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Esse sistema japonês devolve celulares, carteiras e até dinheiro perdido aos donos

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Quem nunca perdeu algum pertence? Até mesmo dentro de casa podemos nos esquecer do local onde deixamos nossa carteira, o celular ou até dinheiro. No Japão, todos os anos, milhões de pertences pessoais são perdidos. Porém, diferente de outros países, por lá, você pode contar com um sistema japonês para encontrar seus itens.

O sistema japonês consiste no centro de achados e perdidos de Lidabashi, em Tóquio, onde os pertences perdidos no país são armazenados. Incrivelmente, em 2019, bateram um número recorde de 4,15 milhões de itens perdidos que foram entregues aos donos no centro de achados e perdidos.

Atualmente, o centro armazena mais de 600 mil objetos. O chefe do centro, Yukiko Igarashi, explica que cerca de 7,7 mil itens perdidos são recebidos no local todos os dias. “Tóquio tem 20% de todos os itens perdidos no Japão”, diz ela. “E o item que tem maior índice de recuperação é o celular”.

Por conta do sistema japonês, cerca de 90% dos celulares perdidos são devolvidos aos seus donos. Já o segundo item mais recuperado são as carteiras, segundo Igarashi, numa taxa de quase 70%.

“Outra coisa muito comum que as pessoas costumam perder são documentos oficiais”, diz ela, “como carteiras de motorista, cartões de plano de saúde, cartões de crédito ou cartões de desconto de lojas”. Assim, a maior parte dos itens perdidos encontram seus donos no mesmo dia. Porém, alguns objetos raramente voltam aos donos.

“A taxa de recuperação mais baixa é para guarda-chuvas, com menos de 1%. Você pode substituir facilmente um guarda-chuva de plástico barato, então as pessoas geralmente não os procuram”, diz Igarashi.

Sistema japonês permite a devolução de itens perdidos

Reprodução/BBC

O segredo para o sistema japonês que permite a devolução dos itens perdidos está no “Koban”. “Basicamente, todos os pertences perdidos são entregues ao ‘Koban’, a delegacia de polícia local”, diz Igarashi.

“Os deveres do policial no Koban incluem patrulhar a área, aceitar objetos perdidos e arquivar relatórios de objetos perdidos”, explica o policial Wada, do Sukiyabashi Koban, em Tóquio. Além disso, os agentes de segurança pública são responsáveis por cuidar de pessoas perdidas ou bêbadas, ouvir cidadãos sobre questões que possam causar problemas e lidar com acidentes de trânsito e criminosos.

Portanto, os policiais japoneses possuem uma imagem diferente do restante do mundo. A abordagem pautada nas necessidades das comunidades, junto com a onipresença do Koban, facilita a entrega e a comunicação sobre um item perdido. “Em média, recebemos sete itens perdidos por dia neste Sukiyabashi Koban”, diz Wada.

Prazos

Mas, nem sempre alguém reivindica um item perdido. “Se o dono não aparecer depois de um certo tempo (no Koban), o item será transferido para o Centro (de Achados e Perdidos)”, explica Yukiko Igarashi. Então, se ninguém comparecer para reivindicar o objeto após três meses, a pessoa que o levou poderá ficar com ele.

Se a pessoa preferir abrir mão do objeto, ele será de posse da cidade, que poderá leiloá-lo. “O item mais memorável que já recebi foi um envelope contendo US$ 8,8 mil (R$ 45 mil em valores atuais) em dinheiro”, diz o agente Wada. “Fiquei surpreso!”

Desse modo, Igarashi explica que não é incomum encontrar grandes quantidades de dinheiro como o agente Wada relatou. “Para mim, os objetos mais memoráveis foram uma dentadura e muletas. Me pergunto como o dono poderia voltar para casa sem eles?”, diz ela. “Há tantos itens raros que se perdem!”.

O sistema japonês eficiente facilita a entrega dos itens perdidos, mas nada funcionaria sem a ajuda da população. “Por mais de mil anos, o Japão teve uma lei sobre objetos perdidos”, explica Igarashi. “Pessoalmente, acredito que a educação moral do Japão desempenhou um papel importante na formação de nossa atitude em relação a itens perdidos.”

“Muitas vezes você vê crianças entregando itens perdidos no Koban com seus pais”, diz Igarashi, “mesmo que seja apenas uma moeda de 100 ienes (R$ 4,50)”. Já o professor Masahiro Tamura, da Universidade Kyoto Sangyo, acredita que a primeira vez que a maior parte dos japoneses interage com a polícia é quando vão entregar um item perdido aos Koban. “Isso cria uma relação próxima entre os agentes e o cidadão comum”, diz.

Fonte: BBC

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