Ciência e Tecnologia

Henrietta Lacks e as células imortais

Henrietta Lacks
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Para entender sobre as células imortais, é preciso viajar lá para 1951, quando uma mulher chamada Henrietta Lacks buscou atendimento no Hospital John Hopkins, em Baltimore, nos Estados Unidos, e que tinha sentido fortes dores no abdômen.

Ela nasceu em Virgínia, nos Estados Unidos, no dia 1 de agosto de 1920 e estava com a saúde afetada aos 30 anos, ainda jovem. Após alguns exames, foi descoberto que a mulher tinha câncer no colo do útero.

Segundo o Dr. Howard Jones, o ginecologista que a atendeu, em uma entrevista à BBC em 1997, o tumor que a assolou “não era um tumor normal, ele era roxo e sangrava facilmente quando tocado.” Sendo assim, já é possível perceber que a situação não era de todo comum.

O falecimento de Henrietta Lacks

Henrietta Lacks

Reprodução

Mesmo após fazer o tratamento necessário, Henrietta não resistiu às ações do câncer em seu corpo e faleceu no mesmo ano. Parece um final esperado para uma história que já começou com uma ida ao hospital, contudo, a história não acaba por aí.

Naquela época, já haviam muitos profissionais da saúde que buscavam uma cura para o câncer. Sendo assim, na maioria das vezes, quando um paciente com câncer falecia em um hospital, removia-se partes do tumor para passarem por biópsia e serem analisadas por profissionais.

A mesma coisa aconteceu com o tumor da mulher, que foi removido sem qualquer autorização da família. Isso porque, na época, não existiam legislações em relação a isso. 

Entretanto, o médico que recebeu as células do tumor cancerígeno de Henrietta, o Dr. George Gey, teve uma surpresa ao analisar os tecidos. O interessante dessa história está no fato de que Gey descobriu que as células se multiplicavam indefinidamente.

As células imortais

Por mais incrível que pareça, as células da mulher estão vivas e crescendo até hoje, sendo consideradas células de um tumor imortal. Então, batizaram essas céulas de HeLa, em homenagem ao nome da mulher.

Assim, a verdade é que não se sabem quantas células já foram multiplicadas a partir daquela pequena amostra coletada na década de 50 depois que Henrietta faleceu aos 31 anos.

Células HeLa

Duas características marcam as células HeLa, sendo a primeira o fato de se dividirem muito rapidamente, isso considerando o padrão de tumores, que já são mais rápidos que células comuns. A segunda é a enzima telomerase, que é a atividade durante o processo de divisão das células.

O normal é que haja o encurtamento dessas enzimas de forma gradual, diminuindo a divisão das células até que ela pare por completo. No caso das células HeLa, ativa-se a enzima, o que permite a multiplicação indefinida. 

HeLa na ciência

Vacina Poliomielite

Reprodução/Prefeitura de Erechim

Essas células representam um grande avanço para a ciência. Um bom exemplo para explicar sua importância para o mundo é a vacina contra a poliomielite, já que para desenvolvê-la, era necessário que o vírus crescesse em células de laboratório, e, para isso, eram necessárias células humanas. Então, nada melhor do que células infinitas as quais você pode experimentar sem medo.

O pesquisador até mandou amostras das células por correios para outros cientistas por todo o mundo para tratar câncer, efeitos da radiação em tecido vivo, mapeamento genético, doenças infectocontagiosas e inúmeras outras coisas. Desde 1950, os cientistas produziram mais de 20 toneladas de células HeLa e registraram mais de 11 mil patentes envolvendo as células. É muita coisa!

A família de Henrietta

Apesar de todo o avanço na saúde que as células forneceram, elas ainda foram removidas de Henrietta sem sua autorização, ou de sua família. Sendo assim, em 1973, o marido e os quatro filhos de Henrietta descobriram que suas células ainda estavam vivas.

Uma equipe de geneticistas procurou os familiares para fazer um exame de DNA, para descobrir se eles tinham câncer e, talvez, descobrir se eles também tinham o “tumor infinito” descoberto em sua mãe.

A descoberta de que as células da mulher ainda estavam vivas e rodando por aí com certeza foi um choque para todos, que nunca esperavam por isso. Além da existência das células, eles também descobriram que vendiam-se as células, e por um valor altíssimo, chegando a casa dos milhões de dólares.

Dessa forma, quando eles perceberam o que estavam fazendo com as células de Henrietta, decidiram consultar advogados. O objetivo era ver se eles tinham direito a receber dinheiro da indústria de biotecnologia. 

Além da questão financeira, a família de Henrietta lutou pelo reconhecimento da contribuição dela para a ciência e lançou uma campanha para o reconhecimento da sua ajuda, mesmo sem querer.

Como resultado da campanha de sua família, Henrietta Lacks tornou-se uma heroína científica. No entanto, eles ainda não conseguiram vencer no que diz respeito à compensação monetária por sua contribuição.

Esse é o brasileiro mais rico do mundo!

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