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Música “escondida” em afresco na Itália será tocada após quase 250 anos

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A música é responsável por dar emoção aos filmes, eventos esportivos, séries, novelas e, é claro, à nossa vida como um todo. Para a nossa sorte, existem diversos gêneros musicais, cantores, grupos e bandas. Isso nos permite sempre descobrir canções novas.

Justamente por toda essa importância é bem difícil imaginar um mundo onde ela não exista. E a música não é algo recente, ela esteve presente desde muito tempo. Como no Ospedali Grandi de Veneza, que eram quatro instituições de caridade que acolheram os necessitados desde o século XVI até a virada do século XIX.

Nos quatro Ospedali tiveram alguns dos maiores músicos e compositores da época contratados para dar às jovens uma educação musical excepcional. Para se ter uma ideia do peso dos músicos eram nomes como Antonio Vivaldi e Nicola Porpora.

Redescobrimento

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Em 2019, Maricá S. Tacconi, professor de Nusicologia e História da Arte,  em Penn State, visitou o Ospedale di Santa Maria dei Derelitti, mais conhecido como Ospedaletto, ou “Pequeno Hospital” por ele ser o menor dos quatro. E por ele ser um musicólogo, ele quis visitar a sala de música do Ospedaletto, que foi construída em meados da década de 1770.

“Eu tinha ouvido falar de sua beleza e acústica perfeita. Então, quando uma colega e amiga, a cantora clássica Liesl Odenweller , sugeriu que fôssemos juntos, fiquei encantado. Eu também esperava secretamente que Liesl se sentisse inclinada a cantar naquele espaço, para que eu pudesse experimentar a acústica pura da sala. Mal sabia eu que encontraria música que não era tocada há quase 250 anos”, contou.

Curiosamente, se fala pouco a respeito da produção musical que aconteceu por séculos atrás dos muros do Ospedaletto. No entanto, uma das maiores pistas dessa história está em uma das paredes da sala.

Música

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No afresco pintado e 1776/77 por Jacopo Guaraná é possível ver um grupo de musicistas, provavelmente composto pelas jovens que moravam por lá, aos pés de Apolo, o deus grego da música.

Ao ver a pintura, Tacconi se aproximou para analisá-la mais de perto e notou uma notação musical bastante legível e com o nome do compositor, Sig. Anfossi, no canto superior direito. O professor tirou várias fotos para tentar entender ao máximo sobre a peça musical.

“Fiquei sabendo que a música do “Signor Anfossi” mostrada no afresco foi extraída da ópera “Antigono”, composta por Pasquale Anfossi (1727-97) com libreto de Pietro Metastasio . A obra estreou em Veneza, no Teatro San Benedetto, em 1773”, disse ele.

Essa música solo é conhecida como ária e no texto visto na parede é dito:  “Contro il destin che freme, combatteremo insieme”, que significa “Contra o destino trêmulo, lutaremos juntos”.

Infelizmente, várias obras dos séculos XVII e XVIII tem a ópera toda perdida. Contudo, nesse caso, Tacconi encontrou uma cópia da ária em uma biblioteca em Montecassino, que é uma pequena cidade a sudeste de Roma.

“Um dos aspectos que considero mais gratificantes no estudo da música antiga é o processo de descobrir uma obra que foi negligenciada e inédita durante centenas de anos e trazê-la de volta ao público moderno”, pontuou ele.

Tocar de novo

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Então, tendo como inspiração a sala de música do Ospedaletto, Liesl Odenweller e Tacconi começaram um projeto colaborativo para trazer de volta não somente a ária da parede, mas outras músicas da instituição que não eram ouvidas há séculos.

Por conta de uma doação generosa da Fundação Gladys Krieble Delmas, o Venice Music Project, que é um o conjunto co-fundado por Liesl em 2013, irá apresentar a música em um concerto no dia dois de dezembro em Veneza.

“O nosso programa incluirá “Contro il destin” bem como outros excertos de “Antigono” – essencialmente, tudo o que resta daquela ópera. Além disso, incluiremos obras de Tommaso Traetta (1727-79) e Antonio Sacchini (1730-86) que, como Anfossi, ensinaram as jovens, em alguns casos lançando suas carreiras musicais internacionais”, concluiu Tacconi.

Fonte: The Conversation

Imagens: The Conversation

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