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Esse é o forte relato de um desertor russo

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Para reforçar o que foi nomeado como “operação especial” na Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, convocou milhares de reservistas para combater para o país. Isso levou diversos jovens a deixarem o seu país, tornando-se desertores.

Em entrevista à BBC, Sergey (nome fictício), que está hoje em Istambul, na Turquia, afirmou que “essa não é a nossa guerra”, para justificar ter deixado a Rússia. “Essa é uma guerra contra o nosso próprio povo.”

O homem de 31 anos, que serviu no Batalhão da Guarda de Honra, que é considerada uma área de elite do exército do país, afirma que a guerra é um genocídio do povo russo.

De acordo com ele, ao ser considerado a sua idade, ele deveria ter sido convocado na primeira leva. Mas que não queria estar em uma guerra que não era do seu povo.

Sergey decidiu deixar a Rússia logo depois da convocatória ser anunciada pelo governo. 

Fugindo da Rússia

Foto: REUTERS/ Janis Laizans

Pai de um filho recém-nascido, o russo afirma que não se imaginava indo embora nessas circunstâncias e deixando a família para trás.

“Arrumei uma mochila, peguei uma pequena quantidade de dinheiro e atravessei a fronteira terrestre (no ponto de checagem) de Verkhnii Lars.”

De acordo com a BBC, a convocação dos reservistas aumentou o preço de viagens aéreas na Rússia. Por causa disso, dezenas de homens tentaram fugir a pé para a Geórgia.

Como a fila de carros se estendia por 20km, Sergey decidiu pedalar. “Fui parado por um policial e ele apreendeu meu passaporte e disse ‘temos o comissariado militar móvel aqui, siga-me e eu te levarei até ele'”.

No entanto, Sergey afirma que foi solto depois de pagar propina de 5 mil rublos (R$ 420) ao soldado.

O russo conta que a tensão foi grande e que a coluna de veículos militares realizou bloqueio viários.

“Eu não parei de pedalar. Passamos a noite inteira em território neutro (entre as duas fronteiras).”

Ainda de acordo com o desertor, era difícil ficar de pé, já que havia muitos carros e pessoas.

Ele relata que muitos desses indivíduos estavam com dores de cabeça e que alguns chegaram a perder a consciência. Não havia água e nem comida.

Depois de longas 14 horas, Sergey terminou de cruzar a fronteira para a Geórgia.

Chegada à Turquia

Foto: BBC

Após conseguir cruzar a fronteira, o russo viajou de avião de Tbilisi a Istambul (Turquia). “Vim sozinho, sem a minha família. Eu não queria que eles passassem pelo o que eu passei.”

Para o desertor, é impossível mudar a situação que está acontecendo na Rússia, pelo menos nesse momento. “Porque temos um Estado ‘siloviki’ (sustentado a base da força) e não conseguimos mudar legalmente as pessoas que estão no poder.”

De acordo com o Russo, as eleições são “puramente fictícias”. “No fim, é como se fosse uma grande zona (campo prisional)”.

Durante a entrevista à BBC, ele também revela o desejo de poder estar perto da esposa e do filho. No entanto, ele reforça que “deve ser em algum lugar que não seja a Rússia.”

300 mil reservistas russos já foram convocados

Foto: Reuters

Recentemente, a Rússia informou que mais de 300 mil reservistas foram convocados para combater na Guerra. De acordo com a imprensa internacional, isso aumentou o número de russos em idade militar que decidiram fugir do país.

Além disso, após o anúncio, mais de 800 pessoas foram detidas durante protestos ao redor da Rússia contra a convocação.

Para tentar acalmar a população, o comandante militar do Daguestão, Daitbeg Mustafayev, declarou que serão convocados prioritariamente russos com “especialização militar”. Em seguida, ele também informou que recrutas não serão enviados à Ucrânia.

Fonte: BBC

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