O autismo é um transtorno global do desenvolvimento e possui três características fundamentais: as pessoas que têm tal transtorno são incapazes de interagir socialmente, possuem um padrão de comportamento restrito e repetitivo e têm dificuldade com a linguagem comunicacional e interação de jogos simbólicos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse transtorno se refere a várias condições que são caracterizadas por algum grau de comprometimento na comunicação, linguagem e comportamento social. Os sinais do autismo podem ser percebidos ainda na infância e, normalmente, continuam na adolescência e vida adulta das pessoas que o têm.
Contudo, existem pessoas que são diagnosticadas somente na fase adulta. Esse foi o caso da atriz Letícia Sabatella, que contou no podcast Papagaio Falante que foi diagnosticada com o transtorno do espectro autista, ou TEA, aos 52 anos.
“Ainda é um pouco antecipação eu falar, mas descobri com investigação de uma psiquiatra e neurologista que estou dentro do transtorno do espectro autista, num grau leve, chamado de Asperger, que é ativa e passiva nesse tempo”, disse.
Durante muitos anos, a síndrome de Asperger foi o nome dado ao grau mais leve de autismo. Era um quadro considerado menos grave, com uma pequena necessidade de suporte e normalmente era acompanhado de um QI alto ou habilidades intelectuais altas. Esse nome foi dado em 1944 pelo pediatra Hans Asperger.
Contudo, desde que os manuais clínicos DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e CID (Classificação Internacional de Doenças) foram atualizados, há aproximadamente uma década, Asperger e outras terminologias usadas para descrever o espectro do autismo deixaram ou estão no processo de serem deixadas de serem usadas.
Isso aconteceu porque, conforme o estudo a respeito do autismo foi avançando, foi ficando claro que tudo é uma coisa só, o que quer dizer que mesmo tendo classificações diferentes, as pessoas tinham características parecidas, mas com graus de comprometimentos diferentes.
O que mudou?
Antes dos manuais clínicos serem atualizados, o espectro autista teve vários nomes, como transtorno autista, autismo atípico, transtorno global de desenvolvimento, e vários outros.
Contudo, na verdade todos eles descreviam a mesma coisa: um transtorno do neurodesenvolvimento que é visto em uma pessoa desde pequena e é levado por toda a vida.
Independentemente do quadro, eles têm características marcantes em comum, como por exemplo, a dificuldade de relacionamentos, dificuldade ou atraso na fala e interesses, e comportamentos repetitivos ou restritivos.
O que diferencia é o grau de comprometimento de cada pessoa. Algumas têm dificuldades discretas e, em determinados casos, as pessoas podiam ser consideradas gênias. Enquanto isso, outras têm um grau de comprometimento bem alto e precisam de ajuda para fazer coisas básicas, como comer e tomar banho.
Com essa percepção, os manuaisSM-5 (de 2013) e CID-11 (de 2022) unificaram os sintomas atribuídos ao autismo em um único nome: o transtorno do espectro autista, ou simplesmente TEA.
Mesmo que seja considerado mais amplo, hoje em dia o espectro do autismo é visto como uma evolução no diagnóstico. Isso porque é possível estabelecer um conjunto de sintomas e sinais que podem se manifestar de maneiras diferentes e em graus variados.
Justamente por isso que, na visão de alguns especialistas, o número de diagnósticos aumentou. E além da mudança do nome, os manuais também trouxeram uma escala de avaliação nova baseada no nível de dependência de cada pessoa. Agora ficou assim:
Nível 1 – conhecido popularmente como “leve”, é quando a pessoa precisa de pouco suporte de outro adulto para fazer suas tarefas.
Nível 2 – o “moderado” é o grau de suporte razoável. Nesse nível é possível ver dificuldades maiores na comunicação e uma necessidade maior de terapia para que as limitações sejam superadas.
Nível 3 – conhecido como autismo severo, é quando a pessoa precisa de muito suporte de outro adulto e dificilmente irá conseguir ser independente.
Importância disso
Na visão dos especialistas, essa mudança na nomenclatura é importante porque ajuda a encaixar mais pessoas no diagnóstico do espectro. Até porque, com as novas definições, elas entendem o autismo como uma coisa plural, com possibilidades diferentes de acometimento e funcionalidade e com considerações particulares para cada pessoa.
Isso é essencial tanto para que crianças possam receber cuidados mais direcionados de forma precoce, como para os adultos, que podem fazer parte de um grupo e finalmente nomear aquilo que fazia com que eles fossem diferentes.
Fonte: VivaBem
Imagens: Kelly Silva, Prefeitura de Urupês
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