É basicamente impossível imaginar um mundo em que não haja músicas. A música é responsável por dar emoção aos filmes, eventos esportivos, séries, novelas e, é claro, à nossa vida como um todo. Para a nossa sorte, existem diversos gêneros musicais, cantores, grupos e bandas. Isso nos permite sempre descobrir canções novas.
Além disso, a música provoca reações nos cérebros humanos. E um estudo descobriu que o lugar de onde a pessoa veio é um fator importante para definir seu gosto musical. O estudo fez a análise de pessoas de 15 países e percebeu que elas eram influenciadas por determinados padrões de batidas, e os cérebros tendiam a interpretá-las da maneira com a qual estavam mais acostumados.
Para ver isso, os pesquisadores testaram pessoas de 15 países, de 39 grupos diferentes. Eles entrevistaram universitários norte-americanos, mas pessoas de outros grupos tornaram o acesso mais difícil para ter repostas que não fossem uniformizadas.
Várias as pessoas entrevistadas eram de locais onde a música tradicional não tem os mesmos padrões de ritmo que são vistos na sociedade ocidental.
Estudo
Para conseguir fazer a medição da percepção do ritmo dos participantes, os pesquisadores tocaram quatro batidas que foram geradas de forma aleatória. Depois disso, eles pediram que os participantes reproduzissem as batidas que tinham acabado de ouvir.
Então, eles reproduziram os sons feitos pelos participantes de novo e pediram que eles repetissem o processo. Isso foi feito algumas vezes.
O experimento foi feito primeiro com estudantes universitários norte-americanos. Depois, eles foram para a Bolívia entrevistar pessoas da sociedade indígena Tsimane, nativa da Amazônia boliviana.
O estudo avançou depois de um tempo e com isso os pesquisadores procuraram pessoas do mundo todo. Ao todo foram 39 grupos de 15 países da América do Norte, América do Sul, Europa, África e Ásia.
Gosto musical
Por mais que as batidas eram aleatórias, em cada turno do experimento o resultado se parecia mais com o padrão de música visto no lugar de onde o participante que estava ouvindo era.
Segundo os pesquisadores, isso foi visto porque quando os participantes tinham que reproduzir o som que tinham ouvido eles tinham a tendência de ser levados pelos seus próprios conceitos prévios.
O estudo também fez a explicação de como esses padrões funcionam. Quando a pessoa ouve uma música, o cérebro interpreta o ritmo como uma sequência de números e padrões, variando conforme cada estilo musical. Por exemplo, a maior parte dos ritmos ocidentais tem padrões 1:1:2 e 2:3:3.
Por conta disso que quando alguns dos participantes começavam a repetir o som que tinham escutado, eles o transformavam em um ritmo que tinha essas características.
Uma descoberta do estudo foi que existem universalidades na percepção musical, mas que as variações culturais predominam mais, visto que grupos diferentes têm padrões musicais diferentes.
Um exemplo disso é que os participantes da América do Norte e da Europa reproduziram sons parecidos entre si mostrando que eles têm uma propensão a consumir um determinado tipo de música. Enquanto que as pessoas de Tsimane e lugares como Turquia, Mali, Bulgária e Botswana preferiam outros padrões.
De acordo com os pesquisadores, o gosto musical é influenciado pela cultura do lugar de origem da pessoa, porque isso influencia na percepção mental do ritmo.
Música
Quando se trata de música, normalmente as pessoas escutam as mesmas coisas de sempre e para sempre. Isso é uma coisa comum, já que as pessoas tendem a nichar o seu gosto musical conforme elas envelhecem.
Isso é um ponto bem interessante para a ciência. Tanto é que ela tem um nome específico para descrever essa disposição das pessoas a explorarem novos gêneros musicais: ouvido aberto. Até a pessoa chegar aos 11 anos, geralmente, ela está aberta a ouvir e engajar com qualquer música desconhecida. Contudo, já no início da adolescência essa disposição diminui, mesmo o interesse por música como um todo aumentando muito.
E quando a pessoa chega na fase adulta, ainda quando se é um jovem adulto, o ouvido aberto aumenta um pouco, mas ele começa a diminuir conforme a pessoa vai envelhecendo.
Essa mudança foi confirmada por um estudo feito em 2013 com mais de 250 mil participantes. De acordo com ele, a quantidade de música que as pessoa ouvem na adolescência são 20% do tempo que elas passam acordadas, o que cai para 13% na fase adulta.
O motivo pelo qual isso acontece é explicado por várias teorias que de alguma forma se complementam. Por exemplo, uma delas coloca a culpa na maturação psicossocial. Isso porque, na adolescência, a música é um forte marcador de identidade e que até ajuda as pessoas em seus círculos sociais. Mas quando as pessoas já são adultas, elas já têm sua personalidade desenvolvida e seus grupos sociais. Tudo isso diminui a vontade e o incentivo para conhecer músicas novas.
Em determinados casos, a mudança pode vir também pelas mudanças na acuidade auditiva, visto que conforme as pessoas ficam mais velhas, algumas já toleram menos os sons altos e que têm uma frequência alta.
Uma outra razão pode ser o aumento das responsabilidades que deixam as pessoas com menos tempo para explorar interesses musicais novos. Tanto é que na visão de alguns cientistas, a idade pode ser vista como um fator antes de levar em consideração as formas como as pessoas processam a música durante a vida.
Por exemplo, os adolescentes são bem conscientes do que escutam, já os adultos usam as músicas como motivação ou para acompanhar o trabalho, exercícios e tarefas mecânicas. Isso faz com que as pessoas não prestem atenção no que estão ouvindo, o que faz com que músicas novas passem batido.
Fonte: Olhar digital, Terra