos em decomposição.

“Até agora, pouco se sabia sobre o papel das árvores mortas. Sabemos que as árvores vivas desempenham um papel vital na observação do dióxido de carbono na atmosfera. Mas até agora, não sabíamos o que acontece quando essas árvores se decompõem. Acontece que isso tem um impacto enorme”, disse o ecologista e biólogo conservacionista David Lindenmayer, da Australian National University (ANU).

Claro que nem todo o carbono que é liberado pela madeira morta vai direto para a atmosfera. Um pouco fica preso no solo ou em criaturas que usam a madeira como alimento ou abrigo

De acordo com um estudo feito no começo de 2021, descobriu-se que as árvores mortas em pé podem não estar emitindo tantos gases de efeito estufa por conta própria quanto o solo. E essas árvores podem, na realidade, agir como palha e sugar carbono ou metano do solo, emitindo-os na atmosfera.

A velocidade com a qual a madeira morta vai se decompor depende principalmente das interações entre o clima local e a atividade dos decompositores, como por exemplo, os fungos, micro-organismos e insetos.

Os pesquisadores viram que a mudança climática pode aumentar a decomposição da madeira nas regiões tropicais e subtropicais, conforme as temperaturas vão subindo. Isso, desde que ainda tenha umidade nessas regiões. E nas áreas secas, a decomposição da madeira provavelmente irá diminuir, mesmo se as temperaturas forem altas.

A conclusão à qual se chegou foi que as florestas temperadas e boreais mais ao norte representam menos de 7% do carbono liberado da madeira morta anualmente. O resto vem dos trópicos. Os pesquisadores descobriram que nesses lugares a precipitação e os insetos chatos de madeira juntos têm um papel bem crítico na reciclagem das árvores mortas.

Fonte: CNN, Science alert

Imagens: CNN, Ismael js nature, O Globo

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