A médica Gilma de Fátima, do município de Oliveira, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, ficou assustada ao receber uma encomenda na tarde da última segunda-feira (26/09). Presa ao pacote, estava uma cobra, que ela afirma aparentar ser um filhote.
“Foi um susto horrível. Estou até agora em choque. Minha secretária chegou a colocar o pacote debaixo dos braços. Poderíamos ter sido picadas. Outra questão é que, a cobra era um filhote, então, de onde saiu essa podem ter outras”, disse.
Fátima, que havia comprado toalhas descartáveis de mesa pela internet, só notou o animal quando tentou cortar o lacre da embalagem com uma tesoura.
“Eu me aproximei com o rosto para cortar o durex, então poderia ter sido picada. Foi um risco grande.”
A médica e o marido colocaram a cobra em um recipiente e a soltaram em uma área de mata.
Tipo de cobra
Em entrevista ao G1, o biólogo e doutor em zoologia Henrique Costa informou que a cobra encontrada pela médica é uma falsa cobra-coral.
“Por causa da barriga branca, a imagem nos permite ver claramente a região ventral, a barriga do animal, e essa barriga branca é uma característica que não aparece em nenhuma das corais verdadeiras que temos no Brasil”, afirmou.
Ainda de acordo com Henrique, no país, são conhecidas 38 espécies de corais verdadeiras. A maior parte desses animais está concentrada na região norte, principalmente na Amazônia.
“No sudeste temos também várias espécies, nem todas tem o padrão clássico de vermelho, preto e branco, mas nenhuma coral verdadeira tem a barriga branca. Porém existe corais falsas que não tem a barriga branca, então é mais confuso do que parece essa identificação de falsa coral ou verdadeira”, acrescentou Costa. Em seguida, ele explicou que a falsa coral é um animal de hábitos noturnos.
No entanto, independentemente do tipo de cobra, Henrique apontou que é importante procurar um profissional adequado para realizar a retirada desse animal do local.
“A recomendação é que se for avistado uma cobra coral nunca manusear e chamar o Ibama, Corpo de Bombeiros ou Polícia Ambiental, quem for responsável na cidade para fazer a captura segura deste animal. A gente recomenda não matar o animal, afinal são animais silvestres”, concluiu.
O que fazer?
Especialistas apontam que é necessário ficar atento para descobrir se a cobra encontrada é uma coral-verdadeira ou uma falsa-coral. A primeira é peçonhenta e causa riscos quando ataca humanos. Já a falsa não costuma estar envolvida em incidentes graves, mas ainda oferece risco ao ser humano.
Além disso, o biólogo Igor Rodrigues Fernandes aponta que em casos de picadas, o atendimento médico precisa ser imediato. O tratamento envolve a injeção de um soro antielapídico, e o acompanhamento das reações.
Posicionamento da loja
Por meio de nota enviada ao G1, a loja que vendeu o produto para a médica disse lamenta o ocorrido e que não tem condições de saber em que momento a cobra se alojou embaixo da fita adesiva que estava na caixa da mercadoria.
No entanto, eles destacaram: “só temos a certeza de que não foi nas nossas dependências”.
Além disso, a loja afirmou que as encomendas são coletadas no estabelecimento, por transportadoras contratadas pela Shopee.
“Ao que sabemos essa compra foi levada para o Centro de Distribuição em Santana do Parnaíba, depois para Embu das Artes e redistribuída para outra transportadora. No caso da nossa venda a transportadora que levou a mercadoria para a compradora, foi a transportadora Sequoia e de Embu das Artes foi enviada para a filial da Sequoia em Contagem, MG. Diante desses fatos, sinceramente é impossível saber em que momento do transporte ocorreu essa anormalidade.”
Por fim, a loja informou que causou estranheza o entregador que foi até a casa da compradora com o pacote não ter notado nada de anormal.
Fonte: G1
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