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Entenda o que são “voos fantasmas” e por que as companhias aéreas os mantêm

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Todos os meses na Europa decolam aviões que estão quase totalmente vazios ou com menos de 10% da sua capacidade. Eles são conhecidos como “voos fantasmas”.

Há anos, esse fenômeno, que não acontece na América Latina ou no Caribe, é uma realidade. No entanto, com a pandemia de covid-19 e as restrições às viagens, o problema se tornou mais frequente.

Diversos aeroportos exigem que as companhias aéreas mantenham pelo menos 80% dos voos programados para manter seus direitos de pouso e decolagem em determinados horários (slots). Por isso, as empresas possuem uma margem de cancelamento de 20%.

Caso as operações não atendam a esses percentuais, as companhias são obrigadas a operar aviões vazios para manter seus slots ou, no ano seguinte, podem perder os melhores horários comerciais.

“Use ou perca”

Foto: Getty Images

Nos aeroportos mais congestionados, e para organizar todo o tráfego aéreo, a Comissão Europeia e a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos aplicam a regra “use [o slot] ou perca”.

“Os voos fantasmas são definidos como aqueles operados voluntariamente pelas companhias aéreas exclusivamente para preservar os direitos históricos sobre seus slots”, disse o Conselho Internacional de Aeroportos (ACI, na sigla em inglês).

A entendida, que representa os interesses dos aeroportos perante os governos, ainda aponta que “os voos fantasmas não são colocados à venda, não transportam passageiros e não geram receitas para as companhias aéreas”.

No entanto, enquanto alguns acreditam que os fantasmas não beneficiam ninguém, sendo uma prática desnecessária, para outros, a distribuição coordenada de slots nos aeroportos estão em sua capacidade máxima possível, o que gera uma concorrência entre as companhias aéreas e beneficia os consumidores.

“São voos que, a priori, não fazem sentido econômico e muito menos ambiental. Se queima muita querosene, o que tem um claro impacto nas mudanças climáticas”, afirma Diego R. González, presidente da Associação Mundial de Advogados de Aeroportos.

Companhias aéreas tradicionais e as recém-chegadas

Foto: Getty Images

“Os slots são aqueles horários ou turnos atribuídos. Se não os utilizam, são penalizadas. No ano seguinte, a autoridade aeroportuária cede para outra empresa, e para as companhias aéreas, é uma forma de perder mercado”, afirma González.

De acordo com o advogado, existe uma disputa entre as companhias aéreas tradicionais e as recém-chegadas ao mercado. Isso incentiva as transportadoras a se esforçarem ao máximo para cumprir com o regulamento, mesmo que para isso precisem de voos fantasmas.

“As companhias aéreas que dominam o mercado fazem isso porque têm os melhores horários, que são os mais caros. São as rotas que chegam aos aeroportos no horário central em termos de conveniência”, explica.

O especialista acrescenta que como existe uma transportadora dominante que não tem concorrência em uma rota em determinado horário, ela não abaixa os preços. “Há um problema de concorrência entre as companhias aéreas que lutam por um recurso escasso, como infraestrutura aeroportuária.”

Willie Walsh, diretor da Associação Internacional de Transporte Aéreo, aponta que esse modelo incentiva as companhias a voarem com baixa capacidade ou mesmo vazias para manter os slots.

“Se você voa entre dois aeroportos com capacidade regulada, precisa ter a permissão de ambos para não voar. Caso contrário, você tem que operar”, disse o diretor. Ele ainda apontou que não acredita que existem companhias aéreas adotando esta prática de forma deliberada.

As companhias aéreas pedem maior flexibilidade na regra. Além disso, vale destacar que antes de colar um avião para voar vazio, a companhia aérea afetada poderia baixar os preços tentando atrair viajantes para o voo com problema.

O dano ambiental dos voos fantasmas

Foto: Creative Commons

De acordo com o Greenpeace, o dano ambiental dos “voos fantasmas na Europa”, é “equivalente às emissões anuais de mais de 1,4 milhão de carros”.

Vale destacar que a aviação é responsável por aproximadamente 2% das emissões globais de CO2, mas o setor como um todo responde por cerca de 3,5% do aquecimento global por causa da atividade humana.

Além disso, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), desde 2000, as emissões cresceram aproximadamente 50%, e a expectativa é de que a indústria cresça mais de 4% a cada ano nas próximas duas décadas.

Isso ocorre em um momento em que a indústria da aviação se comprometeu a zerar as emissões líquidas de carbono até 2050.

Os voos fantasmas não ocorrem na América Latina

Foto: Getty Images

Como citado acima, a situação na América Latina e no Caribe é diferente. Primeiramente, é preciso considerar que os slots estão em vigor nos aeroportos com capacidade no limite.

“Obviamente há aeroportos congestionados em alguns países como Brasil ou México e em determinados horários no Peru e na Colômbia, mas na região isso não está acontecendo porque a capacidade dos aeroportos não chegou a um ponto em que precisem de restrições”, afirma González.

Isso porque apesar do volume de passageiros estar se recuperando após a pandemia, o número de movimentos de aeronave não é representativo ao ponto dos aeroportos serem obrigados a tomar medidas.

“A Europa está sofrendo, entre outras coisas, com uma demanda latente. Ou seja, gente que estava esperando tudo abrir para viajar. Também com os voos resgatados que não foram feitos durante a pandemia. Aquela passagem que você comprou e ficou lá até tudo reabrir”, explica Rafael Echevarne, diretor-geral da ACI para a América Latina e o Caribe.

Fonte: G1

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