Mãe de criança autista denuncia agressões e ofensas de colegas de escola no interior de SP

Avatar for Bruno DiasBruno DiasCuriosidadesoutubro 14, 2022

Todos sabem que uma mãe tira força de onde for para manter seus filhos seguros e protegidos. Além, é claro, de demostrar amor das mais variadas formas. Como no caso dessa mãe de uma criança de 11 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ela denunciou a  diretoria de uma escola particular em Bauru (SP), os colegas de classe do menino e os pais deles por conta de ofensas e discriminação contra seu filho.

A mãe da criança deu uma entrevista para o G1, mas preferiu não ser identificada. Na entrevista, ela explicou que registrou um boletim de ocorrência contra a escola em junho deste ano, e que a instituição nega as acusações.

Segundo Gustavo Bertho Zimiani, o delegado responsável pelo caso, da Central de Polícia Judiciária (CPJ), depois de ter recebido o BO, ele determinou a expedição de um ofício até a escola onde solicitou esclarecimentos a respeito do caso. Agora, os próximos passos do processo irão ser definidos depois do retorno da escola.

A escola enviou uma nota por meio da qual informou que questões pedagógicas envolvendo os alunos são tratadas no âmbito da escola e junto às autoridades competentes. “Registrando-se, desde logo, que a escola e seus prepostos primam pela prestação de serviço com excelência, causando estranheza as acusações da não identificada mãe”, disse a nota.

Ofensas

G1

Na denúncia feita pela mãe, ela disse que os pais de outras crianças ofendem seu filho, que foi diagnosticado no ano passado com autismo em grau um, o que especialistas consideram como um grau leve. De acordo com a mulher, o pai de um colega chamou o menino de psicopata, mesmos sabendo da condição da criança.

A mãe do menino ainda diz que os colegas de sala agridem e xingam seu filho. E justamente por conta dessas ofensas, ela pontua que seu filho desenvolveu crises de ansiedade, além de implorar para não voltar mais para a escola. Tanto que, em setembro desse ano o menino foi desmatriculado da escola.

“Os pais se uniram, começaram uma perseguição, e fizeram de tudo para que o meu filho deixasse a escola. Teve mãe que cobrava a escola para aplicar punições no meu filho. Tive acesso a atas de reuniões e mensagens nas quais constam o que estou pontuando”, contou a mãe.

Em uma ata de junho, um pai solicitou uma reunião, e no documento consta que o filho desse homem não teve conflitos com a criança autista, mas soube de episódios de agressões verbais e físicas com outros alunos. Na mesma ata, a escola escreve que o pai supostamente disse que o menino tinha um laudo de psicopatia infantil e era vontade dos outros pais tirá-lo da escola.

“Os pais orientavam seus filhos a serem hostis, darem cotoveladas no meu filho sempre que ele se aproximasse e a se manterem longe do meu filho. As atas de reunião refletem isso. Dentre as mães autoras das discriminações, estão duas médicas e duas fonoaudiólogas, que atacaram o meu filho e mandavam a escola revistar a mochila dele, como se ele fosse um bandido, e, também, cobravam a escola para esta aplicar punições ao meu filho, uma criança autista”, disse a mulher.

Preconceito

G1

A mãe também disse que, por conta do ocorrido, a escola criou obstáculos para que seu filho continuasse matriculado na instituição. Nas festas da escola, a criança era excluída e que, ainda segundo a mulher, os professores presenciaram agressões.

“No dia da festa de carnaval, meu filho foi agredido fisicamente por um aluno da sala dele. Vários funcionários presenciaram a cena, inclusive a própria mãe do aluno foi quem o segurou para que ele não batesse ainda mais no meu filho. A coordenadora estava lá, soube do ocorrido, mas a escola não nos cientificou da agressão, e quem nos contou o caso foi o nosso filho”, pontuou.

A mãe disse que, em agosto, seu filho foi a uma festa de aniversário de um aluno da sua turma junto de uma terapeuta e que na ocasião, a profissional teria presenciado outras crianças o ofendendo.

“Meu filho pediu para ir embora da festa e saiu chorando, completamente abalado. Depois desse triste episódio, ele começou a pedir para não voltar mais à escola. Após essa situação da festa, cientificamos os pais das crianças autoras do bullying, pedimos que tivessem empatia pela condição do meu filho. Esses pais sequer responderam à mensagem, e ainda procuraram a escola para reclamar”, contou ela.

Mãe aflita

G1

Por toda essa situação, a mãe do menino autista disse que não consegue dormir, trabalhar ou estudar porque está “constantemente aflita” e preocupada com seu filho.

“Eu me sinto completamente impotente diante da crueldade dessas pessoas, me sinto anestesiada, me sinto como se eu e meu filho não merecêssemos nenhum tipo de respeito ou consideração, somente pelo fato de ele ser autista e não ter culpa de sua condição e de suas deficiências”, relatou.

Ela também ressalta que o próprio filho já disse que as pessoas fizeram-no pensar que ele não merece ser feliz e ter amigos.

“Ele não consegue participar das sessões de terapia, sempre chegando nervoso, ansioso e com ideias autodepreciativas nas sessões, e não consegue realizar os treinos necessários para o seu tratamento”, finalizou.

Fonte: G1

Imagens: G1

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