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Cientistas tentam explicar por que os livros de Game of Thrones são tão populares

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Desde 1996, os cinco volumes de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, saga de livros escrita pelo americano George R.R. Martin, já venderam 70 milhões de cópias e foram traduzidos para 45 idiomas. Além disso, a obra deu origem a Game of Thrones (2011-2019), da HBO, uma das séries mais populares do mundo.

Por causa do sucesso da série, muitos fãs decidiram ler os livros. No entanto, o que chama a atenção na obra de Martin não são apenas os elementos fantásticos, como dragões, magia e White Walkers, mas também a interação social dos personagens, que se adequa às expectativas do nosso cérebro.

A afirmação acima é defendida em uma pesquisa publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences. Uma equipe de físicos, matemáticos e psicólogos utilizou a ciência para analisar o enredo dos livros que inspiraram  Game of Thrones e, com isso, encontrar os padrões na narrativa e no comportamento dos personagens.

Perfil lotado

Foto: Thomas Gessey-Jones et al. / PNAS/Divulgação

Os pesquisadores criaram um gráfico com os personagens mais relevantes dos livros de Game of Thrones, e as conexões entre eles. Veja acima.

A rede é maior que essa, mas para montar a estrutura, o estudo considerou personagens que interagem em, ao menos, 40 capítulos da saga. Vale notar que existem conexões envolvendo nomes como Ned Stark e Robert Baratheon, apontando a relevância deles para a obra, mesmo morrendo logo no começo.

Além disso, os cientistas observaram que apesar da obra ter dois mil personagens, cada um se limita a, no máximo, 150 interações. Isso faz sentido quando se considera um estudo da Universidade de Oxford, que aponta que 150 é o número máximo de amigos que o nosso cérebro consegue manter ao mesmo tempo. Acima disso, fica impossível memorizar as informações que serão adicionadas conforme você interage com outras pessoas.

Também é apontado que os livros de Game of Thrones têm a história narrada por personagens diferentes. Mostrar vários pontos de vista pode ajudar o leitor a construir melhor o enredo e as interações na sua cabeça. No total, 24 personagem narram os capítulos da saga, entre eles, Tyrion Lannister e Jon Snow são os mais recorrentes nessa função: com 47 e 42 capítulos, respectivamente.

Licença para matar nos livros de Game of Thrones

Foto: HBO/ Reprodução

As mortes de “As Crônicas de Gelo e Fogo” são uma das marcas da saga, seja pela forma inesperada com que acontecem ou pelas consequências que elas provocam. Por causa disso, os cientistas analisaram os assassinatos que ocorrem nas histórias para entender as motivações deles.

Para entender isso foi preciso reordenar cronologicamente os acontecimentos que aparecem nos livros de Game of Thrones, isso porque existem histórias contadas no meio que rolaram séculos antes. Usando uma linha do tempo criada por fãs no Reddit, os pesquisadores organizaram as mortes de acordo com o ano em que elas acontecem. Logo em seguida, contabilizaram as mortes que ocorreram em cada capítulo, a estrutura feita por Martin, e compararam os dois gráficos.

Eles notaram que quando as mortes são colocadas em ordem cronológica, existem diversos espaços de tranquilidade na trama, em que ninguém morre. De acordo com a pesquisa, se ela tivesse sido apresentado dessa forma, o ritmo dos assassinatos se tornam previsíveis.

Em resumo, o enredo de Martin faz com que as mortes sejam inesperadas.

“O estudo oferece evidências convincentes de que bons escritores trabalham com muito cuidado dentro dos limites psicológicos do leitor”, afirma em um comunicado Robin Dunbar, psicólogo evolucionista da Universidade de Oxford e um dos autores da pesquisa.

Outro autor, Colm Connaughton, matemático da Universidade de Warwick, no Reino Unido, acrescenta que “as pessoas entendem o mundo por meio de narrativas, mas não temos compreensão científica do que torna histórias complexas relacionáveis ​​e compreensíveis”.

Além disso, a fama dos livros de Game of Thrones pode ser explicada pelo estilo de escrita de Martin. Isso porque ele deixa os personagens guiarem a história. Apesar de saber como a trama irá acabar, é a personalidade dos personagens, adquirida ao longo do tempo, a principal peça para o desenvolver da trama.

Fonte: Superinteressante

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