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Mais de 30% dos jovens de RJ e SP se dizem sem religião

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Nos últimos tempos, diversas igrejas lançaram dinâmicas buscando atrair o público jovem. Apesar do relativo sucesso dessas estratégias, uma pesquisa do Datafolha demonstrou o aumento do número de pessoas sem religião na faixa etária entre 16 e 24 anos.

De acordo com o estudo, no estado do Rio de Janeiro, em 2022 esse público representa 34% da juventude, acima dos 32% de evangélicos, dos 17% de católicos e dos 17% de seguidores de outras doutrinas. Já em São Paulo, os jovens sem religião formam 30% dos entrevistados, ultrapassando os 27% dos evangélicos, os 24% dos católicos e os 19% de outras religiões.

Em síntese, esse rótulo de “sem religião” não significa que a pessoa é ateísta ou agnóstica. A definição serve para tratar todas aquelas pessoas que não se simpatizam com alguma instituição religiosa, incluindo os dois grupos citados.

Fonte: Nikko Tan

Sem religião mas não sem fé

A princípio, vale lembrar o que é ser ateu e o que é ser agnóstico. No primeiro caso, a pessoa nega que Deus exista, enquanto que na segunda situação, o sujeito entende que não é possível ter certeza dessa existência.

Nesse sentido, o público sem religião que aparece na pesquisa não representa apenas essas duas vertentes. Pelo contrário, dentro dos jovens desvinculados de igrejas, os ateus e os agnósticos costumam ser minoria. Um exemplo disso é o Censo de 2010, o qual mostrou que, entre os 15,3 milhões de brasileiros não religiosos, apenas 615 mil se viam como ateus e 124 mil se declararam agnósticos. Ou seja, juntas, essas quantias deram apenas 4,8% do total de pessoas sem ser fiel a uma doutrina.

Sendo assim, a maioria das pessoas sem religião são indivíduos com crenças no além-mundo, porém sem a presença de uma única instituição na construção dessa ponte. Silvia Fernandes é cientista social e professora da UFRJ, e ao G1, ela define bem esse ser humano fluido e plural.

Fonte: Garon Piceli

“Ele incorpora elementos de uma espiritualidade mais fluida, pode fazer um sincretismo. Pode ter crenças muito associadas ao universo do cristianismo — acreditar em Deus, em Jesus, em Maria — mas seguir se declarando sem religião”, explica ela.

Esse fenômeno fica bem representado na maneira como a manicure carioca Mariana Oliveira se vê. A jovem de 21 anos se declara da seguinte forma: “Eu não tenho religião, sempre fui totalmente pura a isso. Eu acredito em tudo, primeiramente em Jesus, o único Deus todo poderoso. Também acredito em entidades, que me ajudaram muito e sempre que puderem vão me ajudar… Acredito em energias, no universo…”, descreve ela em uma rede social.

De onde vem esse “desigrejamento”?

Em suma, a resposta a essa pergunta não é simples. Uma das análises é que o jovem atual possui condições de experimentar mais credos, algo inacessível ao seus antepassados da mesma faixa etária. Ou seja, se antes um indivíduo tinha a visão de mundo familiar com a predominante, agora há um amplo acesso às perspectivas de outros núcleos familiares.

Além disso, as famílias atuais possuem diversas composições religiosas dentro delas. Isso significa que em um mesmo lar, é possível que um tio seja espírita, enquanto a mãe do adolescente seja católica e a avó evangélica. Nesse sentido, a inexistência de um consenso interno retira a obrigação do jovem de se conectar a um credo pré-definido.

Fonte: Getty Images

Dessa forma, com tantas influências diferentes, surgem duas possibilidades ao sujeito. A primeira é que ele pode ignorar todas e não acreditar em nenhuma. A segunda é que o indivíduo pode conciliar as diferentes formas de e construir uma visão de mundo própria.

Além disso, a pauta social da luta antirracista traz consigo a questão da ancestralidade da cultura negra. Esta se conecta principalmente com as religiões afro-brasileiras. Logo, a pessoa de berço protestante ou católico se abre à simpatização com terreiros e orixás, podendo criar nela uma janela para unir todos esses universos em uma concepção particular.

Por fim, entra a questão de alguns jovens viverem certas divergências dentro das igrejas evangélicas. Afinal, podem surgir críticas à orientação política da instituição, às pregações morais e aos valores de quem frequenta. Dessa forma, a relação sujeito-igreja se torna insustentável, e ele prefere cultuar sua crença em casa.

Fonte: G1.

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