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Na Grécia, bebê nasce com DNA de três pais

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O ácido desoxirribonucleico, ou DNA, é o grande elemento que une as várias pontas da existência. Ele é um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas, que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos e de alguns vírus. Além disso, transmite as características hereditárias de cada ser vivo. Resumindo, o DNA é a matéria que nos torna o que nós somos.

Geralmente, ele é uma mistura do DNA da mãe e do pai. No entanto, alguns casos podem sair da curva e impressionar a todos. Como por exemplo, esse bebê que nasceu na Grécia com o DNA de três pessoas.

O bebê nasceu depois de um tratamento de fertilidade bastante controverso. Contudo, na visão dos médicos, eles estão “fazendo história na medicina” e tal tratamento tem o potencial de ajudar vários casais que tem problemas de fertilidade. Ainda de acordo com eles, o recém nascido tem 2,9 quilos e tanto ele como a mãe estão bem.

Três DNAs

Bebê Abril

Como o processo é controverso, nesse caso, o bebê é parente da mãe, da doadora de óvulos e do pai. A doadora de óvulos entrou nesse parentesco porque através do óvulo que o bebê tem suas mitocôndrias, que produzem energia e tem seu material genético próprio. Assim, mesmo que pequena, uma fração do DNA do bebê vem da doadora.

Esse tratamento foi feito pelo  Institute of Life, na Grécia, e de acordo com os médicos responsáveis, ele é um avanço histórico. Até porque foi a primeira vez que uma técnica de fertilização in vitro, com DNA de três pessoas, foi usada para tentar resolver problemas relacionados com a fertilidade. O tratamento já tinha sido usado antes, mas para garantir que as crianças não iriam ter doenças genéticas que pudessem ser passadas através da sua mãe.

Conforme pontuam os médicos, em uma gravidez de sucesso, as mitocôndrias tem um papel importante. Por conta disso ele sugerem que essa técnica poderia ser aplicada mais amplamente e ser vista como um tratamento de fertilidade. Isso porque, a mulher que teve o bebê já tinha feito quatro rodadas de fertilização in vitro, mas nunca tinha tido sucesso até então.

Técnica

Virou pauta

Para Nuno Costa-Borges, o embriologista espanhol que colaborou com a clínica do Institute of Life na Grécia, essa técnica seria capaz de ajudar “inúmeras mulheres” que querem ser mães a tornar esse sonho realidade. Ele também pontuou que a técnica é uma verdadeira revolução no tratamento de fertilidade.

Contudo, essa não é a visão de toda a comunidade médica. Para Tim Child, professor associado da Universidade de Oxford e diretor médico da Fertility Partnership, “os riscos da técnica não são totalmente conhecidos, embora possam ser considerados aceitáveis ​​se forem usados ​​para tratar doenças mitocondriais, mas não nessa situação”.

Composição

Correio de Carajás

No caso desse bebê, ele compartilha o DNA de três pessoas. Mas no geral, quanto será que o genoma é exclusivamente Homo sapiens? A dúvida pode surgir sabendo que os humanos modernos compartilham grande parte do genoma com as bananas.

De acordo com um novo estudo, esse número poderia ser tão pequeno quanto 1,5%. O resto seria compartilhado com nossos parentes antigos. Como por exemplo, os neandertais e os denisovanos.

“Geramos um mapa dentro de genomas humanos de ancestralidade arcaica e de regiões genômicas não compartilhadas com hominídeos arcaicos. Descobrimos que apenas 1,5 a 7% do genoma humano moderno é exclusivamente humano”, escreveram os pesquisadores.

Essa tarefa de desmembrar o que é nosso e o que veio dos nossos ancestrais é uma coisa bem difícil. Por exemplo, como os pesquisadores vão saber quais variantes genéticas são provenientes do cruzamento de neandertais com homo sapiens e quais variantes foram passadas para as duas espécies através de um ancestral comum?

Para isso, a equipe queria criar um sistema que pudesse identificar os eventos de mistura, e também a herança compartilhada. Isso ajudaria a determinar quais são as regiões do genoma exclusivamente nossa.

Então, eles criaram um algoritmo chamado Speedy Ancestral Recombination Graph Estimator (SARGE). Com ele, os estudiosos puderam mapear como nossos genes se entrelaçaram no tempo e nas espécies. Se separando e se unindo de novo em pontos diferentes. Fizeram isso usando os chamados gráficos de recombinação ancestral.

Conforme explicaram os pesquisadores, a maioria dos genes exclusivamente nossos não tinham funções desconhecidas, mas sim, genes bastante conhecidos que codificavam proteínas usadas no cérebro. Claro que isso ainda nem chega perto do fim da história. Para começar, entre 1,5 a 7% é um intervalo bem grande. Por isso, os pesquisadores acham que podem torná-lo mais específico com mais genomas e mais estudos.

E também existiram outras análises olhando para a porcentagem de DNA que foi retirada dos ancestrais. Então, é improvável que esse estudo seja a última palavra sobre o assunto.

“É extremamente tentador especular que uma ou mais dessas explosões tiveram algo a ver com o comportamento incrivelmente social que os humanos têm, mediado em grande parte por nosso controle especializado da fala e da linguagem”, concluiu o paleogeneticista de Santa Cruz e um dos pesquisadores da Universidade da Califórnia

Fonte: Galileu

Imagens: Bebê Abril, Virou pauta, Correio de Carajás

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