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Cogumelos psicodélicos podem ajudar a diminuir alcoolismo

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O uso de psicodélicos pode ajudar pessoas com alcoolismo a reduzir a quantidade de álcool que ingerem, segundo novo estudo. Por meio da psilocibina, um composto psicodélico encontrado em cogumelos alucinógenos, cientistas trataram pacientes num período de oito meses e observaram melhora em seus hábitos.

Assim sendo, a ideia de usar os psicodélicos como forma de tratamento para o alcoolismo esteve em alta durante as décadas de 1960 e 1970. Nessa época, os estudos sobre o LSD descobriram que ele reduzia o uso indevido de álcool. Porém, nas décadas seguintes, os estudos sobre os psicodélicos diminuíram consideravelmente.

O estudo em questão incluiu 93 pessoas dependentes de álcool. Nos três meses anteriores ao estudo, os participantes bebiam em aproximadamente 60 dos dias. Cerca de metade era de consumo pesado, definido pela pesquisa como cinco ou mais drinks por dia para um homem e quatro ou mais para uma mulher.

Então, de forma aleatória, os participantes receberam a orientação de ingerir uma cápsula de psilocibina ou um antialérgico que serviu como placebo duas vezes ao longo de 36 semanas. Além disso, tiveram quatro sessões de terapia antes da primeira dose, quatro entre elas e mais quatro após a segunda dose.

Resultados

Depois das duas sessões de terapia, todos os participantes já apresentaram uma diminuição no consumo de álcool. Os dias de consumo excessivo diminuíram para cerca de um quarto do tempo. Esse número caiu ainda mais para as pessoas que tomaram psilocibina.

Ao final do estudo, o consumo excessivo foi reduzido para cerca de um décimo dos dias em que bebiam antes da pesquisa. Já quem tomou antialérgico continuou consumindo álcool em um quarto dos dias.

Assim sendo, as pessoas que tomaram os psicodélicos relataram uma experiência intensa. Porém, dentro do estudo, os cogumelos eram seguros e causaram efeitos colaterais leves após o uso, como dor de cabeça e náusea. Todos os participantes foram cuidadosamente selecionados e observados durante toda a duração da pesquisa. Vale destacar que pessoas com outras condições psiquiátricas ou em um ambiente menos controlado teriam uma experiência potencialmente perigosa.

Além disso, a psilocibina com a terapia é uma combinação fundamental na abordagem utilizada na pesquisa. Isso porque os pesquisadores sugerem que os psicodélicos podem ajudar o cérebro a crescer mais facilmente em áreas que afetam o pensamento e o comportamento. Logo, torna as pessoas mais abertas à terapia.

Como as mudanças duraram meses após a segunda dose da psilocibina, isso sugere que a droga trata o distúrbio do vício em álcool e não apenas ameniza os sintomas.

Droga psicodélica tem potencial no combate à depressão

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Getty Images

Outra aplicação interessante das drogas psicodélicas é no combate à depressão, de maneira parecida com os efeitos que elas têm no alcoolismo.

A depressão afeta cerca de 5,8% da população brasileira, totalizando em 11,5 milhões de casos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Esse índice é o maior da América Latina e o segundo maior das Américas, perdendo apenas para os Estados Unidos, que registram 5,9% da população com depressão. No entanto, apenas 30% das pessoas reagem ao tratamento com drogas como antidepressivos.

Por essa razão, a medicina vem enfrentando o desafio de ampliar as drogas disponíveis para tratar pessoas com o transtorno. Assim, uma série de exames clínicos já demonstrou que a psilocibina pode tratar a depressão de forma rápida, incluindo em casos de pacientes diagnosticados com câncer, mas pouco se sabe sobre como essa substância age no cérebro de fato.

Dois estudos publicados recentemente nas revistas científicas The New England Journal of Medicine e na Nature Medicine já deram um pouco de luz sobre o processo misterioso das drogas psicodélicas. Desse modo, os estudos que usaram imagens por ressonância magnética funcional (RMF) do cérebro mostraram que a psilocibina reduz a atividade do córtex pré-frontal. Essa área é responsável por regular uma série de funções, como a atenção, controle da inibição, os hábitos e a memória.

O composto presente em psicodélicos reduz as conexões entre essa região e o córtex cingulado posterior, sendo que a conexão ativa entre as regiões caracteriza uma “rede de modo padrão”.

Portanto, ao reduzir a atividade dessa rede, a psilocibina remove as inibições do “eu” interno. Com isso, usuários relataram ter ficado com a “mente aberta” e ter aumentado a percepção do mundo ao seu redor. Com isso, conseguiram se libertar dos pensamentos negativos que caracterizam a depressão.

Fonte: Superinteressante

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