Por 
Os níveis de poluição atual se tornaram tão expressivos que dificilmente são encontradas regiões que ainda não ultrapassaram a quantidade aceitável de poluição para o meio ambiente e para a saúde humana. Até mesmo a Antártida, que é o continente menos habitado e, consequentemente, o menos poluído do mundo, já registra níveis alarmantes de ameaça ambiental.
Getty Images
A queima de combustíveis fósseis está crescendo no continente de gelo, além da utilização de elementos como o carbono negro, que é um perigo para a vida na Terra e para a própria Antártida. A presença desses elementos, que são chamados de poluição escura, têm impacto significativo no derretimento do gelo da região. Nem mesmo o continente menos habitado do mundo está ileso da exploração humana.
O que é o carbono negro?
O carbono negro representa uma das formas mais puras do carvão em sua versão amorfa (que não está cristalizado, ou seja, em formato de gás), sendo constituído por partículas muito finas. Para se ter uma ideia, o cabelo humano mede 100 mícrons de diâmetro, enquanto o carbono negro é formado por partículas com menos de um mícron de diâmetro. Ele é obtido pela combustão parcial de compostos orgânicos, principalmente a partir do metano ou do acetileno.
Dessa forma, o carbono negro é uma versão impura de carbono, que pode ser produzida durante a combustão incompleta de combustíveis fósseis, madeira ou de matéria orgânica. A fumaça dos motores movidos a diesel é mais perigosa do que se imaginava: assim como acontece em incêndios florestais, a fumaça preta consequente da queima incompleta de combustíveis fósseis contém carbono negro, uma forma extremamente tóxica e poluente.
Solostocks México
Em pesquisa realizada por 31 especialistas sobre o assunto e publicada no Journal of Geophysical Research: Atmospheres, o carbono negro é apontado como o segundo agente que mais contribui para o aquecimento global. Seu efeito equivale a dois terços do dano causado pelo gás carbônico (CO2), o que o torna mais perigoso que o gás metano.
De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), a poluição causada pela queima de combustíveis, principalmente o diesel, é considerada carcinogênica, estando ligada aos cânceres de pulmão e bexiga. O carbono negro está muito ligado a isso.
O que ocorre na Antártida?
Na Antártida, as coisas precisam ter cores claras, para refletir a luz do sol e manter tudo mais fresco. A presença do carbono negro faz com que a luz do sol seja absorvida e aqueça a neve, causando seu derretimento.
Esse processo não é prejudicial apenas para o continente de gelo, mas sim para todo o restante do planeta Terra. A Antártida manda uma quantidade enorme de energia solar de volta para o espaço. A perda da cobertura de gelo e neve da região significa um aumento na temperatura do solo e dos oceanos, o que causa ainda mais perda de gelo e neve, iniciando um ciclo vicioso.
Por meio da pesquisa, que durou quatro anos, os cientistas descobriram que os níveis mais altos de carbono negro estão localizados perto da estação argentina de investigação, na região de Hope Bay, na Península de Trinity, que é próxima ao norte da Antártida. De acordo com os cientistas, isso acontece mesmo com o uso de combustíveis menos poluentes nos navios.
Pixabay
No verão de 2019 e 2020, mais de 74 mil turistas visitaram a Antártida, o que significa um aumento de 32% no comparativo com o verão de 2018 e 2019. No apanhado de uma década, o crescimento do turismo no continente foi de mais de 100%.
O aumento no número de turistas é um indicativo de que os níveis de poluição podem estar oscilando, já que, para que os visitantes cheguem à região, diversos navios precisam se locomover com frequência por ali. O estudo realizado na Antártida mostrou que isso é exatamente o que está havendo ali, já que, quanto maior a atividade humana em um mesmo local, maiores são os níveis de poluição.
Fontes: Olhar Digital e eCycle
Comentários