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Como explicar o número crescente de centenários

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Josefa Maria da Conceição é apenas uma dos centenários que concorrem ao título de pessoa mais velha do mundo. A agricultora brasileira aposentada comemorou seu aniversário de 120 anos recentemente, no início de 2022. No entanto, sua família começou a suspeitar que havia algo de errado, visto que ela parou de pedir um cigarro.

“Minha mãe fumou a vida toda”, relata Cícera, um das quatro filhas ainda vivas de Josefa. Ao longo de sua vida notável, a brasileira teve 22 filhos. “À medida que ela ficou mais velha, tentamos fazê-la desistir do fumo, mas minha mãe sempre ameaçou que compraria os cigarros por conta própria.”

Assim, os familiares contaram que, recentemente, Josefa aparenta estar menos enérgica do que em anos anteriores, quando ela ficou famosa ao aparecer em reportagens como “a mulher mais velha do mundo”.

No entanto, sua tentativa de ter seu status reconhecido pelo Guinness World Records não teve êxito. Portanto, esse título vai para Lucile Randon, uma freira francesa conhecida como Irmã André, com 118 anos. Já entre os homens, a pessoa que leva o título de mais velho do mundo é o venezuelano Juan Vicente Mora, de 113 anos.

Dessa forma, irmã André tem muitos concorrentes centenários, até porque, nas últimas décadas, o número aumentou de forma considerável.

1 milhão de centenários

Irmã André centenários

Getty Images

De acordo com a Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2021, mais de 621 mil pessoas já tinham integrado ao grupos dos centenários, que são as pessoas com 100 anos ou mais. A tendência é que esse número supere a marca de 1 milhão até o final da década.

No ano de 1990, apenas 92 mil pessoas atingiram esse marco. Vale destacar que o ser humano já passou por uma melhora incrível de expectativa de vida graças aos avanços em várias áreas. Por exemplo, temos melhores medicamentos, boa alimentação e condições de vida vantajosas em comparação com nossos ancestrais, mesmo aqueles que chegamos a conhecer.

Em média, uma pessoa que nasceu em 1960, que foi o primeiro ano de registro de dados globais sobre longevidade por parte da ONU, tinha uma expectativa de vida de apenas 52 anos.

Porém, até hoje, chegar a ser um dos centenários não é pouca coisa. Isso porque as pessoas que atingiram essa idade representavam apenas 0,008% da população mundial em 2021, segundo os dados da ONU.

Além disso, vale ressaltar que não é a maioria dos seres humanos de todo o mundo que chega ao aniversário de platina (75 anos), visto que a média global de expectativa de vida está em 73 anos. Sendo assim, a realidade muda de acordo com o país. Por exemplo, no Japão, a média é de 85 anos. Enquanto isso, na República Centro-Africana, alguém costuma viver até os 54 anos. A maior parte das pessoas que chegam às idades avançadas precisa viver com doenças crônicas.

“Viver mais não é sinônimo de viver bem”, diz Janet Lord, professora de Biologia Celular da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. A pesquisadora conta que, em média, os homens passam os últimos 16 anos de vida lidando com condições como diabetes e demência. Já as mulheres passam os últimos 19 anos.

Supercentenários

Josefa Maria
Reprodução

Para ser um supercentenário, é necessário passar dos 110 anos, o que é ainda mais difícil. Nos Estados Unidos, apenas 1 em cada 5 milhões de estadunidenses atinge o estágio de supercentenário. No entanto, a taxa apresenta um aumento gradativo. Em 2010, os pesquisadores americanos contavam cerca de 60 a 70 pessoas nessa faixa etária. Em 2017, esse número havia se expandido para 150.

“Esses indivíduos desafiam o que acontece com a maioria das pessoas na velhice. E ainda não temos certeza do porquê”, diz Lord. Além da idade, essas pessoas se destacam pela saúde surpreendentemente boa. Por exemplo, Joseja Maria não precisa de medicação regular e ainda come carne vermelha e doces. Até sua família fica perplexa.

“Ela não pode andar tanto quanto antes e temos que carregá-la ou trocar as fraldas dela, como um bebê. Mas ainda estou surpresa de que minha mãe tenha vivido tanto tempo para alguém que fumava desde a infância e que tinha décadas de trabalho duro”, diz.

Dessa maneira, o que intriga os cientistas é justamente isso: supercentenários não vivem vidas particularmente saudáveis. “A primeira coisa que precisamos dizer às pessoas interessadas em viver tanto tempo é não seguir dicas de estilo de vida de centenários ou supercentenários”, diz Richard Faragher, professor de biogerontologia da Universidade de Brighton, no Reino Unido, um dos principais especialistas em estudo do envelhecimento.

“Há algo excepcional sobre eles. Porque muitos fazem exatamente o oposto do que sabemos que pode ajudar alguém a viver mais”, acrescenta o especialista.

Fonte: BBC

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