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Cientistas comprovam a eficiência de uma planta brasileira para remover petróleo vazado no mar

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As plantas são a espinha dorsal de toda a vida na Terra, sendo essencial para o bem-estar do ser humano. Elas fornecem alimentos para quase todos os organismos terrestres, mantêm a atmosfera, produzem oxigênio e absorvem dióxido de carbono durante a fotossíntese. Além de tudo isso, elas podem ter funções que surpreendem a todos.

Uma dessas funções tem a ver com o derramamento de petróleo. Isso é um problema ambiental extremamente grave porque pode causar danos à vida marinha. Até porque, o petróleo bruto é formado por uma mistura de compostos químicos que tem diferentes efeitos tóxicos quando entra em contato com o ambiente marinho. Como consequência, isso pode trazer danos físicos a mamíferos marinhos, como sufocamento, intoxicação e perda de isolamento térmico, a contaminação de plânctons e outros organismos microscópicos.

Por conta disso tudo é possível entender os motivos disso ser um grande problema ambiental com consequências tanto a curto como a longo prazo. Então, formas de preveni-lo e mitigar seus impactos são sempre procuradas.

Nesse ponto, os pesquisadores buscam novas técnicas e materiais para remover e separar o petróleo que derrama na água. E dentre as principais técnicas, a recuperação mecânica, que é quando o óleo é coletado através de absorventes ou outros dispositivos, é a mais comum de ser usada.

Isso porque, essa técnica tem uma aplicação simples e eficaz, e não causa uma poluição secundária. Nessa técnica são usados materiais absorventes que atraem o petróleo. Eles podem ser colocados diretamente no derramamento ou usados como uma barreira de contenção. Esses materiais absorvem o óleo e depois disso ele pode ser descartado ou até mesmo reciclado.

Planta

Nexo

Os materiais absorventes mais usados são à base de fibras vegetais e resíduos agrícolas, como palha de milho, casca de arroz, serragem, fibra de algodão e fibra de sumaúma. Todos eles tem a vantagem de terem um custo baixo, ter uma disponibilidade fácil, serem biodegradáveis eter uma eficiência e seletividade de absorção boa. Tudo isso faz com que eles sejam a alternativa preferida.

Nesse mesmo padrão, um destaque tem sido a planta brasileira Calotropis procera. Ela tem uma fibra natural com propriedades hidrofóbicas, ou seja, tem aversão pela água, e oleofílicas, que é uma afinidade por óleo. Além disso, a planta é biodegradável, leve e tem uma estrutura física oca.

Tudo isso, mais o seu baixo custo de produção e armazenamento faze com que a planta seja uma alternativa excelente para remover o petróleo da água.

A Calotropis procera é mais conhecida como flor-cera, rosa-cera ou seringueira. Mesmo sendo nativa da África e da Ásia, ela veio para o Brasil no século XIX e é tida como uma planta invasora, ou seja, erva-daninha. Isso porque ela pode se espalhar de forma rápida e causar danos ao meio ambiente.

Como a planta produz frutos com muitas sementes, e que germinam de forma rápida, ela pode ser cultivada rapidamente. E ela é vista em várias regiões do país, contudo, o nordeste é onde as grandes populações dela estão.

Potencial

Freepedia

A pesquisadora Larissa Sobral Hilário fez em sua tese de Doutorado, chamada “Avaliação da fibra Calotropis procera modificada para remoção de petróleo na superfície da água”, uma análise das características da planta para tirar o petróleo bruto em caso de derramamento.

Como resultado do seu estudo foi visto que uma grama da fibra consegue retirar cerca de 76 gramas de petróleo. Enquanto que a fibra modificada consegue remover mais de 180 gramas. Essa quantidade é maior do que os produtos sintéticos, como por exemplo, as espumas de poliuretano e polipropileno.

Isso foi visto por conta da fibra da planta ter uma estrutura tubular típica com revestimento ceroso na sua superfície. É isso que faz com que ela tenha uma capacidade de absorção ótima.

Importância

Science alert

Assim como a Calotropis procera pode servir como um ótimo absorvente de petróleo, outras plantas também podem substituir versões sintéticas de alguns produtos. Como por exemplo, essa planta samoana tradicionalmente usada para tratar febres, dores no corpo e “doença dos fantasmas”. Agora, um novo estudo sugere que ela pode rivalizar com o ibuprofeno, um analgésico comercializado, justamente por conta das suas propriedades anti-inflamatórias.

O estudo foi liderado pelo cientista indígena samoano Seeseei Molimau-Samasoni da Organização de Pesquisa Científica de Samoa, e sugere que o remédio tradicional samoana é mal compreendido, mas usada com bastante frequência, que se chama “matalafi”, pode ser tão poderosa quanto o ibuprofeno que funciona na redução da inflamação.

Matalafi é, na realidade, uma árvore pequena e imperceptível com bagas vermelhas brilhantes que cresce ao longo da costa e nas florestas nubladas de Samoa. E tradicionalmente, os curandeiros usam as folhas dessa árvore para aliviar a inflamação relacionada a febres, inchaço e infecções de pele. Além de também usarem no tratamento de doenças causadas por forças fantasmas.

“Havia muita superstição em torno desta planta, particularmente, mesmo na medicina tradicional, mas eu estava ansioso para descobrir se poderia fornecer mérito científico aos medicamentos tradicionais do povo de Samoa”, disse Molimau-Samasoni.

Apenas nos últimos 40 anos, aproximadamente 1.500 novos medicamentos foram aprovados. Desses, 64% foram extraídos, derivados ou baseados em produtos químicos que se encontrou nas plantas e em outros produtos naturais. Alguns exemplos são, a aspirina, o medicamento contra a malária artemisinina, e a metformina, um medicamento de primeira escolha para o diabetes.

E através de  algumas culturas de leveduras humildes que compartilham um monte de genes com humanos, Molimau-Samasoni descobriu que matalafi interage com o ferro dentro das células. Com isso em mente, o cientista optou pelo matalafi e suas propriedades anti-inflamatórias contra o ibuprofeno nas células do sistema imunológico cultivadas em laboratório.

“Esta foi a planta que eu fui mais cético sobre. Mas acabou sendo meu extrato mais potente”, disse ele.

Embora essa descoberta tenha sido significante, ainda não é de se esperar que o matalafi supere o ibuprofeno como um dos pilares do alívio da dor. A pesquisa tem um significado maior na forma como ela dá uma visão molecular a um conhecimento tradicional.

“Acredito que acabamos de começar a desvendar o potencial de matalafi, mas também existem, honestamente, centenas de outros medicamentos tradicionais aqui em Samoa para pesquisar”, concluiu Molimau-Samasoni.

Fonte: Nexo, Science alert

Imagens: Nexo, Freepedia, Science alert

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