História

Investigação sobre quem entregou Anne Frank é criticada

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No último domingo, 23, foi divulgada uma investigação a respeito de quem teria denunciado o esconderijo da família de Anne Frank aos nazistas. Anne Frank se tornou mundialmente conhecida por conta dos relatos escritos por ela em um diário do período em que passou escondida em um porão durante a Segunda Guerra Mundial. A guerra durou de 1939 a 1945. 

No entanto, John Goldsmith, que é o chefe do Fundo Anne Frank (instituição criada pelo pai da jovem judia, Otto Frank), afirmou que a investigação é “cheia de erros” e “não contribuiu para descobrir a verdade”. A afirmativa do presidente da instituição coloca em cheque os resultados da investigação realizada. 

anne frank

Getty Images

A investigação

Segundo uma equipe de investigadores que inclui historiadores e um ex-agente do FBI, o responsável por entregar Anne Frank aos nazistas foi um homem chamado Arnold Van den Bergh. O homem em questão era uma figura judia de prestígio. A investigação durou seis anos. 

Segundo Vince Pankoke, o ex-agente do FBI que participou da investigação, Van den Bergh também era judeu, mas foi colocado em uma situação difícil pelos nazistas e teve que entregar os Frank para que ele e sua própria família permanecessem em segurança. Os pesquisadores encontraram também um bilhete anônimo enviado a Otto, pai de Anne, apontando Arnold Van den Bergh como o responsável pela traição. 

A investigação se tornou o tema central de um novo livro. Intitulada The Betrayal of Anne Frank (“A Traição de Anne Frank”, em tradução livre), a obra foi escrita por Rosemary Sullivan. O livro reafirma a ideia de que o suspeito entregou a garota e os parentes dela aos nazistas para salvar a própria família.

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Opiniões divergentes sobre o delator de Anne Frank

Para o presidente do Fundo Anne Frank, a investigação que apontou Van den Bergh como traidor tem teor comercial e não acadêmico, sem a apresentação de evidências que comprovariam as acusações. “Agora a colocação principal é: um judeu traiu judeus. Isso fica na memória e é inquietante”, afirmou Goldsmith.

Houwink ten Cate, que é pesquisador do Instituto Holandês de Documentação de Guerra, também não concorda com a investigação realizada e o nome apontado como responsável por delatar Anne Frank. Segundo ele, o Conselho Judaico de Amsterdã (do qual Van den Bergh fazia parte) não teria acesso a listas de endereços dos esconderijos de judeus. 

Wikimedia Commons

O Conselho Judaico de Amsterdã foi um órgão implantado à força pelos nazistas para impor sua política segregacionista em bairros judeus durante a ocupação alemã. “Os pesquisadores não conseguem explicar exatamente como Van den Bergh viu essas supostas listas e se o endereço da família Frank estava lá”, afirmou ten Cate. “Então, há de fato muitas pontas soltas. A afirmação dos investigadores de que eles têm 85% de certeza (a respeito da identidade) é exagerada e estranha, na melhor das hipóteses”, completou. 

Outros historiadores holandeses também criticaram o livro The Betrayal of Anne Frank. “Parece implausível que as pessoas forneceriam informações sobre seus esconderijos ou de suas famílias ao Conselho Judaico, já que seus membros seguiam abertamente uma política de cooperação com os alemães”, disse Laurien Vastenhout, pesquisadora e professora do Instituto Nacional de Estudos sobre Guerra, Holocausto e Genocídio.

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