Ciência e Tecnologia

Inteligência artificial vai substituir médicos? Bots já possuem até rosto humano

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A inteligência artificial médica está crescendo e ganhando espaço não apenas na tecnologia, como também no dia a dia dos pacientes.

Agora, já se fala de avatares e até mesmo bots com rostos humanizados para interagir e realizar consultas virtuais ou reabilitações pós-operatórias.

Durante uma conversa online, inteligências interagem de forma envolvente, fazendo contato visual, respondendo emocionalmente e oferecendo sugestões com base nas necessidades do interlocutor.

No entanto, essa tecnologia já vem sendo estudada há décadas, com pesquisa em modelagem cognitiva, captura de movimentos e respostas emocionais, para ter um rosto que transmita expressões através de softwares.

Uma das novidades é a Nova, inteligência artificial médica da Soul Machines que utiliza uma capacidade de conversação que vem do ChatGPT da OpenAI.

Greg Cross, CEO da Soul Machines, vê esses avatares como uma ferramenta que se tornará cada vez mais essencial nos sistemas de saúde, suprindo uma demanda de interações, mesmo com a falta de disponibilidade de profissionais reais.

Via Freepik

Atendimento completo

O interesse por informações de saúde na internet levou ao surgimento de chatbots personalizados, como o Florence da OMS em colaboração com o Google e a Amazon Web Services.

Este chatbot surgiu durante a pandemia de COVID-19 para combater a desinformação e fornece informações sobre saúde pública, tabagismo, saúde mental e alimentação saudável.

No entanto, essa primeira ideia não era muito atrativa. Foi quando uma empresa alemã surgiu com um sistema mais robusto, e, surpreendentemente, com um avatar humanizado.

Ao interagir com o paciente, a inteligência artificial médica consegue gerar uma lista de possíveis diagnósticos, além de ter uma imagem amigável.

Além disso, o mecanismo de raciocínio dessas tecnologias está se tornando cada vez mais confiável. Milhões de decisões e cálculos se aprimoram com o Machine Learning, e já conseguem diagnosticar os pacientes.

Em quem confiar?

Essa inovação surge em um momento onde as pessoas procuram as tecnologias para se consultar em questão de saúde, mas não sabem em quem confiar.

Modelos como o ChatGPT, por exemplo, mostraram que há obstáculos quanto à procedência de dados.

Além disso, a inteligência artificial médica ainda não substitui as práticas convencionais. Afinal, ainda não consegue fazer exames de sangue, por exemplo.

No entanto, cada vez mais modelos conseguem responder perguntas médicas com veracidade e trazer raciocínios complexos e lógicos.

Testes

Em 2023, os pesquisadores testaram se o desempenho do ChatGPT no Exame de Licenciamento Médico dos EUA era semelhante ao dos estudantes de medicina do terceiro ano. Fazer com que o software fizesse isso bem era inimaginável há cinco anos.

Em um estudo recente, uma versão do ChatGPT baseada no GPT4, o maior modelo publicamente disponível da OpenAI, recebeu o feedback mais eficaz de estudantes humanos em um teste neurológico.

Mesmo quando o modelo deu a resposta errada, ainda era altamente confiável – nada mal para um dispositivo médico, mas raro entre os médicos.

Com esta simplicidade, não há dúvida de que os conselhos médicos que as pessoas procuram na inteligência artificial médica podem ser precisos.

Mas isso não significa que será sempre assim: alguns conselhos podem ser errados e perigosos.

Os desafios jurídicos levaram muitos cientistas a concluir que é atualmente impossível regular estes tipos de IA em áreas nas quais os erros podem ser perigosos, como o diagnóstico.

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Alguns profissionais do setor buscam métodos intermediários para que algumas de suas qualidades possam ser utilizadas com segurança em outros tipos de trabalho.

Claire Novorol, fundadora da Ada Health, diz que o ponto forte dessa nova IA é a sua capacidade de usar palavras comuns. Isso permite obter mais informações do paciente, em comparação ao método comum.

É por isso que diversas empresas estão expandindo suas alternativas para englobar esses algoritmos.

Quando utilizado no contexto certo, Novorol diz que o potencial ajudará a ter melhores avaliações, atendendo mais necessidades de saúde.

Conselhos confiáveis

Outra abordagem comum é usar a inteligência artificial médica para conselhos, e não como um médico propriamente dito.

O Google, por exemplo, desenvolveu um modelo avançado com dados médicos para fornecer suporte diagnóstico para condições complexas.

Hippocrates AI, uma startup do Vale do Silício, está construindo um avatar especialmente para a saúde. A empresa afirma ter superado o GPT4 em todos os ensaios clínicos e certificações. Com isso, arrecadou US$ 50 milhões para começar seus projetos.

Os investidores parecem considerar esse plano promissor, apoiando médicos e trazendo aconselhamento aos pacientes.

Conforto

Muitos especialistas também observam sobre os relacionamentos que as pessoas constroem com uma inteligência artificial médica.

Estas ligações podem ajudar a tratar doenças crônicas ou fornecer apoio psicológico para outros problemas de saúde mental.

Na Nigéria, a empresa de saúde mDoc criou um serviço de telefone do ChatGPT para dar conselhos de saúde a pessoas com doenças como diabetes ou hipertensão.

Nenhuma das amostras teve resultados de empatia. Mas pelo menos o estudo descobriu que as pessoas que fizeram perguntas sobre saúde preferiram as respostas do ChatGPT do que de profissionais licenciados.

Relatos mostram que algumas pessoas estão estabelecendo relações com serviços de IA como o Replika, chatbot criado por Luka, de São Francisco, que se assemelha até mesmo a uma amizade.

Chatbots criados para relacionamentos e conselhos de saúde estão competindo com chatbots de medicina, por terem designs melhores e mais habilidades de comunicação interpessoal.

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Sem ter vergonha

Existe outra qualidade na inteligência artificial médica que as pessoas estão escolhendo: o julgamento moral.

Por exemplo, quando se trata de problemas sexuais, muitos têm vergonha e não procuram profissionais humanos, por medo do julgamento.

Caroline Govathson, investigadora da Universidade Wits, na África do Sul, testou um chatbot para melhorar a precisão dos testes de risco de HIV. Com isso, percebeu que as pessoas preferiam contar sobre sua vida sexual a um chatbot em vez da enfermeira.

Com isso, Alain Labrique, diretor de saúde digital e inovação da OMS, enxerga as próximas inteligências como uma oportunidade de reduzir barreiras entre pessoas, especialmente jovens.

 

Fonte: Estadão

Imagens: Freepik, Freepik, Freepik

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