Curiosidades

Como é o Islamismo?

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Pew Research Center, centro de pesquisa norte americano que avalia atitudes e tendências locais e mundiais, revelou em uma pesquisa, feita no ano 2017, que o islamismo é a religião que mais cresce – e crescerá – no mundo durante o século 21. Apesar do cristianismo ainda ser o maior grupo religioso do globo, somando 35% de fiéis entre os habitantes da Terra, o islamismo vem logo atrás, com 24% da população mundial. Estima-se que até o fim deste século, eles se tornem o maior grupo religioso do planeta. Além da perspectiva de aumento ser decorrente das crescentes conversões ao islamismo, ela também é uma consequência demográfica, pois os muçulmanos têm mais filhos. A taxa de fecundidade entre os islâmicos é maior do que a de integrantes de outras religiões.

Quando falamos de islamismo, muitas pessoas fazem uma associação imediata com uma vertente do islamismo radical, que comete atos terroristas, como o Estado Islâmico. Aqui no Brasil isso provavelmente acontece por dois motivos: a intolerância religiosa presente fortemente no nosso país e a predominância católica – 64,6% dos brasileiros – e evangélica – 22,2% dos brasileiros -, segundo dados do Censo 2010 do IBGE. Obviamente, a associação está equivocada e discutiremos isso em certa altura desta matéria, que integra uma série especial da Fatos Desconhecidos sobre religião.

É bom notar, meus caros leitores, que o nosso conteúdo não se aprofunda no tema, buscando evitar polêmicas e, consequentemente, tornando-o mais genérico. O objetivo dessa série de matérias é combater o preconceito e a intolerância religiosa, como também disseminar informações sobre as mesmas.

Origem

Você já escutou falar de um cidadão chamado Abu al-Qasim Muhammad ibn ‘Abd Allah ibn ‘Abd al-Muttalib ibn Hashim? Não? Você tem certeza? Eu tenho quase certeza que você o conhece há muito tempo, e arrisco dizer que é pela alcunha de Maomé. Lembrou? Nascido em 571 d.C., na Península Arábica, mais exatamente na cidade de Meca, Maomé tem a sua história constantemente confundida com a história do islamismo, e não sem razão. Até o século 16, os povos árabes da Península Arábica viviam em pequenas tribos e grupos independentes, com um poder descentralizado para uma grande região, que vivia guerreando entre si. Além disso, eles eram politeístas (povos que acreditam em vários deuses).

Foi no meio dessa configuração social, que Maomé fundou o religião islâmica. Pela primeira vez, ao contrário das outras religiões, havia uma crença monoteísta na região árabe. Estava se formando a crença no Deus chamado Alá. Mais do que apenas uma religião local e pequena, ela teve um importante caráter político. O islamismo centralizou o poder, unindo aquelas tribos e nômades. Ela funcionou como uma forma de organização social e política daqueles povos, formando um Estado forte ao redor de uma crença. Até o final do século 7 e ao longo do 8, a religião se espalhou por praticamente toda a Península Arábica.

Mas você se lembra quando eu disse que a história do islamismo se confunde com a história de Maomé? Para conseguir entender a origem do islamismo, é preciso entender quem foi Maomé.

Maomé

Maomé, também chamado de Muhammad por alguns é o fundador do islamismo, reconhecido como um dos líderes religiosos e políticos mais influentes do mundo. O nativo de Meca viveu durante 62 anos, vindo de uma família muito pobre. Após uma longa parte de sua vida dedicada ao comércio, conta-se que o profeta recebeu orientações do anjo Gabriel para fundar uma nova religião. Essa revelação veio em um momento onde várias pequenas e novas religiões surgiam ao redor da região, porém, sem muito sucesso entre os politeístas.

Essa nova religião teria Alá no comando, sendo o Profeta de Deus. Ele teria a missão na Terra de corrigir as mudanças e distorções feitas por católicos e judeus nas mensagens e revelações deixadas por Deus. Mas a maior missão passada por Deus para Maomé era “retirar o povo da ignorância” (ou seja, do politeísmo) e convertê-los ao Islã. Maomé começou convertendo a sua família e pessoas do seu convívio. Mas logo expandiu e suas pregações radicais obtiveram uma resposta da população. Ele e sua família encontraram resistência e acabaram sofrendo perseguições e mortes.

Foi só quando se mudou, fugindo para a cidade que passaria a se chamar Medina em sua homenagem, é que Maomé começou a obter sucesso em em sua cruzada para espalhar o islamismo. Sua chegada foi um fato tão importante, que marcou o inicio do calendário muçulmano. Estabelecido e forte em Medina, ele começou a travar batalhas contra Meca, que ultrapassou o discurso religioso e passou a ser também uma forma de expandir território e conquistar povos. Dois anos antes de sua morte, Maomé subjugou Meca, e posteriormente o islamismo passou por uma rápida expansão. Sua morte terminou por dividir o islamismo nos grupos xiitas e sunitas.

Alcorão

O Alcorão, ou também chamado de Corão, é o livro sagrado que rege o islamismo. A tradição afirma que o livro sagrado foi escrito por Maomé, que documentou as revelações que Deus havia feito a ele. Apesar disso, historiadores já chegarão a conclusão de que o profeta era analfabeto, impossibilitando-o de escrever o pergaminho. O mais provável é que seus companheiros e amigos tenham escrito, enquanto ele ditava tudo aquilo que o anjo Gabriel havia lhe dito nas revelações, em seu angelical intermédio entre o profeta e Deus, ou Alá para os fiéis.

Para você ter ideia da importância do Alcorão no islamismo e na conjuntura sociopolítica do mundo, que serve como lei e código moral em cerca de 40 países, além de ser base do principal conflito de civilizações da atualidade, se alguém quiser se converter ao islamismo, precisará compreender que ele será totalmente servo e submisso às leis do Alcorão, tornando-se humilde aos olhos de Alá.

Ensinamentos

A base do islamismo está na crença de um único deus que rege a todos, Alá. Suas bases são muito parecidas com as cristãs e as judaicas. Uma coisa que pouca gente sabe é que além do Alcorão, o islamismo também aceita alguns livros da bíblia, como alguns evangelhos, como verdadeiros. Como no catolicismo, eles acreditam no julgamento pós-morte e na vida futura, onde todos serão ressuscitados para um julgamento, seja no inferno ou no paraíso. Acreditam também na predestinação, afirmando que Alá escreveu tudo que está prestes a acontecer. Isso explica o porque usam recorrentemente a frase “inshalla” (se Deus quiser).

Mas quando falamos dos ensinamentos do islamismo, a primeira coisa que nos vem a cabeça são os cinco pilares do islamismo. Antes de citá-los, é bom deixar claro que eles não são citados entre os xiitas. Eles são:

  • : professar o Shahadah é quando um islâmico professa que “há um só Deus, Alá, e um só profeta, Maomé”.
  • Oração: os islâmicos oram 5 vezes ao dia, virados rumo da Meca.
  • Jejum: durante o ramadan, período do calendário muçulmano, os islâmicos jejuam todos os dias do nascer do sol até quando ele se põe.
  • Caridade: fazer o Zakat anualmente quer dizer uma quantia do salário anual para a caridade ou para os mais necessitados.
  • Peregrinação: todo islâmico, pelo menos uma vez na vida, precisa fazer a peregrinação até a Meca.

Islamofobia

Para terminar essa matéria especial, é preciso esclarecer um pouco sobre a confusão que muitas pessoas fazem entre grupos extremistas e terroristas com a comunidade religiosa islâmica. Depois dos ataques do 11 de setembro (2001) realizados pelo grupo fundamentalista islâmico Al-Quaeda e das recentes ondas de terror causadas pelo Estado Islâmico, o mundo deu início a uma onda de islamofobia. O preconceito contra muçulmanos e islâmicos fica perceptível com ataques e tratamento diferenciado a refugiados muçulmanos que vão atrás de uma nova vida na Europa ou nos Estados Unidos.

Porém, não são os muçulmanos em sua maioria que cometem radicalismos e terrorismo, e sim uma pequena porcentagem chamada de fundamentalista. O termo fundamentalista, definido no princípio do século 20, descreve pessoas que defendem que seus dogmas religiosos sejam seguidos à risca, literalmente, sem nenhum tipo de exceção. Para erradicar o preconceito, é só se lembrar que todas as religiões possuem grupos fundamentalistas. Se os islamismo possui a Al-Quaeda, o Talibã e o Estado Islâmico, o judaísmo possui o Kach Kahane Chai e o cristianismo o Christian Voice (apesar desse não possuir grupos e/ou estratégias terroristas, o que não é uma obrigação fundamentalista, apesar de aparecer com frequência).

Considerações finais

Para terminar, é preciso concluir lembrando que não existe nenhuma passagem do Alcorão que defenda a violência. Bons exemplos são que a palavra “islã” vem da raiz árabe “salam”, que significa “paz” e a saudação islâmica “salamaleico” significa “que a paz esteja com você”. O que as organizações terroristas fundamentalistas fazem é criar uma própria interpretação para criar uma justificativa. Seria mais sincero dizer que os fundamentalistas islâmicos são muito mais forças políticas violentas do que uma religião propriamente dita.

Para ler as outras matérias da série religiões, da Fatos Desconhecidos, é só clicar em cima da palavra equivalente logo a seguir: Cristianismo, Budismo, Espiritismo, Judaísmo e Umbanda.

E aí, o que você achou de conhecer um pouco mais sobre o islamismo? Você quer conhecer mais? Por acaso é islâmico? Comenta aqui com a gente e compartilha nas suas redes sociais. E para você que adora conhecer culturas e crenças novas, salamaleico.

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