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Misteriosos corpos que não se decompõem estão causando problemas em Portugal

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Corpos humanos que misteriosamente não se decompõem depois do enterro estão provocando uma crise em Portugal. No país, os corpos foram observados se mumificando de forma natural depois de serem enterrados.

De acordo com as leis do país, os corpos precisam ser exumados rotineiramente para que os restos mortais sejam colocados em locais menores, e com isso seja possível economizar espaço.

No entanto, muitos desses corpos não se decompõem, provocando trauma para as famílias que têm os restos mortais dos familiares desenterrados apenas para serem colocados de volta para continuar a decomposição.

O principal problema é que ninguém sabe por que os corpos não estão decompondo. Por isso, cientistas em Portugal estão agora trabalhando para descobrir a causa das estranhas mumificações.

Reciclagem de túmulos

Foto: Patricia De Melo Moreira/ AFP/ Getty Images

Devido à superlotação dos cemitérios urbanos, Portugal introduziu o sepultamento temporário no começo da década de 1960.

A ideia é que um corpo em decomposição ocupa menos espaço. Os ossos podem ser embalados em um caixão menor e em seguida são movidos para um local menos espaçoso, como gavetas que ficam nas laterais dos cemitérios.

“Não temos espaço para estabelecer novos cemitérios ou atualizar cemitérios que já existem nas cidades”, explicou Angela Silva Bessa, antropóloga forense da Universidade de Coimbra que estuda cemitérios portugueses.

Os corpos que se recusam a decompor

Foto: Angela Silva Bessa/ Business Insider

Três anos depois do enterro, a família do falecido costuma receber uma carta informando que os restos mortais serão removidos em breve. 

Porém, de acordo com a lei, o corpo só pode ser movido se estiver decomposto de forma que seja apenas um esqueleto, sem nenhum tecido mole. Para verificar isso, os coveiros desenterram o corpo para analisá-lo. Se ele não tiver decomposto o suficiente, é enterrado novamente e o processo se repete a cada dois anos até que seja finalizada a decomposição.

Uma pesquisa realizada em cemitérios do Porto, a segunda maior cidade de Portugal, descobriu que de 55 a 64% dos corpos entre 2006 e 2015 não foram totalmente decompostos na primeira exumação.

Paulo Carreira, proprietário da funerária e executivo-chefe da associação funerária nacional de Portugal, disse ao portal Insider que as famílias costumam lidar bem após a primeira exumação. No entanto, as repetidas vezes podem ser prejudiciais emocionalmente.

De acordo com Carreira, em alguns casos, pode levar décadas de repetidos enterros e reenterros até que o corpo chegue a um local de descanso final. Ele acrescenta que parte destes corpos mumificaram de forma espontânea.

A mumificação espontânea costuma ocorrer quando um corpo seca tão rapidamente que a decomposição para. Isso é observado em ambientes extremos, como desertos e geleiras, ou durante temporadas de intenso calor e frio.

No entanto, a razão para isso acontecer em Portugal segue um mistério.

Uma busca para entender a morte

Foto: Angela Silva Bessa/ Business Insider

Silva Bessa e seus colegas estão investigando a razão para o processo de decomposição estar demorando, como parte de seu projeto de tese de doutorado, um estudo inédito.

Com o consentimento das famílias, ela está coletando amostras de corpos e do solo ao redor deles em cinco cemitérios. “É bastante surpreendente”, disse ela ao Insider. “Na mesma seção do cemitério, tenho diferentes estágios de decomposição.”

De acordo com ela, alguns corpos estão totalmente esqueletizados, outros ainda estão em decomposição. Mas também existem os que estão mumificados da cabeça aos pés.

“Mesmo no mesmo corpo, posso ter todo o corpo esqueletizado, a área da pélvis está em putrefação e as mãos mumificadas. Então você pode encontrar um pouco de tudo”, disse ela.

Silva Bessa já testou oito propriedades do solo que podem afetar a decomposição. Entre elas estão a temperatura, acidez, umidade, densidade, contaminação por metais pesados ​​e matéria orgânica.

Ela afirma que até o momento ainda não houve um avanço significativo.”Sinceramente, pensei que pelo menos encontraria uma relação entre as propriedades do solo e o estado da composição do corpo, e não encontrei.”

Agora, o próximo passo é testar as substâncias que as pessoas tiveram contato em vida. Entre elas estão as presentes no cigarro e em alguns medicamentos.

A decomposição do corpo ainda é misteriosa

Foto: Angela Silva Bessa/ Business Insider

Tristan Krap, professor de ciências forenses que estuda a decomposição de corpos na Universidade de Maastricht, na Holanda, afirma que não está surpreso que os corpos não estejam se decompondo em três anos. De acordo com ele, o esperado é que um “corpo normal” em um túmulo leve cerca de cinco anos para se decompor. Porém, ele assume que isso é suposição.

Cientistas como Krap utilizam instalações que possuem acesso a corpos doados para estudar a decomposição. Eles costumam se concentrar no que acontece com o corpo acima do solo. Isso é útil para casos como investigações de assassinato, no entanto, não é para o que está acontecendo com a decomposição dos corpos em Portugal.

Poucos trabalhos analisam o que ocorre com o corpo após ser enterrado em uma cova, o que provavelmente será muito mais complexo. Krap explicar que o corpo é como “uma enorme bomba biológica”, que introduz bactérias, tecidos e vários sucos no solo, que tem um ecossistema complexo.

Para Krap, um fator pode ser variações entre os corpos das pessoas, como tamanho, massa muscular e níveis de gordura.

Um efeito na cultura e no luto

De acordo com Carreira, devido à escassez de sepulturas, as pessoas têm preferido recorrer à cremação. Ele aponta que isso fez seu negócio se adaptar. “Há quinze anos, tínhamos quatro crematórios. Hoje, temos 38.”

No entanto, Silva Bessa explica que para os portugueses “é tradição enterrar os corpos para não cremá-los”. Por isso, a falta de espaço para enterrar os entes queridos segue sendo um problema.

Além disso, ela afirma que continua determinada a encontrar a causa do problema que está provocando a mumificação espontânea no país.

Fonte: Science Alert

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