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Como a guerra afeta a saúde mental

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saúde mental está diretamente ligada à maneira como você se sente e sua capacidade de lidar com os altos e baixos da vida. E estar em sintonia com você mesmo proporciona que você encontre o equilíbrio e desfrute de uma sensação de bem-estar, em que você se sente capaz e confiante para enfrentar os seus desafios.

Claro que tudo isso é abalado quando uma pessoa se vê em meio a uma guerra. A guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas já está no seu quarto dia, na quarta-feira dessa semana, e já teve mais de 1.400 mortos conforme as autoridades.

De acordo com o alerta das organizações de saúde no território e com os médicos, essa é uma catástrofe humanitária nunca vista antes e com ataques a escolas e hospitais. E os desdobramentos vão intensificando ainda mais esse conflito no território, que já perdura há décadas afetando a rotina e saúde mental de milhares de pessoas.

De acordo com a OMS, um quinto das pessoas que moram em zonas de conflito armado vivem com algum distúrbio de saúde mental, como por exemplo, ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático ou esquizofrenia. Para se ter uma noção, essa proporção é três vezes maior do que a população geral.

Conforme explicou Ionara Rabelo, psicóloga do Médicos Sem Fronteiras e professora da Universidade Federal de Goiás, a duração do impacto da guerra depende das vivências anteriores.

A psicóloga já trabalhou na Cisjordânia e em outros lugares em conflito armado, como o Equador e a Síria, e disse que as pessoa nessas zonas de guerra acumulam vivências de conflito, indo desde a perda de amigos e família, até lesões como queimaduras por desabamentos ou mísseis, ou amputações. E por conta disso, acontecimentos novos podem trazer de volta sintomas desses traumas.

“Um novo ataque a faz reviver tudo aquilo que ela passou em outros momentos, que pode ser potencialmente traumático. Da mesma forma que o rosto guarda cicatrizes, o sofrimento psíquico também tem cicatrizes que podem estar semiabertas. Qualquer novo estímulo, no sentido de desencadeador de sofrimento, elas se abrem”, disse ela.

Esses sintomas podem ser na forma de dores de cabeça ou pelo corpo e insônia. “Há pessoas que paralisam, não conseguem mais cuidar dos filhos ou trabalhar. E existem pessoas que podem ficar em estado ainda mais grave e começar com sintomas psicóticos”, explicou Rabelo.

Identificando o sofrimento psíquico

O Globo

Em lugares onde a guerra é constante, como por exemplo, em Israel e na Palestina, os promotores de saúde ajudam os pacientes a identificarem questões de saúde mental. Isso porque, de acordo com Rabelo, várias pessoas não relacionam os seus sintomas com o sofrimento psíquico. “Eles podem pensar que é uma doença apenas química, podem pensar que é fraqueza. E, às vezes, podem ter até vergonha, principalmente homens”, disse ela.

Ainda conforme ela, em locais de conflito permanente as pessoas têm uma tendência a ficarem caladas, isoladas e introspectivas. Por conta disso a estratégia de trabalho de organizações como Médico Sem Fronteiras é baseada no community approach, o que quer dizer uma abordagem que se baseia na comunidade.

“São feitas várias intervenções de apoio social para a gente encontrar quais são os fatores de proteção daquela comunidade. Podem ser grupos de apoio, conversa com mulheres, atividades com crianças. O primeiro nível de cuidado é muito conectado com o fortalecimento daquilo que o território já tem. Buscamos pelo tecido social daquela comunidade”, explicou a psicóloga.

Rabelo também pontuou que nos períodos em que o conflito é intensificado, os agentes de saúde trabalham usando a estratégia de pirâmide de apoio social e saúde mental.

“A base dessa pirâmide é a segurança, tudo que a gente puder fazer para atender rapidamente os pacientes, para dar o máximo de informação para famílias em angústia por um familiar desaparecido ou ferido. O acesso aos serviços de saúde, a informações fidedignas, à água, alimentação e um abrigamento seria a base para o atendimento durante uma emergência como essa”, disse.

Saúde mental e falta de financiamento de programas

UOL

Conforme o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, ou CICV, alertou, os serviços de saúde mental e apoio psicossocial não têm prioridade e financiamento suficiente nos países de renda média e baixa, que são onde a maior parte das crises humanitárias acontecem. Para se ter uma noção, é uma média de dois trabalhadores de saúde mental para 100 mil pessoas. Por conta disso, dois terços das pessoas com doenças mentais graves nesses locais não têm nenhum tratamento.

E esse impacto da guerra também é extraterritorial e afeta os refugiados e familiares no mundo todo. Justamente por isso que Rabelo sugere que familiares procurem fontes seguras e oficiais de informação nesse momento.

“Imagens vão se repetindo, e ficar em busca de mais imagens vai causar mais sofrimento. Orientamos a busca de uma única fonte de informação fidedigna, porque rumores e imagens de coisas tão difíceis piora o sofrimento”, concluiu ela.

Fonte: VivaBem

Imagens: O Globo, UOL

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