Notícias

Nike é acusada de intolerância religiosa ao vetar ‘Ogum’ e ‘Exu’ e permitir ‘Cristo’ na camisa da seleção brasileira

0

Com o lançamento das camisas oficiais da Seleção Brasileira na semana passada, a Nike chamou bastante atenção. Além da estampa inovadora de onça, que foi um ponto interessante para diversas pessoas que decidiram fazer seus pedidos, alguns notaram que haviam nomes que foram proibidos na personalização. Enquanto “Cristo” poderia ser escolhido, nomes como “Ogum” e “Exu” foram vetados, levantando a discussão sobre intolerância religiosa.

As camisas foram lançadas para a Copa do Mundo, que ocorrerá no Catar em novembro. Assim, quem quiser adquirir o manto oficial com um nome personalizados precisa seguir as regras que a Nike estabeleceu.

Intolerância religosa

Entre os termos proibidos, a Nike escolheu “Bolsonaro”, “Lula”, “Mito” e “Comunista”. Isso porque se referem às questões políticas do Brasil que podem ser pontos de tensão. Porém, a polêmica em relação às regras está ligada à acusação de intolerância religiosa.

No site da empresa, nomes como “Ogum” e “Exu”, de religiões de matriz africana, foram proibidos. Já camisas personalizadas com “Jesus” ou “Cristo” foram permitidas pela fabricante de materiais esportivos.

O podcast “Com Todo Respeito” contou com a participação de pessoas que tentaram realizar diversos tipos de personalizações. Assim, descobriram que termos religiosos de matriz africana foram vetados pela Nike, assim como “Maomé”, um nome comum, mas ligado ao Islã.

Por meio de uma nota, a empresa afirmou que “não permite customizações com palavras que possam conter qualquer cunho religioso, político, racista ou mesmo palavrões.” Assim, a Nike afirma que o sistema de personalizações segue sendo atualizado.

A camisa oficial da Selecção Brasileira que será usada durante a Copa do Mundo custa R$ 349. Além da problemática da personalização, o alto valor foi motivo de críticas, considerando que esse preço está fora do poder de compra da maior parte dos brasileiros.

Racismo religioso

Alerj/Agência Senado

A intolerância religiosa é o ato de discriminar, ofender e rechaçar religiões, liturgias e cultos ou então de agredir pessoas por conta de suas crenças. Sendo assim, no Brasil, apesar de ser um estado laico, a intolerância religosa se manifesta constantemente em diversas esferas.

No Brasil, o problema está relacionado majoritariamente ao racismo, visto que a intolerância religiosa é praticada, em maior escala, contra os adeptos das religiões de matriz africana. Portanto, nesse caso, a intolerência surge da vontade de anular as influências dos povos originários da África.

De acordo com o antigo Ministério dos Direitos Humanos, dados levantados entre 2015 e 2017 apontam que houve uma denúncia de intolerância religiosa a cada 15 horas no Brasil. Segundo as estatísticas, 25% dos agressores são identificados como brancos e 9% dos casos dizem respeito a atos praticados no ambiente doméstico.

Já a maior parte das vítimas de intolerância é composta por adeptos de religiões de matriz africana. Os católicos, que representam 64,4% dos brasileiros, registram 1,8% das denúncias de intolerância. Os protestantes (22,2% da população) registram 3,8% das denúncias. Ao mesmo tempo, os adeptos de religiões de matriz africana (candomblé, umbanda e outras denominações), que, juntos, representam 1,6% da população brasileira, representam cerca de 25% das denúncias de crimes de ódio e intolerância religiosa.

Subnotificação

No entanto, “sempre há mais casos do que os relatados”, explica Fabiano de Souza Lima, coordenador-geral do Disque 100. “A subnotificação é alta, considerando o cenário nacional”, diz. “Algumas pessoas não querem se envolver e preferem permanecer no anonimato a denunciar.” O Dique 100 é o canal que reúne as denúncias.

Cláudio Bertolli Filho, antropólogo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), diz que a intolerância é resultado da “dificuldade de conviver com a diversidade”. “A forma viável de as religiões conviverem pacificamente é todas elas assumirem que não existe religião verdadeira ou religião falsa.”

Legislação

O Brasil respeita, enquanto Estado Nacional, as predisposições estabelecidas na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 também assegura a igualdade religiosa e reforça a laicidade do Estado brasileiro.

Fonte: Hypeness

Coloração pessoal: saiba como usar as cores ao seu favor

Artigo anterior

Khaby Lame, pessoa mais seguida no TikTok, torna-se italiano aos 22

Próximo artigo

Comentários

Comentários não permitido