O metaverso, um mundo digital formado de maneira virtual, transformou a economia global. O desenvolvimento da plataforma cresce a cada dia, e diversas empresas estão oferecendo jogos interativos, oportunidades de negócios e experiências sociais.
Devido ao crescimento das atividades no metaverso, começou a ser questionado como os empreendimentos na plataforma devem ser tributados, sejam eles impostos sobre transações, impostos de renda ou quaisquer outras categorias.
Trabalho no metaverso
Em relação ao imposto de renda, primeiramente deve ser questionado o que significa trabalhar no metaverso. Considere, por exemplo, um corretor de imóveis digital que é contratado para selecionar terrenos digitais que seu cliente pode desenhar e comprar. Após a compra, o cliente paga ao corretor sua comissão em criptomoeda.
Fora do metaverso, a comissão do corretor é a receita. Nesse caso, o profissional reportaria sua comissão como renda ordinária em suas declarações de impostos federais e estaduais, determinada pelo valor de mercado da criptomoeda no dia que o pagamento foi feito.
Porém, outros pagamentos podem ser realizados não apenas em criptomoedas. Esse é o caso do Axie Infinity, que é um universo de jogos em que os jogadores compram, criam, treinam e lutam contra criaturas de token não fungível (NFT) chamadas Axies.
Axie Infinity contém diversos tipos de moedas no jogo, uma das quais é a “smooth love potion” (SLP), um token que os jogadores ganham por vitórias em batalhas. Utilizada na criação de novos Eixos, o número de fichas de SLP que o jogador ganha muda conforme a força de suas habilidades de jogo. Os tokens SLP também podem ser comprados e vendidos como criptomoedas ou dinheiro fiduciário.
Obtendo receita de transações envolvendo terreno digital
Uma questão que gera dúvida sobre a tributação no metaverso é onde deve ser obtida a renda do proprietário e do vendedor de suas propriedades digitais.
Uma opção é a receita para a jurisdição onde os servidores do ambiente digital estão localizados. Também pode se obter a renda na jurisdição onde o proprietário e o vendedor residem fisicamente.
Dúvidas similares ocorrem quando o terreno digital é comprado ou alugado pelas próprias plataformas. A receita deve ser obtida na jurisdição onde os servidores das plataformas estão localizados ou onde os proprietários das plataformas estão fisicamente localizados? Novamente pode ser usada a segunda opção.
Os pagamentos de aluguel e o pagamento da compra devem ser originados na jurisdição de origem da plataforma.
Receitas de vendas e royalties de NFTs e doações de NFT
Caso uma pessoa esteja envolvida na criação e venda de NFTs como meio de subsistência, não existe dúvida de que o produto dessas vendas constitui renda.
Nesse caso, os NFTs seriam considerados estoques, e o criador poderia ser sujeito ao imposto de trabalho autônomo sobre seus lucros, além do imposto de renda da pessoa física.
No entanto, não existe orientação sobre o tratamento fiscal da receita de royalties de NFTs. Nessa situação, se a pessoa estiver ativamente envolvida na criação de NFTs, sua renda de royalties poderia estar sujeita ao imposto sobre o trabalho autônomo.
Já a doação ou leilão de NFTs para fins beneficentes não é considerado fato gerador se três critérios forem atendidos.
- A doação do NFT é mantida por mais de um ano;
- O NFT é doado a uma organização da seção 501(c)(3);
- O NFT é doado diretamente à organização.
Além disso, no caso dos leilões, se o criador leiloar a NFT primeiro e depois doar os lucros para a organização, ele incorrerá em ganhos de capital. Por isso, ele pode ser tributado dependendo do tempo em que o ativo foi detido.
Conclusão
O mundo digital deseja apresentar uma infinidade de novas experiências e oportunidades de geração de renda para pessoas físicas e jurídicas. No entanto, determinar como a renda do metaverso será tributada não será necessariamente fácil.
Atualmente, os profissionais tributários têm poucas informações sobre o assunto e precisam confiar em seu próprio conhecimento e experiência.
Fonte: Forbes