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É comum escutar pessoas reclamando e até mesmo ser acordado, mas dificilmente alguém relata ouvir o próprio ronco.
Durante a noite, esse é um problema comum em muitos quartos ao redor do mundo. Em São Paulo, por exemplo, 42% das pessoas roncam pelo menos três vezes por semana, de acordo com dados do Instituto do Sono.
Curiosamente, a maioria desses indivíduos não percebe o barulho que produzem e raramente acorda por causa desses sons indesejados.
Artigos ao redor do mundo também confirmam essa teoria, de que a maioria das pessoas não percebe o ronco, a menos que alguém diga a elas.
Isso ocorre porque o cérebro muitas vezes adota truques para evitar o incômodo de ouvir o próprio ronco.
No entanto, existem exceções, e ocasionalmente as pessoas podem ouvir seu próprio ronco e até acordar com ele. Isso depende muito do contexto e de vários fatores.
Conseguimos ouvir o próprio ronco?
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Algumas pessoas acordam ao ouvir seu próprio ronco, aponta Anita Valanju Shelgikar, médica neurologista e professora da Universidade de Michigan.
Geralmente, quando isso acontece, é porque existe uma maior intensidade dos sons, que aumenta por conta da obstrução da respiração durante o sono, ou seja, um ronco muito alto.
Outro fator que possibilita que alguém ouça seu próprio ronco é a fase do sono em que se encontra.
Durante o sono REM (Rapid Eye Movement), um indivíduo pode despertar mais facilmente. Assim, algumas pessoas têm maior probabilidade de ouvir o próprio ronco durante esse período.
No entanto, mesmo quando alguém ouve e acorda com seu próprio ronco, é pouco provável que permaneça acordado por mais do que alguns segundos, pois se trata de um despertar parcial.
Em alguns casos, a pessoa nem se lembrará de ter acordado na manhã seguinte. É isso que acontece na maioria dos casos quando alguém as acorda no meio da noite para reclamar.
Mesmo tendo despertado, o momento de descanso fará com que o episódio não passe de uma mera lembrança, e, então, a pessoa negará ter roncado.
Por que o cérebro ignora?
Para quem ronca, é possível dormir mesmo com o próprio barulho, pois o cérebro emprega truques para lidar com incômodos frequentes e persistentes.
Um desses truques é a adaptação sensorial, um fenômeno em que nossos sentidos, como a audição, deixam de reconhecer e passam a ignorar um estímulo quando ele é muito constante, como o ronco.
Outro mecanismo é a audição seletiva, pelo qual o cérebro filtra os sons considerados de “baixa prioridade”.
Enquanto o ronco é tratado de forma bastante diferente, ouvir alguém chamar pelo seu nome (considerado “alta prioridade”) pode nos fazer despertar imediatamente.
Esse mesmo mecanismo funciona em diferentes situações, como, por exemplo, dormir com barulhos altos ou familiares. O cérebro tende a classificá-los de forma diferente, possibilitando o descanso.
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Como descobrir se você ronca?
Se é difícil saber se roncamos ou não durante o sono ao ouvir o próprio ronco e acordar com ele, existem estratégias para identificar esse comportamento.
Uma maneira simples é perguntar a alguém que compartilha o quarto conosco, ou utilizar aplicativos que gravam os sons durante o sono.
No último caso, a Sleep Foundation, dos Estados Unidos, recomenda o uso do aplicativo por mais de uma noite, pois o ronco pode não ser constante.
Enquanto isso, perguntar para alguém ajuda a ter uma percepção externa da situação, quando aconteceu, se foi muito alto ou constante.
É importante lembrar que, além de perturbar o sono, o ronco pode ser um indicativo importante de apneia obstrutiva do sono. Esse é um problema de saúde que pode causar diversas complicações e aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame.
Portanto, vale a pena verificar se você ronca, especialmente se houver dúvidas a respeito. Caso tenha uma resposta afirmativa, procure um médico para fazer exames mais precisos e descobrir a causa desse ronco.
Fonte: Canaltech
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